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O tempo foi escasso
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O tempo foi escasso
Fiquei sempre impressionado com a confiança que era depositada neste país: na qualificação e fiabilidade dos seus trabalhadores. É por isso que muitos investidores vêm para Portugal – e os que já cá estão divulgam o destino no país de origem.
Em janeiro de 2014 entreguei ao Presidente da República as minhas credenciais como embaixador alemão em Portugal. Conheço o país desde os anos 70 e tinha expresso a minha vontade de ser colocado em Lisboa. No meu primeiro artigo, que escrevi para o Diário Económico, relatei a minha viagem de carro, a partir de Moscovo, com passagem por Berlim, até Lisboa – atravessando uma Europa de fronteiras abertas, cuja união era cada vez mais estreita. Na altura, Portugal estava a poucos meses da "saída limpa", depois de três anos de um duro programa de estabilização. Também na Alemanha se sentiu a satisfação por se ter evitado o pior com esse programa no valor de 78 mil milhões de euros.
Desde então, em muitos debates, estabeleci comparações com a nossa própria experiência há mais de 10 anos: o duro programa de reforma "Agenda 2010", iniciado pelo então Chanceler Federal Gerhard Schröder, com cortes nas prestações sociais, nos subsídios de férias e natal, com um sistema mais eficiente de colocação no emprego, o aumento da idade de reforma e das horas de trabalho na função pública, e muitas outras medidas impopulares. Impopulares, mas necessárias para assegurarem a sustentabilidade do sistema de segurança social e a competitividade da nossa economia. Medidas que também foram tomadas por outros países europeus. Na Alemanha, contribuíram para que o número de desempregados tenha descido de 6 para 2,6 milhões de pessoas.
Na maioria dos encontros que tive – como seria de esperar –, os temas económicos e financeiros estiveram no centro das atenções. Mesmo a visita de Estado do Presidente Federal Joachim Gauck, em junho de 2014, ficou marcada pelo enfoque em questões económicas: com a celebração dos 60 anos da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã e com o anúncio de um grande novo investimento da Volkswagen na Autoeuropa. Os temas da área económica destacaram-se também nas minhas numerosas viagens pelo país, que frequentemente envolveram a visita a uma das 300 empresas alemãs a funcionar em Portugal. Fiquei sempre impressionado com a confiança que era depositada neste país: na qualificação e fiabilidade dos seus trabalhadores. É por isso que muitos investidores vêm para Portugal – e os que já cá estão divulgam o destino no país de origem.
Nos últimos anos a União Europeia deparou-se com novos desafios, nomeadamente a crise de refugiados. Nesta questão central para a UE, enquanto comunidade de valores, fiquei muito satisfeito por poder contar com o apoio de Portugal. Dentro de poucos dias vou fazer a minha viagem de regresso, mesmo que, desta vez, seja só até Berlim. Admito que, atualmente, as minhas observações sobre a Europa seriam um pouco menos otimistas do que na altura da minha chegada. Porém, mantenho o meu otimismo em relação a este país, em que eu e a minha esposa tivemos o prazer de residir durante dois anos e meio. O tempo foi escasso. No entanto, teremos a oportunidade de voltar a Portugal como visitantes, tal como fizeram mais de um milhão de alemães no ano passado. Espero que as oportunidades de visita sejam muitas.
O autor escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico.
00:05 h
Ulrich Brandenburg, Embaixador da Alemanha em Lisboa
Económico
Em janeiro de 2014 entreguei ao Presidente da República as minhas credenciais como embaixador alemão em Portugal. Conheço o país desde os anos 70 e tinha expresso a minha vontade de ser colocado em Lisboa. No meu primeiro artigo, que escrevi para o Diário Económico, relatei a minha viagem de carro, a partir de Moscovo, com passagem por Berlim, até Lisboa – atravessando uma Europa de fronteiras abertas, cuja união era cada vez mais estreita. Na altura, Portugal estava a poucos meses da "saída limpa", depois de três anos de um duro programa de estabilização. Também na Alemanha se sentiu a satisfação por se ter evitado o pior com esse programa no valor de 78 mil milhões de euros.
Desde então, em muitos debates, estabeleci comparações com a nossa própria experiência há mais de 10 anos: o duro programa de reforma "Agenda 2010", iniciado pelo então Chanceler Federal Gerhard Schröder, com cortes nas prestações sociais, nos subsídios de férias e natal, com um sistema mais eficiente de colocação no emprego, o aumento da idade de reforma e das horas de trabalho na função pública, e muitas outras medidas impopulares. Impopulares, mas necessárias para assegurarem a sustentabilidade do sistema de segurança social e a competitividade da nossa economia. Medidas que também foram tomadas por outros países europeus. Na Alemanha, contribuíram para que o número de desempregados tenha descido de 6 para 2,6 milhões de pessoas.
Na maioria dos encontros que tive – como seria de esperar –, os temas económicos e financeiros estiveram no centro das atenções. Mesmo a visita de Estado do Presidente Federal Joachim Gauck, em junho de 2014, ficou marcada pelo enfoque em questões económicas: com a celebração dos 60 anos da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã e com o anúncio de um grande novo investimento da Volkswagen na Autoeuropa. Os temas da área económica destacaram-se também nas minhas numerosas viagens pelo país, que frequentemente envolveram a visita a uma das 300 empresas alemãs a funcionar em Portugal. Fiquei sempre impressionado com a confiança que era depositada neste país: na qualificação e fiabilidade dos seus trabalhadores. É por isso que muitos investidores vêm para Portugal – e os que já cá estão divulgam o destino no país de origem.
Nos últimos anos a União Europeia deparou-se com novos desafios, nomeadamente a crise de refugiados. Nesta questão central para a UE, enquanto comunidade de valores, fiquei muito satisfeito por poder contar com o apoio de Portugal. Dentro de poucos dias vou fazer a minha viagem de regresso, mesmo que, desta vez, seja só até Berlim. Admito que, atualmente, as minhas observações sobre a Europa seriam um pouco menos otimistas do que na altura da minha chegada. Porém, mantenho o meu otimismo em relação a este país, em que eu e a minha esposa tivemos o prazer de residir durante dois anos e meio. O tempo foi escasso. No entanto, teremos a oportunidade de voltar a Portugal como visitantes, tal como fizeram mais de um milhão de alemães no ano passado. Espero que as oportunidades de visita sejam muitas.
O autor escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico.
00:05 h
Ulrich Brandenburg, Embaixador da Alemanha em Lisboa
Económico
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