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Apoiar sempre os portugueses? Depende! Empty Apoiar sempre os portugueses? Depende!

Mensagem por Admin Seg maio 19, 2014 1:49 pm

Apoiar sempre os portugueses? Depende! Rui%20S%C3%A1

A semana que passou foi marcada pela "saída" da troika - que, efetivamente, não saiu - e pela autêntica descida à terra da realidade económica, com a diminuição do já de si pífio crescimento económico do país e a descida das suas exportações que, pelos vistos, estão muito dependentes de duas únicas empresas, a GALP (e a sua refinaria de Sines) e a Autoeuropa, o que mostra bem a falta de sustentabilidade deste modelo.

Mas, a nível emocional, a semana foi marcada pela final da Liga Europa, com a presença, pela segunda vez consecutiva, do Benfica. 

E, mais uma vez, pelo debate sobre qual deve ser a posição dos portugueses quando uma equipa portuguesa compete internacionalmente. 

Foram fóruns radiofónicos, entrevistas nos santuários de diversos clubes, paixões argumentativas na net.

Sendo adepto benfiquista sou daqueles que vibro com as vitórias de outras equipas nacionais nas competições internacionais. 

Recordo, com particular gosto, a saída à Avenida dos Aliados na noite de 27 de maio de 1987, quando o Porto se sagrou Campeão Europeu pela primeira vez (atrasando uma colagem de cartazes da CDU, cujas cores eram azuis e brancas...), bem como o ambiente que se viveu na cidade quando o Porto e o Boavista alcançaram as meias-finais da Taça UEFA em 2002/2003, colocando a Invicta nas bocas do mundo.

Mas compreendo que o fervor clubista de alguns não os faça desejar a vitória de uma equipa portuguesa e que o assumam sem hipocrisia.

Enfim, estamos no mundo do futebol, que é o mundo das emoções, onde a irracionalidade, dos adeptos de todos os clubes, se sobrepõe, muitas vezes, à lucidez.

Não pude, no entanto, enquanto assistia a estes debates e episódios, deixar de fazer um paralelismo com alguns argumentos utilizados pelos defensores das candidaturas de portugueses a cargos internacionais. 

Em particular quando Durão Barroso se candidatou a presidente da Comissão Europeia, em 2004, onde juntou o aliciante do desafio pessoal à cobardia de abandonar a liderança de um Governo que só lhe causava dissabores e que tinha acabado de sofrer uma estrondosa derrota nas europeias de 2004. 

De alguém que, sem sentido de Estado, sobrepôs as suas ambições pessoais aos interesses do seu partido e aos interesses nacionais, abandonando o cargo de primeiro-ministro. 

O que demonstra que Paulo Rangel anda esquecido, quando diz que nunca umas eleições para o Parlamento Europeu causaram a queda de um Governo em Portugal: tal aconteceu em 2004, com a queda do Governo de Barroso, que deu origem ao Governo Santana Lopes, que caiu poucos meses depois!

Mas recordo que, na altura, aqueles que não defenderam a candidatura de Durão Barroso à Presidência da Comissão Europeia, como foi o meu caso, foram apelidados de "antipatrióticos", dado que "era o interesse do país que estava em causa" e que a importância de termos um português neste importante cargo "se deveria sobrepor às diferenças de opinião e de políticas". 

Neste caso, já não estamos no domínio das emoções, mas sim no da racionalidade. 

E se considerava que Durão Barroso, em Portugal, não defendia aquilo que acho serem os interesses do país (como o provavam as políticas do seu Governo), não podia defender que ele fosse para a Comissão Europeia, seguindo políticas com a mesma génese ideológica. 

E sabendo que, rapidamente, se adaptaria ao status que dos governantes da sua estirpe que esquecem as suas origens e passam a defender a "ordem" reinante. 

O papel da Comissão Europeia nesta crise mostra que, infelizmente, tinha razão.

Do mesmo modo, alguns, no Porto e no Norte, procuram defender o voto em Rangel ou em Assis, dois homens "de cá de cima". 

Partilhei, com os dois, a vida autárquica na cidade. 

Rangel, ao que dizem o ideólogo de Rio, passou pela Assembleia Municipal como um meteoro: pouco tempo e nitidamente achando-se um corpo estranho num palco demasiado próximo das pessoas que não estava à altura das suas ambições. 

Assis, na vereação, e tal como diz Manuel Pizarro, portou-se como um membro da ala mais à direita do PS, aprovando o plano de Rio para a demolição do Aleixo e a expulsão dos moradores, e dando o acordo de princípio à privatização do mercado do Bolhão. 

Por isso, apesar da semântica e das simulações de divergências "insanáveis", acabam Assis e Rangel por reconhecer que o futuro talvez passe por uma coligação entre o PSD e o PS!...

Por isso podem ser do Norte, mas o que conta não são as origens. 

São os percursos, as ideias e as práticas. 

E, nestas matérias, têm-se visto as consequências que as políticas dos seus partidos têm tido para o país e para o Norte.

É que futebol é futebol. 

E política, apesar de tudo, ainda é política!


00:00h - 19/05/2014
JN
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