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Hora de construir consensos
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Hora de construir consensos
Ao autor destas linhas coube a ingrata tarefa de escrever sobre as eleições antes de serem conhecidos os resultados finais da votação.
Implica correr o risco de imitar o monumental fiasco do jornal "Chicago Tribune", que a 3 de Novembro de 1948 colocou em manchete a frase "Dewey derrota Truman", ainda hoje recordada nas faculdades de jornalismo de todo o mundo. Independentemente do que digam as projecções à boca das urnas, a imagem de um Harry Truman sorridente, com o "Tribune" nas mãos, constitui uma séria advertência para o jornalista que arrisca escrever uma notícia horas antes que a mesma se concretize.
Ainda assim, tudo indica que a coligação PSD-CDS alcançou uma grande vitória eleitoral, apesar de perder a maioria absoluta e de ter mais de metade do eleitorado contra as suas políticas. Já o PS foi o grande derrotado, após uma campanha desastrosa, enquanto o Bloco de Esquerda e a CDU ganharam peso. Ao contrário do PS, que não conseguiu capitalizar a perda da maioria absoluta pela coligação de direita, os partidos da extrema-esquerda captaram os votos de protesto contra as políticas de austeridade.
Se se confirmar a inexistência de uma nova maioria absoluta PSD/CDS, o Presidente da República terá, como se esperava, um papel decisivo para que se encontre uma solução governativa estável. Por um lado, se a coligação PSD-CDS vencer as eleições sem obter a maioria no Parlamento, terá contra si uma maioria de esquerda com capacidade de inviabilizar uma governação estável. Mais, essa maioria parlamentar de esquerda, formada pelo PS, CDU e BE, terá legitimidade democrática para se negar a apoiar sem condições o programa de um governo minoritário PSD-CDS, porque fazer o contrário significaria trair os votos de mais de metade dos eleitores. O mesmo problema teria um governo minoritário do PS, encurralado entre a coligação de direita e a extrema-esquerda. Independentemente de quem for chamado a formar Governo, tudo indica que os nossos políticos terão de aprender a arte de construir consensos, respeitando a vontade dos eleitores e sabendo governar em minoria, através do consenso, como sucede em muitos países civilizados. E, neste contexto, o Presidente da República será chamado a desempenhar um papel central, como árbitro entre as diferentes forças políticas e como derradeiro garante da estabilidade.
Há ainda outra conclusão a retirar, que é a forma desapaixonada como a sociedade portuguesa viveu (ou aturou?) a campanha eleitoral, com excepção dos militantes e dos figurantes contratados para o efeito. Um número crescente de portugueses encara os partidos do chamado arco da governação como males menores que é preciso suportar para evitar chatices piores. Há quem veja este fenómeno - que se traduz numa elevada taxa de eleitores indecisos ou abstencionistas - como próprio de uma democracia madura. O futuro dirá se assim é.
01:05 h
Filipe Alves
filipe.alves@economico.pt
Económico
Implica correr o risco de imitar o monumental fiasco do jornal "Chicago Tribune", que a 3 de Novembro de 1948 colocou em manchete a frase "Dewey derrota Truman", ainda hoje recordada nas faculdades de jornalismo de todo o mundo. Independentemente do que digam as projecções à boca das urnas, a imagem de um Harry Truman sorridente, com o "Tribune" nas mãos, constitui uma séria advertência para o jornalista que arrisca escrever uma notícia horas antes que a mesma se concretize.
Ainda assim, tudo indica que a coligação PSD-CDS alcançou uma grande vitória eleitoral, apesar de perder a maioria absoluta e de ter mais de metade do eleitorado contra as suas políticas. Já o PS foi o grande derrotado, após uma campanha desastrosa, enquanto o Bloco de Esquerda e a CDU ganharam peso. Ao contrário do PS, que não conseguiu capitalizar a perda da maioria absoluta pela coligação de direita, os partidos da extrema-esquerda captaram os votos de protesto contra as políticas de austeridade.
Se se confirmar a inexistência de uma nova maioria absoluta PSD/CDS, o Presidente da República terá, como se esperava, um papel decisivo para que se encontre uma solução governativa estável. Por um lado, se a coligação PSD-CDS vencer as eleições sem obter a maioria no Parlamento, terá contra si uma maioria de esquerda com capacidade de inviabilizar uma governação estável. Mais, essa maioria parlamentar de esquerda, formada pelo PS, CDU e BE, terá legitimidade democrática para se negar a apoiar sem condições o programa de um governo minoritário PSD-CDS, porque fazer o contrário significaria trair os votos de mais de metade dos eleitores. O mesmo problema teria um governo minoritário do PS, encurralado entre a coligação de direita e a extrema-esquerda. Independentemente de quem for chamado a formar Governo, tudo indica que os nossos políticos terão de aprender a arte de construir consensos, respeitando a vontade dos eleitores e sabendo governar em minoria, através do consenso, como sucede em muitos países civilizados. E, neste contexto, o Presidente da República será chamado a desempenhar um papel central, como árbitro entre as diferentes forças políticas e como derradeiro garante da estabilidade.
Há ainda outra conclusão a retirar, que é a forma desapaixonada como a sociedade portuguesa viveu (ou aturou?) a campanha eleitoral, com excepção dos militantes e dos figurantes contratados para o efeito. Um número crescente de portugueses encara os partidos do chamado arco da governação como males menores que é preciso suportar para evitar chatices piores. Há quem veja este fenómeno - que se traduz numa elevada taxa de eleitores indecisos ou abstencionistas - como próprio de uma democracia madura. O futuro dirá se assim é.
01:05 h
Filipe Alves
filipe.alves@economico.pt
Económico
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