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A ditadura dos prognósticos
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A ditadura dos prognósticos
Em época de Jogos Olímpicos, é refrescante comprovar como o esforço dos atletas se sobrepõe às preocupações que habitualmente acaparam as atenções do país. O desporto, nas suas múltiplas variedades, conjuga emoções e valores partilhados pela generalidade dos praticantes que ilustram com grande esteticismo o melhor da condição humana: superação, perseverança e entreajuda, entre muitos outros.
Mas esta comunhão de valores individuais ficou, nalgumas provas, diluída nos interesses e comportamentos coletivos, alimentados pela hipercompetitividade das delegações nacionais e pelo surpreendente comportamento de um público que reprovava sistematicamente os adversários das equipas locais, sem perceber que o rival não é o inimigo e que sem ele não há competição. É a “futebolização” do desporto, em todas as suas categorias.
Mais que unir os povos, o desporto apresenta-se às vezes como uma guerra entre as nações, embora com meios diferentes dos habituais. Essa foi a origem destas competições durante a “pax olímpica” e parece não ter mudado muito ao longo dos séculos. Infelizmente, também no âmbito desportivo fica palpável que as pessoas são inestimáveis no plano individual mas atrozes no plano colectivo.
Por cá fiquei também surpreendido pelas críticas generalizada à delegação nacional por não ter conseguido obter o número de medalhas potencialmente atingíveis. Eu tive o privilégio de trabalhar para o Comité Organizador dos Jogos Olímpicos de Barcelona’92 e vivi de perto a variedade de reações perante resultados que quase sempre ficam aquém das expectativas dos participantes. Todos querem ganhar e só uns poucos o conseguem. Essa é a essência da competição.
Reconheço que o sucesso histórico no campeonato europeu de futebol pode ter inflacionado as expectativas do país, mas parece-me que as críticas ao desempenho dos participantes portugueses têm sido exageradas e só se conseguem justificar com base num prognóstico exagerado. Essa crítica generalizada parece-me responder mais a uma tendência dominante de expressão irracional dos sentimentos do que à consequência da análise objectiva do desempenho da equipa nacional. E, adicionalmente, poderá ter contribuído para a criação deste sentimento, a crescente individualização da opinião que as pessoas desenvolvem através das redes sociais, em que todos nos sentimos inclinados a expressar os nossos pontos de vista sem nenhuma limitação.
Em Portugal somos episódicos e gostamos da pirotecnia, mas isso não deve contribuir para menorizar o mérito da delegação nacional. A chave da felicidade está em não esperar mais do que podemos conseguir. E, se assim não for, pensemos que sempre nos restará o futuro.
00:05 h
Xavier Rodríguez Martín, Gestor
Económico
Mas esta comunhão de valores individuais ficou, nalgumas provas, diluída nos interesses e comportamentos coletivos, alimentados pela hipercompetitividade das delegações nacionais e pelo surpreendente comportamento de um público que reprovava sistematicamente os adversários das equipas locais, sem perceber que o rival não é o inimigo e que sem ele não há competição. É a “futebolização” do desporto, em todas as suas categorias.
Mais que unir os povos, o desporto apresenta-se às vezes como uma guerra entre as nações, embora com meios diferentes dos habituais. Essa foi a origem destas competições durante a “pax olímpica” e parece não ter mudado muito ao longo dos séculos. Infelizmente, também no âmbito desportivo fica palpável que as pessoas são inestimáveis no plano individual mas atrozes no plano colectivo.
Por cá fiquei também surpreendido pelas críticas generalizada à delegação nacional por não ter conseguido obter o número de medalhas potencialmente atingíveis. Eu tive o privilégio de trabalhar para o Comité Organizador dos Jogos Olímpicos de Barcelona’92 e vivi de perto a variedade de reações perante resultados que quase sempre ficam aquém das expectativas dos participantes. Todos querem ganhar e só uns poucos o conseguem. Essa é a essência da competição.
Reconheço que o sucesso histórico no campeonato europeu de futebol pode ter inflacionado as expectativas do país, mas parece-me que as críticas ao desempenho dos participantes portugueses têm sido exageradas e só se conseguem justificar com base num prognóstico exagerado. Essa crítica generalizada parece-me responder mais a uma tendência dominante de expressão irracional dos sentimentos do que à consequência da análise objectiva do desempenho da equipa nacional. E, adicionalmente, poderá ter contribuído para a criação deste sentimento, a crescente individualização da opinião que as pessoas desenvolvem através das redes sociais, em que todos nos sentimos inclinados a expressar os nossos pontos de vista sem nenhuma limitação.
Em Portugal somos episódicos e gostamos da pirotecnia, mas isso não deve contribuir para menorizar o mérito da delegação nacional. A chave da felicidade está em não esperar mais do que podemos conseguir. E, se assim não for, pensemos que sempre nos restará o futuro.
00:05 h
Xavier Rodríguez Martín, Gestor
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