Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 43 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 43 visitantes Nenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
A estrada da Beira e a beira da estrada
Página 1 de 1
A estrada da Beira e a beira da estrada
Foi em 2012. José Policarpo, então cardeal-patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, dizia que as manifestações contra as políticas de austeridade impostas pelo programa de ajustamento representavam "corrosão da harmonia democrática" e defendia que não deve ser a rua a determinar como se deve governar. Os anos passaram, quase quatro, e a Igreja parece pensar de maneira diferente. Ontem, a Igreja juntou-se à rua e os bispos portugueses apoiaram pública e explicitamente a manifestação dos colégios particulares e deram caução à narrativa de que a decisão de cortar nos contratos de associação, supletivos por definição, é uma ameaça à liberdade de escolha. A esta posição do clero não é seguramente alheio o facto de algumas destas escolas privadas serem propriedade da Igreja Católica. Ou seja, em verdade vos digo que há aqui dois pesos e duas medidas. Isto é, enquanto o desemprego crescia e as empresas faliam, a Igreja, em vez de se juntar ao povo, rezava pelos desgraçados e fazia caridade. Mas quando as opções políticas atingem os seus interesses particulares, aí a oração não basta. No mar amarelo que desaguou junto ao Parlamento ouviram-se coisas como "pago impostos, tenho direito a escolher a escola e o sistema de ensino". Nada mais falso. Os impostos que todos pagamos servem, entre outras coisas, para financiar pilares fundamentais do Estado e da democracia, consagrados aliás na Constituição, como são um ensino público e um Serviço Nacional de Saúde que tratem todos por igual e que não deixem ninguém pelo caminho. Ou seja, ao contrário do que se apregoa, a liberdade de escolha é inatacável e não está ameaçada. Quem quiser ter os filhos numa escola pública e gratuita, faça o favor. Quem preferir o ensino particular, é livre de o fazer desde que pague. O que não tem qualquer sentido é pretender que seja o Estado a financiar a iniciativa privada, sobretudo quando a oferta pública existe e tem qualidade. Confundir deliberadamente isto com liberdade de escolha é misturar a estrada da Beira com a beira da estrada. E, já agora, a preocupação de todos, da esquerda à direita, deveria ser a defesa de um ensino público de qualidade, ponto. Mas como ontem também ouvimos na Rua de São Bento, isso é coisa dos malandros CGTP. Em matéria de sectarismo estamos, pois, conversados.
Editorial
30 DE MAIO DE 2016
00:01
Nuno Saraiva
Diário de Notícias
Editorial
30 DE MAIO DE 2016
00:01
Nuno Saraiva
Diário de Notícias
Tópicos semelhantes
» À beira da Estrada da Beira
» Linha da Beira Alta ainda encerrada
» À beira de uma revolução da inteligência artificial
» Linha da Beira Alta ainda encerrada
» À beira de uma revolução da inteligência artificial
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
|
|
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin