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Marx está de volta
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Marx está de volta
Os britânicos estão mais pobres, mas com mais emprego e mais produto, o que é uma maneira original de fazer redistribuição - distribuir a pobreza em vez da riqueza -, mas funciona.
Aproxima-se o fim do ano e é visível que 2017 não vai ser fácil. Um ponto importante para nós, europeus, é o que vai acontecer com o Brexit. A vitória do ‘Leave’ fez a libra desvalorizar 16%. Isto é, os britânicos estão 16% mais pobres, e passaram a ser a sexta economia mundial, ultrapassados pela França. Não que seja totalmente mau, pois a economia do Reino Unido continua a crescer com a competitividade adquirida – os produtos estrangeiros ficaram comparativamente mais caros. A produtividade ultrapassou os níveis pré-crise e o desemprego continua baixo, a 5,4% da população ativa. Ou seja, a população está 16% mais pobre, mas com mais emprego e mais produto, o que é uma maneira original de fazer redistribuição – distribuir a pobreza em vez da riqueza –, mas funciona.
As questões por resolver, porém, são muitas. Um ‘hard Brexit’ (perda do acesso ao mercado único) torna difícil exportar, implicando uma perda a prazo. Daí que a confiança dos empresários esteja ao nível mais baixo dos últimos quatro anos e o investimento abrande; o FMI reviu a previsão de crescimento da economia britânica para 1,1% em 2017, metade do que vem crescendo. A libra caiu na semana passada para um mínimo de 30 anos face ao dólar, e a inflação vai aumentar. Para os empresários, o ideal seria não sair – inaceitável para o Governo.
A discussão segue, neste contexto, entre os partidários do ‘soft Brexit’ e do ‘hard’, o que é discutir o ‘trade-off’ entre mais regulação “de Bruxelas” e menos controlo sobre a imigração contra mais restrições à entrada de estrangeiros, mesmo perdendo o acesso automático a um mercado de 500 milhões. Em termos económicos, o Tesouro estima que o ‘hard Brexit’ custe 66 mil milhões de libras por ano. O Governo está dividido, como o próprio Reino (des)Unido – irlandeses e escoceses questionam o Brexit, e ainda mais o ‘hard’.
Na Alemanha, a questão principal deixou de ser se Merkel se candidata em 2017 (e ganha), mas sim como vai ela livrar-se do problema do Deutsche Bank, que está a fazer Renzi apontar-lhe o dedo, depois do que foi dito sobre os bancos italianos, e da oposição da Alemanha a um socorro do Estado, devido às novas regras do setor financeiro. As soluções apontadas para o Deutsche são originais: subscrição de capital pelos grandes grupos cotados no DAX, venda em bolsa da divisão de gestão de ativos, ou reforço da participação do Qatar. A verdade é que as ações do banco já subiram para os 12 euros, depois de estarem abaixo de 10 há cerca de uma semana. Infelizmente, falta conhecer a “multa” recorde que lhe vai ser aplicada pelo Departamento de Justiça americano, que poderá atingir 12,5 mil milhões de euros. Vamos ver que coelho sai da cartola.
A resposta a estas questões vai “formatar” 2017 na Europa, acho. Mas com tanta incerteza que há, citando Groucho Marx, direi: “estes são os meus princípios. Se não gosta deles, tenho outros.”
Fernando Pacheco, Economista
00:12
Jornal Económico
Aproxima-se o fim do ano e é visível que 2017 não vai ser fácil. Um ponto importante para nós, europeus, é o que vai acontecer com o Brexit. A vitória do ‘Leave’ fez a libra desvalorizar 16%. Isto é, os britânicos estão 16% mais pobres, e passaram a ser a sexta economia mundial, ultrapassados pela França. Não que seja totalmente mau, pois a economia do Reino Unido continua a crescer com a competitividade adquirida – os produtos estrangeiros ficaram comparativamente mais caros. A produtividade ultrapassou os níveis pré-crise e o desemprego continua baixo, a 5,4% da população ativa. Ou seja, a população está 16% mais pobre, mas com mais emprego e mais produto, o que é uma maneira original de fazer redistribuição – distribuir a pobreza em vez da riqueza –, mas funciona.
As questões por resolver, porém, são muitas. Um ‘hard Brexit’ (perda do acesso ao mercado único) torna difícil exportar, implicando uma perda a prazo. Daí que a confiança dos empresários esteja ao nível mais baixo dos últimos quatro anos e o investimento abrande; o FMI reviu a previsão de crescimento da economia britânica para 1,1% em 2017, metade do que vem crescendo. A libra caiu na semana passada para um mínimo de 30 anos face ao dólar, e a inflação vai aumentar. Para os empresários, o ideal seria não sair – inaceitável para o Governo.
A discussão segue, neste contexto, entre os partidários do ‘soft Brexit’ e do ‘hard’, o que é discutir o ‘trade-off’ entre mais regulação “de Bruxelas” e menos controlo sobre a imigração contra mais restrições à entrada de estrangeiros, mesmo perdendo o acesso automático a um mercado de 500 milhões. Em termos económicos, o Tesouro estima que o ‘hard Brexit’ custe 66 mil milhões de libras por ano. O Governo está dividido, como o próprio Reino (des)Unido – irlandeses e escoceses questionam o Brexit, e ainda mais o ‘hard’.
Na Alemanha, a questão principal deixou de ser se Merkel se candidata em 2017 (e ganha), mas sim como vai ela livrar-se do problema do Deutsche Bank, que está a fazer Renzi apontar-lhe o dedo, depois do que foi dito sobre os bancos italianos, e da oposição da Alemanha a um socorro do Estado, devido às novas regras do setor financeiro. As soluções apontadas para o Deutsche são originais: subscrição de capital pelos grandes grupos cotados no DAX, venda em bolsa da divisão de gestão de ativos, ou reforço da participação do Qatar. A verdade é que as ações do banco já subiram para os 12 euros, depois de estarem abaixo de 10 há cerca de uma semana. Infelizmente, falta conhecer a “multa” recorde que lhe vai ser aplicada pelo Departamento de Justiça americano, que poderá atingir 12,5 mil milhões de euros. Vamos ver que coelho sai da cartola.
A resposta a estas questões vai “formatar” 2017 na Europa, acho. Mas com tanta incerteza que há, citando Groucho Marx, direi: “estes são os meus princípios. Se não gosta deles, tenho outros.”
Fernando Pacheco, Economista
00:12
Jornal Económico
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