Um Obrigado e um Desafio

Conhecia-o há muito quando, circunstâncias de ordem diversa, nos colocaram a trabalhar lado a lado. Neste contexto, e mau grado parecer que as áreas que tutelávamos se assemelhavam a  “água e azeite”, raras eram as ocasiões em que não debatíamos os temas que nos preocupavam, ou sobre os quais desejávamos agir ou intervir. Nem sempre com a mesma perspectiva ou opinião, como é de calcular. Aqui e além, discutindo mesmo, consideradas as diferentes premissas de partida (ou de processo). Nele me habituei a perceber, fundamentalmente, um estratega. Mas também, porque voluntarioso, um operacional, num casamento que é, muitas vezes, raro. E perseverante, com tudo quanto o conceito possa ter de óptimo ou de menos bom. Inovador, criativo e empreendedor, sempre. Também por isso ....polémico. Mas quem o não é quando se coloca em causa o modo e a forma como sempre se fez. Noutro plano, e porque o contacto profissional, quase diário durante cerca de uma década, acentuou a ligação pessoal, conheci a sua faceta de pai e de avô. Com a sensibilidade que, no plano sócio-profissional, não era tão percebida mas que, “das paredes de casa para dentro”, se evidenciava, revelando ser a sua preocupação maior e motivo mesmo de algumas preocupações, similares às de todos os pais e avós deste planeta. Nos últimos anos, lutou denodadamente contra a doença. Mostrando-lhe, no que era a sua imagem de marca, que ela tinha, ali, uma adversário de peso e que a luta entre ambos seria titânica. Neste especial, como outros que conheci e mais chegados até, foi mais um exemplo. Por isso estas palavras, hoje. De agradecimento, Zé ! Profundo. Pelas convergências e pelas divergências, mas acima de tudo pelo respeito (que sei) mútuo. Certo de que o teu espírito, fundamentalmente inquieto, vai agora, “Rest in Peace. So long Old Chap!”

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Relativamente à proposta, é curta e simples ! Por circunstâncias de ordem académica, tenho vindo a centrar parte do meu tempo no estudo da História da Madeira. E se já conhecia muito do trabalho do Doutor Paulo Miguel Rodrigues, o seu recente livro / colectânea “O Século XIX na Madeira – Política, Economia e Migração”, pela dimensão substantiva do mesmo e pelo que considero ser “um outro olhar”, diria mais sistematizado e despreconceituoso (como toda a ciência deve ser), sobre o que caracterizou aquele período ... despertou em mim a ideia de desafiar a Secretaria Regional de Educação a assumir este livro ou como Manual Escolar de Ciências Humanas e Sociais ou como de Leitura e Estudo “Recomendável” no  9º ano (nem que seja através da solução da Oferta Complementar com créditos a fixar). As perspectivas que abre sobre o que (e como) foi o nosso passado, e como podemos desenhar o nosso futuro a partir do que foram e são as nossas potencialidades, nomeadamente as decorrentes do nosso posicionamento geoestratégico e das ligações que o mesmo permite, são lições únicas sobre as quais qualquer estudante Madeirense da escolaridade obrigatória deve (mais do que conhecer) refletir, de modo a estar melhor apetrechado para poder contribuir para um outro e melhor futuro desta terra.

Francisco Santos
Diário de Notícias da Madeira 
Sexta, 3 de Junho de 2016