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Vamos reflorestar a sério?
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Vamos reflorestar a sério?
Em tudo o que escrevi e possa vir a escrever, assumo a minha responsabilidade técnica
As terras que ficaram mais pobres porque perderam a sua vegetação, através dos incêndios do mês passado, ainda estão quentes, o que me permite pensar sobre o passo que se segue. Estou com receio que se continue a plantar árvores/arbustos nas nossas serras, do mesmo modo que se tem feito nestes últimos quarenta anos. Gastaram-se rios de dinheiro a plantar de qualquer maneira, sem pensarem no que é preciso fazer antes de se iniciar essas plantações. Em 2013, a serra ainda ardia e ouvi alguém afirmar que daí a dois dias recomeçaria a plantar…
Vejamos quais os passos a dar antes de iniciar a reflorestação:
- Fazer projectos, criando “folhas” para plantar a compassos adequados a cada espécie e variedade, a limpeza das áreas ardidas ou a reflorestar, assim como a implantação dos respectivos aceiros e acessos.
- Montagem dos tanques pré-fabricados, o mais a montante possível, que seria cheio com a água de algumas nascentes e escorrências de inverno e um sistema de distribuição de água, em ferro, que serviria para abastecimento aos carros dos bombeiros nas respectivas bocas de incêndio e também seriam utilizadas para regar as novas plantações e abastecimento de helicópteros para apagarem incêndios. Note-se que as bocas de incêndio existentes naquela nova estrada que vai do Areeiro à Eira do Serrado, são só para “inglês ver”, porque não têm água.
- Fixar os solos que depois de ardidos, sujeitos a calores e contracções, ficam soltos e necessitam que fiquem bem seguros, para evitar que acabem no mar, como tem acontecido. Assim as primeiras plantas a serem semeadas devem ser da família das gramíneas, perenes, cujas raízes chegam a ultrapassar um metro de profundidade, o que permite “segurar” a terra aos taludes, criando-se uma óptima zona de pastagem e só depois de se verificar que a terra está bem agarrada ao solo, então poderemos passar à fase seguinte. Também funcionará como uma esponja, retendo parte das águas pluviais, que depois a vai cedendo ao solo, que por sua vez alimentará, a jusante, as nascentes que entretanto desapareceram. De salientar que nos anos sessenta do século passado, os próprios Serviços Florestais de então, importaram de outros países forragens de altitude para fazerem estudos de adaptação nas nossas serras, tendo como objectivos a fixação do solo e a alimentação do gado existente, em regime de pastoreio controlado.
- Como estas forragens são de crescimento relativamente rápido e se não forem cortadas, podem “tombar” e acabar por apodrecer, sxeria obrigatório proceder s cortes. A melhor e a mais barata “máquina” de cortar “relva”, sem dúvida que é a ovelha, conduzida por um pastor, que as manterá em andamento continuo, com um bom pisoteio, e fertilizando o solo com as fezes e as urinas dos animais o que permitirá não só um bom crescimento radicular, como também permitirá um melhor afilhamento. Sobre este aspecto, consideramos um erro muito grave a decisão de retirar o gado da serra, em vez de o controlar, mas o aparecimento de fundamentalistas “ambientais”, de um modo geral de caracter urbano, sem os conhecimentos agrários suficientes com a pressão que exerceram sobre os governos, incompetentes, que mal aconselhados levaram a decisões menos correctas. Lembramos que os Serviços florestais chegaram a ter quatro ovis, no Paúl da Serra onde hoje está um hotel, na Ribeira dos Boieiros, na Ribeira das Aboboreiras e um outro que não me recordo onde, para além daqueles que estavam projectados construir, nomeadamente abaixo do Fanal. Isto demonstra o interessa que aqueles Serviços davam à criação de gado na serra, nomeadamente o gado ovino e vacum. Será que os Técnicos desse tempo eram pouco conhecedores? Eram burros? E quanto isso representava para a economia da Madeira? Além disso cada pastor representava um vigilante contra os incêndios…Chegou a vir um casal do continente para cá fazer queijo tipo, queijo da Serra, que era de grande qualidade. Cheguei a ir à Ribeira dos Boieiros comprar esse queijo.
- O anel a que nos referimos no último artigo de proteção à cidade do Funchal, teria obrigatoriamente esta cobertura de solo, com a vantagem de permitir algum rendimento que de certeza melhoraria as economias domésticas.
- Uma vez a terra bem segura e as espécies devidamente escolhidas, proceder-se-á às plantações, dando preferência, nesse dito anel, a plantas folhosas, tipo, Castanheiro, Nogueira, Cerejeira, Carvalhos, que têm mais dificuldade em arderem….Falamos nestas plantas, exactamente pela mesma razão que demos para a questão das ovelhas, que poderão, ajudar as economias domésticas. O facto de serem plantas de folha caduca, não tem importância na paisagem porque existirá o verde da cobertura do solo.
- Em simultâneo poderá continuar a subir-se para cotas mais elevadas, mas com alteração das espécies, que poderão muito bem ser as plantas da Laurisilva, mas mantendo-se tudo o que dissemos em relação à cobertura do solo.
- Noutras zonas que precisem de ser recuperadas, devemos dar preferência à recuperação natural, como aconteceu noutros tempos, nomeadamente na Costa Norte que foi devastada durante a última guerra mundial, com o corte de madeiras para lenha e fabrico de carvão e que rapidamente regeneraram. É muito fácil de perceber, antes tínhamos um autentico tractor, que ao procurar a sua alimentação, revolvia os solos em busca das raízes de feiteira. Referimo-nos ao porco da serra, que se alimenta exclusivamente de bagas (de louro, til, vinhático, etc…) e da já mencionada raiz da feiteira. O pombo torcaz alimentava-se de bagas e depois de digeri-las, expele-as de alturas razoáveis e ao caírem, se encontrarem solo remexido e com humidade, facilmente germinam, o mesmo não acontecendo em solos compactados pelas chuvas. Aliás esta espécie, também deve ser enviado de volta para a Laurisivlva, seu habitat natural e por isso defendo que todo o pombo torcaz que venha causar prejuízos ao agricultor, deve levar fogo no rabo, em qualquer época do ano, para que não mude os seus hábitos alimentares.
- Em tudo o que escrevi e possa vir a escrever, assumo a minha responsabilidade técnica e estou disponível para qualquer encontro, ou debate, para explicar , até à exaustão, se necessário aquilo que publicamente defendo.
Duarte Caldeira Ferreira
Diário de Notícias da Madeira
Sexta, 23 de Setembro de 2016
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