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Mensagem por Admin Qui Out 13, 2016 10:26 am

Por vezes o que dizemos, escrevemos ou fazemos pode ser, para nós, interessante em si mesmo, mas também para se avaliar as reacções que provocam.

Vou constatando, a este propósito, as reacções que tenho defendido neste espaço sobre a conveniência de uma força significativa de capitais nacionais na solução para o Novo Banco.
 
A esse respeito, João Vieira Pereira, um articulista que costumo ler atentamente, pergunta em texto desta quarta-feira: "Como pode um banco sobreviver em Portugal se a economia é a terceira pior da Europa nos últimos 16 anos?" Mais adiante acrescenta: "Em Portugal não existe de facto banca portuguesa. Com excepção da Caixa, temos bancos sediados em Portugal, alguns com gestão portuguesa, mas para a grande parte deles o poder de decisão já não mora aqui." E remata o seu artigo do seguinte modo: "Santana Lopes tem escrito, semana após semana, artigos de opinião a defender um movimento de capitais nacionais para comprar o Novo Banco. Desconheço a agenda de Santana Lopes, mas sei que forçar uma solução nacional é um erro gigante. Movimentos iguais no passado serviram apenas para engrossar o bolso de alguns e nada mais. "
 
Pedindo desculpa ao Negócios com o espaço ocupado a citar outro órgão de comunicação, devo dizer:
 
1. Julgo que escrevi dois textos sobre o assunto, quanto muito três. Semana após semana…
 
2. Agenda, confesso que não tenho nenhuma. Preocupação, muita, e convicção, bastante. A mesma que tinha quando me chamavam nomes aos 20 anos por dizer que Francisco Sá Carneiro era um grande estadista. Hoje em dia é consensual; convicção idêntica à que tinha quando dizia em 81/82 que Cavaco Silva ia ser um líder marcante em Portugal e era ofendido a esse propósito. Foi dez anos primeiro-ministro e dez anos Presidente da República; convicção idêntica à que tinha quando defendia o CCB e me empenhava na sua construção perante os insultos dos articulistas da corte. Julgo que hoje em dia a obra é consensual; convicção idêntica, noutro plano, já que as obras são outro assunto, quando defendi a solução do Túnel do Marquês e levei com o que levei em cima. Julgo que a obra hoje em dia é bastante consensual; convicção idêntica àquela que tinha em 2005 quando alguns reuniam em Seteais para preparar a vinda do novo "Messias" e eu dizia que seria muito mau para Portugal se se escolhesse esse candidato a primeiro-ministro. Não vou sequer fazer comentários. Estes são alguns exemplos de matérias várias sobre as quais tenho tido ao longo da minha vida algumas convicções, de certa maneira, premonitórias. Mania de que tenho mais capacidade do que os outros para perceber o futuro? Não digo isso, nem pouco mais ou menos, mas é importante sabermos analisarmos o presente e prevermos o que aí vem.
 
3. Neste momento tenho convicção idêntica a propósito desta questão da banca. Dizer-se que lutas por bancos de capital nacional no passado encheram os bolsos de alguns, sinceramente, não sei a que se refere. Recordo-me da venda do Totta ao Santander, depois de ter sido privatizado, que não me agradou na altura, mas que talvez tenha tido algumas consequências positivas fora do sistema financeiro. Não sei se os bolsos de alguns não terão sido beneficiados com algumas decisões do banco público, mas sobre essas na altura estava quase tudo distraído, porque era o tempo de aclamar um novo poder.
 
4. E já agora: quem são os bancos estrangeiros extraordinários em boa saúde financeira para comprar os nossos? E o que eles sabem da economia real portuguesa? Chega o banco público? Não concordo. De todo. A minha única agenda é a minha consciência e cumprir o dever de defender aquilo em que acredito.
 
Advogado

PEDRO SANTANA LOPES | 13 Outubro 2016, 00:01
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