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Pisar o risco
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Pisar o risco
António Costa confessou numa entrevista recente ao Expresso que, na condução política, o Governo tem andado de risco em risco.
Será que chegou a hora, à esquerda, à direita ou ao centro de o obrigarem a correr ainda mais riscos? Estará o país preparado para viver assim? Terão os investidores internacionais disponibilidade para nos aceitar?
A negociação do Orçamento com Bruxelas é um exemplo de que o novo Governo quis ir mais longe e decidiu “pisar o risco”.
Foi um primeiro embate, uma espécie de teste à solidez das políticas dos eurocratas. O Governo conseguiu o mal menor, foi obrigado a rever as metas a atingir, mas conseguiu matar a palavra austeridade. Aparentemente correu bem.
Ao mesmo tempo vieram as reversões nos transportes. Anulados os concursos de concessão, foi dada ordem para avançar rapidamente a “municipalização” do setor. Os interessados internacionais lamentam o tempo perdido, o dinheiro já investido e preparam retaliações. Os municípios multicolores parecem agradados com a decisão. Ninguém sabe bem como isto irá correr nem quanto irá custar. Aparentemente correu bem.
A recuperação da maioria na TAP era bandeira eleitoral e contava com a firme oposição dos novos donos. Nem a maioria reconquistada foi a desejada nem a firmeza dos acionistas privados foi a prometida. Mas lá chegaram a acordo. O Estado volta a ter “controlo estratégico”, mas quem manda são os privados. Aparentemente correu bem.
A subida do salário mínimo era outra premissa da vontade de mudar a página da austeridade. Ao lado dos sindicatos e contra o patronato foi imposto um novo valor. E lá se calaram os empresários com a promessa de redução da TSU para os vencimentos mais baixos. O salário mínimo aumentou de imediato por decreto do Governo. Infelizmente, ainda não será este ano que a TSU irá baixar. A negociação com Bruxelas não o permitiu. Aparentemente correu bem.
A “guerra das 35 horas” iria ser vencida de imediato. O imediato passou para julho e afinal o impacto orçamental terá de ser nulo. A despesa com pessoal não poderá subir. Na Saúde, entre outros exemplos, este milagre será difícil de conseguir. Mas a decisão está tomada. Aparentemente correu bem.
O Orçamento para 2016 permitiria reduzir a carga fiscal e apostar de forma decidida no crescimento. Depois de centenas de comentários e de dezenas de páginas de correções ao texto inicial, o esforço fiscal ficou igual. A injustiça fiscal não foi removida, foi apenas melhor distribuída. Podia ser pior. Aparentemente correu bem.
Esta postura de apostar tudo na alteração de cenário sem conseguir que a realidade mude efetivamente tem, ela própria, um enorme risco. Apesar de aparentemente tudo correr bem, verdadeiramente nada muda. Perante isto, mais tarde ou mais cedo, os alicerces em que assenta a “geringonça”, na linguagem da oposição, irão exigir resultados e, perante o avolumar da insatisfação geral com promessas não cumpridas, também eles serão tentados a “pisar o risco” e a tornar a vida do primeiro-ministro num inferno. E se o centro e a direita fizerem o que lhes compete e começarem também eles a “pisar o risco”, apresentando propostas com sabor popular e obrigando o Partido Socialista a cumprir o seu programa eleitoral, então teremos oportunidade de ver um primeiro-ministro em apuros.
A menos que todos percebam que a viabilidade de Portugal passa, no imediato, por estabelecer consensos alargados nas matérias que verdadeiramente importam e que sem eles não haverá crescimento da riqueza nem uma mais justa distribuição.
00:05 h
António Moita
Económico
Será que chegou a hora, à esquerda, à direita ou ao centro de o obrigarem a correr ainda mais riscos? Estará o país preparado para viver assim? Terão os investidores internacionais disponibilidade para nos aceitar?
A negociação do Orçamento com Bruxelas é um exemplo de que o novo Governo quis ir mais longe e decidiu “pisar o risco”.
Foi um primeiro embate, uma espécie de teste à solidez das políticas dos eurocratas. O Governo conseguiu o mal menor, foi obrigado a rever as metas a atingir, mas conseguiu matar a palavra austeridade. Aparentemente correu bem.
Ao mesmo tempo vieram as reversões nos transportes. Anulados os concursos de concessão, foi dada ordem para avançar rapidamente a “municipalização” do setor. Os interessados internacionais lamentam o tempo perdido, o dinheiro já investido e preparam retaliações. Os municípios multicolores parecem agradados com a decisão. Ninguém sabe bem como isto irá correr nem quanto irá custar. Aparentemente correu bem.
A recuperação da maioria na TAP era bandeira eleitoral e contava com a firme oposição dos novos donos. Nem a maioria reconquistada foi a desejada nem a firmeza dos acionistas privados foi a prometida. Mas lá chegaram a acordo. O Estado volta a ter “controlo estratégico”, mas quem manda são os privados. Aparentemente correu bem.
A subida do salário mínimo era outra premissa da vontade de mudar a página da austeridade. Ao lado dos sindicatos e contra o patronato foi imposto um novo valor. E lá se calaram os empresários com a promessa de redução da TSU para os vencimentos mais baixos. O salário mínimo aumentou de imediato por decreto do Governo. Infelizmente, ainda não será este ano que a TSU irá baixar. A negociação com Bruxelas não o permitiu. Aparentemente correu bem.
A “guerra das 35 horas” iria ser vencida de imediato. O imediato passou para julho e afinal o impacto orçamental terá de ser nulo. A despesa com pessoal não poderá subir. Na Saúde, entre outros exemplos, este milagre será difícil de conseguir. Mas a decisão está tomada. Aparentemente correu bem.
O Orçamento para 2016 permitiria reduzir a carga fiscal e apostar de forma decidida no crescimento. Depois de centenas de comentários e de dezenas de páginas de correções ao texto inicial, o esforço fiscal ficou igual. A injustiça fiscal não foi removida, foi apenas melhor distribuída. Podia ser pior. Aparentemente correu bem.
Esta postura de apostar tudo na alteração de cenário sem conseguir que a realidade mude efetivamente tem, ela própria, um enorme risco. Apesar de aparentemente tudo correr bem, verdadeiramente nada muda. Perante isto, mais tarde ou mais cedo, os alicerces em que assenta a “geringonça”, na linguagem da oposição, irão exigir resultados e, perante o avolumar da insatisfação geral com promessas não cumpridas, também eles serão tentados a “pisar o risco” e a tornar a vida do primeiro-ministro num inferno. E se o centro e a direita fizerem o que lhes compete e começarem também eles a “pisar o risco”, apresentando propostas com sabor popular e obrigando o Partido Socialista a cumprir o seu programa eleitoral, então teremos oportunidade de ver um primeiro-ministro em apuros.
A menos que todos percebam que a viabilidade de Portugal passa, no imediato, por estabelecer consensos alargados nas matérias que verdadeiramente importam e que sem eles não haverá crescimento da riqueza nem uma mais justa distribuição.
00:05 h
António Moita
Económico
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