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Mensagem por Admin Sex Nov 27, 2015 12:07 pm

No auge do fluxo migratório dos anos 60, criou-se um hábito emigrante que perdura ainda hoje, sobretudo no interior do país: o regresso à terra Natal na altura das festas de verão.

Se são em honra do Santo Padroeiro ou simplesmente um hábito pagão, o certo é que qualquer “santa terrinha” festeja qualquer coisa, sobretudo nos meses de verão. Aquilo transformava qualquer pequena aldeia num festival de comes, bebes e diversão. Mas é sempre bom regressar, pós agitação, à normalidade.

Portugal passou pelo seu grandioso festival de incerteza política. Foi um frenesim! Em 51 dias as teses e contra teses. Um lado positivo de tanta excitação intelectual foi que a maioria dos portugueses deve ter consultado a sua Constituição ou, pelo menos, ouviu falar do sistema político que, afinal, existe entre nós. 

Pós tão prolongada inquietação que, a bem da estabilidade, já terminou, façam-se os balanços, recolham-se as sobras, escolha-se a próxima Comissão de Festas e planeie-se o festival seguinte.

Independentemente das opções políticas, a assunção de funções governativas não é uma tarefa fácil e nem todos estão dispostos a assumir uma abnegação perante o interesse e escrutínio público. Muito menos interesse terá assumir a frente de um governo que encontrou um Estado curvado perante uma intervenção externa. Passos Coelho e o seu governo quiseram converter esse país curvado num soberano Estado. Fizeram-no, com custo e erros, é certo. 

Mas cumpriram com a sua missão num panorama de instabilidade económica e social que António Costa não encontrará. E isso ficará inegavelmente marcado. 

O fato de o ponto de partida de Costa ser substancialmente diferente do de Passos Coelho, apenas traz mérito a Passos e uma responsabilidade acrescida a Costa. E o mérito de Passos, que por ora ainda não mereceu reconhecimento porque os portugueses ainda estão doloridos, será inversamente proporcional ao sucesso de Costa. 

E não é uma tarefa simples dar o que Costa prometeu sem retirar com outra mão.

O novo Governo terá o seu tempo: está agora no período de um natural benefício de dúvida, terá o tempo de estado de graça e o tempo de cair em desgraça. “Não há bem que sempre dure nem mal que nunca acabe”, seguindo uma senda popular tão usada ultimamente por António Costa e que assenta também a este novo, familiar e pouco paritário elenco governativo. 

O Parlamento retomará a sua atividade com as vicissitudes que criou. A coligação pré-eleitoral, que está ainda magoada com o recurso na secretaria do PS, tem agora de se rever internamente, analisando as mossas que todo este festival provocou no seio das suas bases de apoio. E, agora, tem de voltar ao jogo parlamentar, cada um por si e reencontrando-se com as essências que fundamentam cada partido.

Quanto aos partidos que não são do “Arco de Governação” e que agora são chamados a apoiar um Governo do PS, veremos a maturidade que relevam em matérias que, ideologicamente, não lhes são caras mas que, na prática, têm de ser implementadas. Que se saiba, Costa não leva consigo para São Bento um pote de ouro e Centeno não vai para o Terreiro do Paço achando que existe uma jazida de petróleo debaixo do seu gabinete. O mais certo é o PCP e o BE terem de rever prioridades porque o dinheiro, infelizmente, é um bem escasso e finito. Pelo menos enquanto persistir essa tal de União Económica e Monetária.

E, por fim, o Presidente da República. Cavaco Silva termina o mandato e deixa o presente nas mãos de quem vier. 

Notoriamente, o PS esteve-se nas tintas para este Presidente. Aliás, para quê, se é o próximo que interessa!

00:05 h
Mauro Xavier
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