Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 416 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 416 visitantes :: 2 motores de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
Consensos externos
Página 1 de 1
Consensos externos
Um dos consensos entre nós teoricamente mais estimado nas grandes questões de Estado prende-se com a política externa e de defesa. O Portugal democrático revelou que as opções centrais em matéria desse espetro de relações internacionais do país - Europa, lusofonia e diáspora, relação transatlântica e NATO - constituem um corpo de prioridades que colhe um apoio maioritário dentre as forças políticas com representação parlamentar.
Por alguns anos o CDS/PP "foi ali e já veio" em matéria de política europeia, flirtando o soberanismo. O PCP, herdeiro do alinhamento soviético, mantém o natural ódio de estimação à NATO, tendo-se aculturado criticamente à União Europeia, com a entrada no euro nunca devidamente digerida. O Bloco alimenta uma agenda de coloridas reticências, refletindo o que for popular e ecoe nos potenciais votantes, embora as mais das vezes acabe próximo das posições dos comunistas - com a relação com Angola como uma flagrante diferença.
Na prática, contudo, os grandes consensos revelam algumas falhas. Basta lembrar que, no tocante à política europeia, onde se porfiou por muito tempo para garantir uma forte atitude nacional comum, o último quinquénio fez emergir uma polémica governação que se furtou a todos os entendimentos que não significassem um mero "ámen" às suas muito discutíveis opções, aliás com a notória cumplicidade do chefe de Estado de então.
Um outro tempo houve também em que PSD/CDS não cuidaram em preservar a unidade de ação com os socialistas, numa vertente tão importante para Portugal como é a política transatlântica. Estou-me a referir à irresponsável colagem de Portugal, simbolizada pela organização da famigerada "cimeira da Lajes", àqueles países que, sem mandato internacional legitimador, decidiram em 2003, sob impulso americano, atacar o Iraque, lançando as sementes de toda a tragédia que desde então inflama o Médio Oriente, levando ao caos sem fim e à morte de centenas de milhares de pessoas.
Por estes dias, foi publicado em Londres o relatório Chilcot, que demonstra que a mentira das "armas de destruição maciça" foi utilizada, com total má-fé, pelo Governo de Tony Blair, para justificar a participação na agressão. Estranho muito não ver por cá questionado que foi precisamente com base nas mesmas "evidências" que o Governo PSD/CDS de então arrastou Portugal para essa vergonhosa opção seguidista com a administração Bush, rompendo sem o menor pudor o consenso intrapartidário, numa área tão importante para a imagem do país. No Reino Unido, Blair é hoje quase unanimemente condenado. E por cá? Será que toda a gente esqueceu já os nomes de quem, sobre o mesmo assunto, mentiu então descaradamente aos portugueses?
EMBAIXADOR
Francisco Seixas da Costa
Hoje às 00:00, atualizado às 00:17
Jornal de Notícias
Por alguns anos o CDS/PP "foi ali e já veio" em matéria de política europeia, flirtando o soberanismo. O PCP, herdeiro do alinhamento soviético, mantém o natural ódio de estimação à NATO, tendo-se aculturado criticamente à União Europeia, com a entrada no euro nunca devidamente digerida. O Bloco alimenta uma agenda de coloridas reticências, refletindo o que for popular e ecoe nos potenciais votantes, embora as mais das vezes acabe próximo das posições dos comunistas - com a relação com Angola como uma flagrante diferença.
Na prática, contudo, os grandes consensos revelam algumas falhas. Basta lembrar que, no tocante à política europeia, onde se porfiou por muito tempo para garantir uma forte atitude nacional comum, o último quinquénio fez emergir uma polémica governação que se furtou a todos os entendimentos que não significassem um mero "ámen" às suas muito discutíveis opções, aliás com a notória cumplicidade do chefe de Estado de então.
Um outro tempo houve também em que PSD/CDS não cuidaram em preservar a unidade de ação com os socialistas, numa vertente tão importante para Portugal como é a política transatlântica. Estou-me a referir à irresponsável colagem de Portugal, simbolizada pela organização da famigerada "cimeira da Lajes", àqueles países que, sem mandato internacional legitimador, decidiram em 2003, sob impulso americano, atacar o Iraque, lançando as sementes de toda a tragédia que desde então inflama o Médio Oriente, levando ao caos sem fim e à morte de centenas de milhares de pessoas.
Por estes dias, foi publicado em Londres o relatório Chilcot, que demonstra que a mentira das "armas de destruição maciça" foi utilizada, com total má-fé, pelo Governo de Tony Blair, para justificar a participação na agressão. Estranho muito não ver por cá questionado que foi precisamente com base nas mesmas "evidências" que o Governo PSD/CDS de então arrastou Portugal para essa vergonhosa opção seguidista com a administração Bush, rompendo sem o menor pudor o consenso intrapartidário, numa área tão importante para a imagem do país. No Reino Unido, Blair é hoje quase unanimemente condenado. E por cá? Será que toda a gente esqueceu já os nomes de quem, sobre o mesmo assunto, mentiu então descaradamente aos portugueses?
EMBAIXADOR
Francisco Seixas da Costa
Hoje às 00:00, atualizado às 00:17
Jornal de Notícias
Tópicos semelhantes
» Portugal viveu quase uma década com défices externos próximos de 10%
» O país dos consensos
» Hora de construir consensos
» O país dos consensos
» Hora de construir consensos
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin