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“A Liberdade desceu à rua”
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“A Liberdade desceu à rua”
E depois, o que fizemos com essa liberdade que “caiu” nas nossas mãos e nas nossas vidas?
Mais uma vez, ano após ano, celebramos, recordamos e (re)vivemos o espontâneo grito unânime de «Liberdade!» que, longamente reprimido e abafado, se soltou de repente no dia 25 de Abril de 1974, sobressaltando os corações e os “espíritos” e acordando-os de um sono letárgico de meio século. Nesse dia, prenúncio de muitos outros, a liberdade, nessa frágil e inocente unanimidade, desceu às ruas, tornou-se nossa companheira e fez-se, tantas vezes de modo confuso e inesperado, abraço, palavra, encontro, pertença, participação, lealdade, comum identidade.
Nesse dia, onde o sentido de pertença a uma comunidade que quer construir e viver a democracia foi capaz de ultrapassar o egoísmo entrincheirado das convicções e interesses, a liberdade saiu vitoriosa e verdadeiramente “emergimos da noite e do silêncio” (Sophia de Mello Breyner Andresen). Essa pertença vai transformar o eu, as minhas dúvidas, os meus problemas, as minhas certezas em nós, e as dúvidas são mais abrangentes, os problemas mais globais, e as certezas tornam-se uma construção comunitária e coletiva que nos enquadra, responsabiliza e representa.
Assim foi com esse dia, a liberdade foi democratizada, e todas as pessoas, enquanto cidadãos, podem livre e responsavelmente intervir na organização e nas atividades da chamada “vida pública” e escolher um caminho de realização pessoal que traduz cada vez mais o valor da qualidade de vida, do respeito por si próprio, do respeito pelo outro e pela natureza. Esta presença transbordante e “revolucionária” da liberdade no quotidiano da vida foi sendo assumida como um modo de vida nas suas dimensões sociais, éticas e culturais, capaz de responder às transformações e aos desafios da realidade dos nossos dias.
E depois, o que fizemos com essa liberdade que “caiu” nas nossas mãos e nas nossas vidas? O que resta desse dia? O que se fez com esse ideal, concretizado pela determinação de tantos homens? Ora, mais tarde ou mais cedo, se esse ideal sonhado, que mobiliza toda essa energia e cria tanta esperança, não é permanentemente “alimentado”, facilmente se recolhe a um lugar inacessível no coração de cada um e morre sufocado sob o peso da burocracia institucional.
A este propósito, não podemos permitir que desse dia reste apenas memórias de uma canção (Grândola Vila Morena), nomes e relatos impessoais, nem que se aceite passivamente um “destino” marcado inevitavelmente pela mediocridade, pelo medo, pela resignação e pela desesperança. É necessário, por isso, promover uma educação para a liberdade, para os direitos humanos, para a cidadania, o que implica um processo de capacitação de todos para entender a democracia como a pertença consciente a um espaço comum (a uma respublica) e para desenvolver um conjunto de princípios e de atitudes (respeito, tolerância, participação, espírito de equipa, responsabilidade) que permitam a participação plena e ativa em todas as áreas da sociedade humana. Num mundo cada vez mais globalizado, educar para esta “cidadania de liberdade” implica fomentar o espírito de solidariedade, assente no respeito pela identidade e diversidade cultural e na consciência de que, sem esta educação, é a próprio democracia que pode estar em causa.
Marco Gomes
Diário de Notícias da Madeira
Domingo, 24 de Abril de 2016
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