Encontros com as pessoas

A política só faz sentido se for exercida para resolver os problemas dos cidadãos. Acredito, por isso, que todos aqueles que exercem cargos políticos deveriam passar pela experiência do poder local, por ser justamente aquele que mais próximo está das pessoas e onde melhor se pode cumprir a missão da política. Esta natureza de proximidade é fundamental para tomar consciência, por parte de quem tem de tomar decisões, da importância do conhecimento da realidade, dos problemas e necessidades da comunidade e da vida quotidiana das pessoas, muitas vezes ignorada e desprezada. 

Esta facilidade no acesso a quem exerce o poder possibilita uma política efetiva de ajuda, um maior envolvimento dos cidadãos e uma mais eficaz intervenção na melhoria da qualidade de vida de todos. Curiosamente, foi o poder que à partida estaria mais distante dos cidadãos a ter a perceção desta necessidade de proximidade, pela mão do então Presidente da República, Mário Soares, que com as suas Presidências Abertas pretendeu auscultar as populações de cada região. Também Marcelo Rebelo de Sousa aposta neste modelo, com o seu “Portugal Próximo”, apostando em estar próximo das pessoas.

Neste sentido, e apesar de como autarca receber e falar diariamente com os munícipes, importava, na fase do mandato em que nos encontramos, adotar uma organização que permitisse sistematizar aquilo que é uma atividade diária de proximidade com os cidadãos. Assim, inicio neste mês de Junho as Presidências Abertas do Funchal, denominadas de “Encontros Com As Pessoas”, percorrendo em cada mês uma freguesia do concelho para ouvir diretamente os problemas em todas as localidades, dialogar com os munícipes, informar sobre o trabalho desenvolvido pelo Executivo Camarário e apresentar publicamente as múltiplas obras previstas iniciar e concluir em todas as freguesias. 

Serão apresentados investimentos a realizar principalmente nas zonas altas, em bairros sociais, na rede de águas residuais e saneamentos, na rede viária e pedonal, na reabilitação urbana, na melhoria de acessibilidades e em novas infraestruturas municipais, em investimento nas Escolas do 1º ciclo, em projetos de turismo e cultura, bem como em projetos candidatados a fundos comunitários.

Cada freguesia terá um tema de trabalho, à volta do qual se realizarão todas as iniciativas, que para além dos balanços ao trabalho desenvolvido e anúncio de investimentos, passarão por reuniões com as Juntas de Freguesia, as forças vivas das freguesias, a sociedade civil, associações, clubes, casas do povo e centros comunitários. O objetivo é chegar ao maior número de pessoas possível, debatendo as políticas de desenvolvimento locais e a forma como todos poderão trabalhar conjuntamente de forma mais eficaz com a autarquia e outras instituições públicas.

Mas não pretendo somente abordar os problemas ou apresentar investimentos. As nossas Freguesias têm uma série de mais-valias e um potencial, seja ao nível económico, desportivo, cultural ou simplesmente paisagístico que importa destacar, bem como dar a conhecer a capacidade empreendedora dos residentes e apontar bons exemplos.

Estes “Encontros Com As Pessoas”, iniciados neste mês de Junho, têm como ponto de partida Santo António, sendo o tema desta populosa e tradicional freguesia “Identidade e Qualidade de Vida”. Sendo a freguesia na qual a minha família tem as suas raízes, é com particular interesse que irei calcorrear os caminhos de Santo António, freguesia que cresceu muito nas últimas décadas, alargando a sua área urbana, e que se defronta com diversos problemas, especialmente nas zonas altas, aos quais estamos muito atentos e que queremos resolver.

Deste modo, posso já elencar uma série de obras na freguesia de Santo António, divididas em diversas áreas. No campo de águas e saneamento: ligação da rede de esgotos na Rua do Pimenta, Vereda do Granel e Beco do Gafana (custo estimado: 200.000 euros); ligação da rede de esgotos no Curral Velho (custo estimado: 100.000 euros); canalização do Ribeiro Choco (custo estimado: 250.000 euros). Na rede viária: nova acessibilidade à Vereda da Freirinha (custo estimado: 400.000 euros); prolongamento da Vereda do Boliqueime (custo estimado: 400.000 euros); alargamento da Entrada 68 do Caminho do Trapiche (custo estimado: 180.000 euros); alargamento do Caminho da Terra Chã (custo estimado: 50.000 euros); alargamento parcial do Caminho do Corgo (custo estimado: 35.000 euros); pavimentação do Caminho da Barreira (custo estimado: 80.000 euros); pavimentação do Caminho do Trapiche (custo estimado: 60.000 euros); pavimentação do Caminho do Curral velho (custo estimado: 30.000 euros); pavimentação do Caminho do Lombo dos Aguiares (custo estimado: 80.000 euros); pavimentação do Caminho dos Três Paus / Viana (custo estimado: 30.000 euros).

É com base neste conhecimento profundo do Funchal, e na respetiva priorização de investimentos, que vamos iniciar estes “Encontros”, determinados em melhorar a qualidade de vida de quem aqui vive, trabalha ou, simplesmente, está de visita.

Paulo Cafôfo Presidente da CMF
Diário de Notícias da Madeira 
Quinta, 2 de Junho de 2016