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A ordem internacional e as religiões
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A ordem internacional e as religiões
Não obstante a questão da separação entre a Igreja e o Estado ser um dos temas mais dominantes do processo ocidental que evoluiu da época dos reis para a época dos povos, o primeiro com uma legitimidade do poder político procurada na transcendência e o segundo com uma legitimidade derivada da vontade popular, o certo é que, sobretudo depois do fim da Guerra Fria, com a queda do Muro de Berlim, os principais conflitos armados que envolveram a globalidade ficaram marcados por valores religiosos. Lembremos o Kosovo (ortodoxos-muçulmanos), Cachemira (muçulmanos-hindus), Timor (muçulmanos-católicos), Chechénia (ortodoxos-muçulmanos), Próximo-Oriente (judeus-muçulmanos), Balcãs (ortodoxos-católicos-muçulmanos), Irlanda do Norte (protestantes-católicos), Afeganistão (fundamentalistas islâmicos/chiitas e muçulmanos moderados), Sudão (muçulmanos-cristãos), Chipre (muçulmanos-ortodoxos), Tibete (ateus-budistas), e finalmente o terrorismo global que, ao derrubar as Torres Gémeas de Nova Iorque, sagrou o terreno para os mártires atacantes e para os milhares de vítimas da barbaridade.
A visão agnóstica, ou mais extremista no sentido da afirmação de um futuro das sociedades sem apelo à transcendência, e designadamente, no que respeita ao Ocidente, à morte da intervenção do fator religioso remetido para um passado de obscurantismo viu-se defrontado pelos que, cultivando com autoridade a ciência, todavia concluíram, como o reputado e prudente matemático Peter Theodorus Landsberg (Universidade de South-ampton), que "uma causa primária é uma categoria de pensamento que não existe na ciência. As verdadeiras causas são vastas e perdem-se da vista dos diligentes científicos numa nublosa de incertezas, no ocaso da dúvida. A ciência tem de calar-se sobre as questões últimas como a origem do universo, a existência de Deus, a estrutura das componentes últimas da matéria. Aqui apenas nos serve de guia a fé". Esta conclusão, que não foi reconhecida, quanto aos fundamentos da ideia da unidade europeia como comunidade, no vigente e adormecido Tratado de Lisboa, está a ser reanimada na área das ciências sociais, quando pretendem conseguir racionalizar o conhecimento, da atual desordem mundial, tentando refazer uma ordem internacional que anda longe do sonhado quando foi assinada a Carta da ONU, na cidade de São Francisco, no dia 26 de junho de 1945.
É inegável que foi a Igreja liderada pelo Papa, Bispo de Roma, que imprimiu a marca da sua doutrina, cuja influência se manteve para além da evolução das estruturas políticas internas e internacionais, para além de se encontrar, depois de Trento, dividida entre católicos, ortodoxos e protestantes de várias escolas. Para o nosso tempo de escombros, que é o século em que nos encontramos, os princípios enunciados para a resolução de conflitos internacionais de interesses, a análise profunda do conceito de paz, a paz de Deus, a paz dos justos, e a avaliação dos que fazem a guerra sem avaliar as consequências, tudo está nesse património imaterial da humanidade com que a UNESCO se preocupa, e que os governantes descuidam com frequência inquietante. Infelizmente, e tendo presente, com inevitável angústia, a violação e o esquecimento dos ideais que presidiram à fundação da ONU, cuja ordem foi logo substituída pela Ordem dos Pactos Militares que se defrontaram durante o meio século de Guerra Fria, e depois pela anarquia a que chamamos globalismo, em que nos encontramos, tudo faz lembrar a pretensão de que a religião fosse remetida pela ciência para o esquecimento da história não repetível. Lembramos, apenas por exemplo, as palavras do inquieto Ernest Renan, escritas em 1848, no seu L"Avenir de la Science: "Mas desde que a religiosidade do homem venha a exercer-se sob a forma puramente científica e racional, tudo o que o Estado atribuía antes ao exercício religioso será de direito entregar à ciência, única religião definitiva. Não haverá mais orçamento dos cultos, haverá orçamento da ciência, orçamento das artes." Todavia, não obstante a espécie de evolução da ONU para uma sede de preces a deuses desconhecidos, porque mais de metade dos seus Estados membros não têm capacidade para responder sequer aos desafios da natureza, terramotos, tsunamis, doenças, miséria, havia ali uma pequena sala despida de ornamentos, com um altar de pedra, sobre a qual desce um raio de luz, rodeado ele, encostados às paredes, de bancos simples, e que tem por nome Sala de Meditação para Todas as Religiões. Devida ao sacrificado, por atentado no Congo, secretário-geral Dag Hammarskjöld, Prémio Nobel da Paz em 1965, devia ser visitada pelos representantes de todas as culturas que hoje, pela primeira vez na história, falam em liberdade ao mundo, sem ultrapassar, pelo entendimento comum, a crise mundial que alastra perante a ineficácia dos Conselhos Económico e Social e de Segurança.
17 DE AGOSTO DE 2016
00:01
Adriano Moreira
Diário de Notícias
A visão agnóstica, ou mais extremista no sentido da afirmação de um futuro das sociedades sem apelo à transcendência, e designadamente, no que respeita ao Ocidente, à morte da intervenção do fator religioso remetido para um passado de obscurantismo viu-se defrontado pelos que, cultivando com autoridade a ciência, todavia concluíram, como o reputado e prudente matemático Peter Theodorus Landsberg (Universidade de South-ampton), que "uma causa primária é uma categoria de pensamento que não existe na ciência. As verdadeiras causas são vastas e perdem-se da vista dos diligentes científicos numa nublosa de incertezas, no ocaso da dúvida. A ciência tem de calar-se sobre as questões últimas como a origem do universo, a existência de Deus, a estrutura das componentes últimas da matéria. Aqui apenas nos serve de guia a fé". Esta conclusão, que não foi reconhecida, quanto aos fundamentos da ideia da unidade europeia como comunidade, no vigente e adormecido Tratado de Lisboa, está a ser reanimada na área das ciências sociais, quando pretendem conseguir racionalizar o conhecimento, da atual desordem mundial, tentando refazer uma ordem internacional que anda longe do sonhado quando foi assinada a Carta da ONU, na cidade de São Francisco, no dia 26 de junho de 1945.
É inegável que foi a Igreja liderada pelo Papa, Bispo de Roma, que imprimiu a marca da sua doutrina, cuja influência se manteve para além da evolução das estruturas políticas internas e internacionais, para além de se encontrar, depois de Trento, dividida entre católicos, ortodoxos e protestantes de várias escolas. Para o nosso tempo de escombros, que é o século em que nos encontramos, os princípios enunciados para a resolução de conflitos internacionais de interesses, a análise profunda do conceito de paz, a paz de Deus, a paz dos justos, e a avaliação dos que fazem a guerra sem avaliar as consequências, tudo está nesse património imaterial da humanidade com que a UNESCO se preocupa, e que os governantes descuidam com frequência inquietante. Infelizmente, e tendo presente, com inevitável angústia, a violação e o esquecimento dos ideais que presidiram à fundação da ONU, cuja ordem foi logo substituída pela Ordem dos Pactos Militares que se defrontaram durante o meio século de Guerra Fria, e depois pela anarquia a que chamamos globalismo, em que nos encontramos, tudo faz lembrar a pretensão de que a religião fosse remetida pela ciência para o esquecimento da história não repetível. Lembramos, apenas por exemplo, as palavras do inquieto Ernest Renan, escritas em 1848, no seu L"Avenir de la Science: "Mas desde que a religiosidade do homem venha a exercer-se sob a forma puramente científica e racional, tudo o que o Estado atribuía antes ao exercício religioso será de direito entregar à ciência, única religião definitiva. Não haverá mais orçamento dos cultos, haverá orçamento da ciência, orçamento das artes." Todavia, não obstante a espécie de evolução da ONU para uma sede de preces a deuses desconhecidos, porque mais de metade dos seus Estados membros não têm capacidade para responder sequer aos desafios da natureza, terramotos, tsunamis, doenças, miséria, havia ali uma pequena sala despida de ornamentos, com um altar de pedra, sobre a qual desce um raio de luz, rodeado ele, encostados às paredes, de bancos simples, e que tem por nome Sala de Meditação para Todas as Religiões. Devida ao sacrificado, por atentado no Congo, secretário-geral Dag Hammarskjöld, Prémio Nobel da Paz em 1965, devia ser visitada pelos representantes de todas as culturas que hoje, pela primeira vez na história, falam em liberdade ao mundo, sem ultrapassar, pelo entendimento comum, a crise mundial que alastra perante a ineficácia dos Conselhos Económico e Social e de Segurança.
17 DE AGOSTO DE 2016
00:01
Adriano Moreira
Diário de Notícias
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