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Machico: Porque a memória é curta
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Machico: Porque a memória é curta
À medida que as populações se desenvolvem, há a tendência para esquecer o que se fez no passado, como se fez e porque se fez. Em Machico, terra fértil a todos os níveis, o esquecimento intencional continua a grassar em alguns sectores do concelho. Muitos dos episódios que marcaram a nossa terra nos primórdios da Autonomia estão registados no espólio da publicação, entretanto extinta, do Jornal O Nosso. Nos finais da década de 70 inícios de 80, as lutas partidárias e autonómicas marcavam a vida dos machiquenses.
Na altura, os protagonistas destas acesas dinâmicas foram educados no primeiro colégio misto que existiu fora do Funchal, o Externato Tristão Vaz Teixeira. Dali saiu uma considerável fornada de doutores, padres, enfermeiros, médicos, funcionários administrativos, professores, entre tantas outras profissões. Também eram muitos os alunos de outros concelhos que faziam questão de receber educação neste prestigiado colégio, fundado em 1965 pelos doutores Ariete e Emídio Queiróz Lopes. Anos depois, o Externato deu origem à actual Escola Secundária de Machico. Para honrar a importância histórica deste Colégio no desenvolvimento educativo e social da Madeira, foi criado um movimento com 450 subscritores para acrescentar à Secundária de Machico o nome dos seus fundadores. Uma petição já entregue à Presidência do Governo Regional.
Continuando a avivar memórias, sinto-me na obrigação de lembrar a origem da Semana Gastronómica de Machico, um evento criado há 31 anos e que hoje faz parte de um dos mais importantes cartazes madeirenses que acabou por ser replicado noutras paragens. E porque é importante reconhecer os grandes contribuintes para o desenvolvimento da gastronomia regional, seria de justa homenagem lembrar o papel fundamental do Filipe Gouveia, o primeiro empresário de restauração do concelho de Machico quando há 51 anos lançou-se nesta área ao abrir o Bar Central, mesmo no centro de Machico. Também seria justo homenagear todos aqueles que estiveram presentes com os seus negócios na primeira feira.
O Mercado Quinhentista é outro dos eventos que ganhou notoriedade, uma ideia do presidente de Santa Maria da Feira em parceria com a hoje assassinada Associação Comercial e Industrial de Machico. “Reconhecer, Analisar e Agir” era este o nome do projecto internacional que deu origem ao Mercado Quinhentista, uma ideia que a autarquia de Machico não hesitou em acolher de braços abertos, financiando, promovendo e incentivando os recursos humanos da escola secundária. Hoje em dia, muitos até podem pensar que a ideia foi José ou da Maria, mas a César o que é de César. Felizmente, alunos, professores e comunidade souberam envolver-se com paixão e trabalho, fazendo crescer este projecto lindíssimo.
E porque a herança cultural de Machico é enorme, há que respeitar os grandes nomes da terra. O nome do poeta Francisco Álvares de Nóbrega foi atribuído à Feira do Livro que no mês de Junho assinala a sua sétima edição, num evento a decorrer no Solar do Ribeirinho. Outro dos edifícios que faze parte da História do nosso concelho e cujo proprietário tem sido negligenciado pela memória colectiva: Carlos Cristóvão. Também ele merecia uma homenagem pública!
Zita Cardoso
Diário de Notícias da Madeira
Quarta, 1 de Junho de 2016
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