Na ditadura é que está o ganho

Os processos de globalização económica, na Europa e no mundo, têm como objectivo principal não deixar que a democracia estrague um bom negócio.

As pessoas podem falar, desde que o digam não sirva para nada. Tudo aquilo que é fundamental nas nossas sociedades é deixado fora da escolha dos cidadãos. A economia europeia é o exemplo acabado desta deriva, nada que está na economia é decidido pelos cidadãos: abdicamos da política aduaneira, demos ao Banco Central Europeu a política monetária; a política orçamental é definida por Bruxelas, e mesmo sobre os nossos impostos, quem paga o quê, são definidos pela troika. 

Na Grécia, quando o então ministro da Finanças, Varoufakis, tentou aumentar a carga fiscal dos altos rendimentos e aliviar os dos mais baixos rendimentos, foi imediatamente impedido pelos eurocratas de serviço: não era suposto o governo incomodar os mais abonados. A crise serve para que os mais ricos fiquem mais ricos, e os mais pobres ainda mais pobres. 

Esta crise começou devido à especulação financeira descontrolada, com produtos derivados, a bolha do imobiliária, dinheiros sem controlo em paraísos fiscais, e devido ao retirar, ao Estado, o controlo democrático de todos os sectores económicos fundamentais, nomeadamente do controlo político dos bancos centrais - estes passaram a ter governadores “independentes” que não respondiam , aos parlamentos, perante os seus actos. E, finalmente, os países deixaram de se financiar pela emissão independente de moeda. É suposto irem buscar o dinheiro apenas aos mercados, e esses serem  “aconselhados” por agências independentes de rating. 

Venderam-nos que estas instâncias eram infinitamente superior às estatais, resultado: na crise que irrompeu em 2007, as agências de rating deram as classificações máximas de segurança às acções tóxicas do subprime, que custaram biliões à economia mundial. Uns meses depois estavam a mandar para o lixo os países da periferia da Europa, alimentando a especulação sobre a sua dívida e fazendo Irlanda, Portugal, Grécia, Espanha e Portugal caírem para o buraco.

Como não aprendemos nada com a crise, não se combateu a especulação financeira, não se liquidou os paraísos fiscais, nem se responsabilizou os agentes económicos pelos seus actos.

Só na Islândia se prenderam dezenas de banqueiros especuladores e irresponsáveis, no resto do mundo eles foram medalhados, receberam prémios milionários por terem levado o mundo ao desastre; e cada vez que um banco vai à falência estão cá os contribuintes para os salvarem. 

E tudo isto tende a piorar. Neste momento, a União Europeia e os Estados Unidos da América negoceiam, em segredo, o TTIP  (Tratado Transatlântico de Investimento e Comércio). Este documento que o nosso actual Presidente da República garantiu ser fundamental, está a ser discutido no maior dos segredos, evitando que os cidadãos tenham qualquer acesso a ele. Algumas fugas de informação permitem-nos esperar o pior, o tratado quer garantir o máximo de segurança ao capital, que lhes permita evitar legislações sociais, ambientais e políticas que lhe sejam adversas.

Por exemplo, se a Europa não quiser pagar carne com hormonas anabolizantes vai ter que indemnizar os produtores dos EUA. Se os cidadãos portugueses fizerem uma greve numa empresa estrangeira, esses proprietários serão ressarcidos pelos contribuintes. Em todo o mundo, o capital pretende que a democracia seja apenas uma coisa de fachada. A liberdade é para ser multada. 

Nuno Ramos de Almeida 
nuno.almeida@ionline.pt 
Jornal i

A nota é a nesta visão de esquerda radical marxismo vi a globalização económica então mais negativa e é tudo capitalismo selvagem na globalização para será eliminar. A minha visão mais positiva não viu pior esta atualmente porque a mudar no mentalmente do capitalismo tradicional no mundo e como reduzir os preços produtos e serviços.