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A NECESSÁRIA MUTAÇÃO DO PODER LOCAL
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A NECESSÁRIA MUTAÇÃO DO PODER LOCAL
Longe vão os tempos da compartilha de estórias, sim, reforço o arcaísmo, sem a consoante h, para que possa remeter a narrativa para um longínquo e distante contexto do Portugal económico e social.
Era eu um miúdo, atento ao detalhe de cada memória avivada, ainda assim mais ansioso pelo som do forno prestes a “cuspir” as bolachas para o lanche, quando essas estórias entoadas por avó e avô expunham aquilo que eram as dificuldades sentidas no dia a dia do seu passado remoto.
Dificuldades de ordem sociológica, económica, mas que se mantinham, imutáveis, sob um manifesto controlo pela dificuldade de qualquer tipo de discussão pública sobre: - Como vamos melhorar isto?
Mas existia uma particularidade, não obstante todo o protecionismo, retardamento politico ou mesmo insuficientes garantias sociais. Havia uma inegável dignidade naquela pompa descritiva, de orgulho no espaço português, do equilíbrio regional que seria a pressuposta alavanca para o desenvolvimento nacional.
Tentando ir mais além do que replicar aquela informação que todos os indivíduos, do interior português, já trazem quase de forma inata no dicionário de algibeira, isto é, conceitos como a desertificação, o êxodo rural, o despovoamento ou mesmo a litoralização do país, pretendo incitar e apelar a uma nova forma de perspetivar o poder local e o papel das autarquias municipais.
Nem todos estão sequiosos de abandonar o interior, nomeadamente o território Alentejano, e falo com justa causa, porque se por um lado o projeto Europeu nos permitiu conhecer o “antigo continente” sem fronteiras, com inesgotável mobilidade e oportunidades, nada me faz bater o coração de forma mais rápida que os nossos campos, gentes, gastronomia e vinhos.
Acelerar a associação e cooperação entre o poder local e agentes externos é então, para mim, um dos instrumentos de intervenção indispensáveis e com maior capacidade de transformação económica e social na nossa região.
É bem verdade que se exige um aperfeiçoamento na conceção de politicas, programas e projetos específicos e especializados a nível regional, mas é precisamente nestes aspetos que, em minha opinião, os representantes autárquicos se devem alhear da vida meramente administrativa a que muitos se habituaram e transformar a sua agenda numa missão diplomática para promover a sua “marca”, a sua região, o valor agregado e a própria identidade do Alentejo.
Chamada de atenção final, para esta nova estirpe de embaixadores, de flexíveis agentes comerciais a nível regional numa economia global. Imponham uma visão de longo prazo ao vosso dispor no que respeita às vantagens competitivas e respetiva afetação dos recursos disponíveis do território para que a construção de uma solução sustentável do ponto de vista estratégico seja alcançada. Ressalvo, para terminar com empolgação, o setor do Turismo, mas isso já será um novo tema para uma nova rúbrica.
João Fortes
Nota Biográfica do autor: Natural de Évora e licenciado pela Universidade de Évora em Turismo e Desenvolvimento, é estudante de Mestrado em Economia e Gestão Aplicadas ao Agro-Negócio. Ativista político e associativo, foi membro da AEUE e coordenador do sector de Apoio aos Núcleos da mesma.
30 Abril 2016 10:46
Tribuna Alentejo.pt
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