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A Europa Atlântica está de volta
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A Europa Atlântica está de volta
Reconhecida a extensão da Plataforma Continental pela ONU, Portugal passará a ter o controlo marítimo de uma área com a dimensão da Índia
Os voos exibicionistas da força aérea russa nas barbas da NATO são uma chamada de atenção ruidosa para a mudança brusca no relacionamento entre a UE e a Rússia. Mas a mais profunda e menos notada alteração no posicionamento europeu não tem a ver com evolução das relações entre Bruxelas e Moscovo. Tem a ver com três iniciativas políticas de longo alcance: a criação das redes transeuropeias de energia, a negociação para a constituição da Parceria Transatlântica para o Comércio e Investimento (TTIP) e a exploração da "Economia Azul". Estas três áreas são responsáveis pelo maior safanão geopolítico na Europa pelo menos desde o grande alargamento de 2004.
Olhemos com detalhe para cada uma destas iniciativas. Primeira iniciativa: a aposta na rede transeuropeia de energia é capaz de ressuscitar o crescimento económico e a criação de emprego. E, sublinhe-se, é uma vitória do Governo português, em especial de Pedro Passos Coelho e Jorge Moreira da Silva, contra os interesses nucleares dos 'grandes'. Com muitos milhões para investir em novas infra-estruturas, este é o maior impulso à inovação tecnológica e à consolidação das energias renováveis. Como aqui já escrevi, a Europa que se constituiu em torno do Carvão e do Aço, pode agora refundar-se em através do vento, do sol e do mar. Pelos seus recursos e geografia, Portugal está posicionado no coração energético da nova Europa. Isto significa o quê? Operando num mercado onde a energia circula concorrencialmente, espera-se uma baixa dos preços que funcionará a favor da competitividade das nossas empresas. Por outro lado, Portugal poderá adquirir capacidade exportadora de energia, seja ela renovável ou gás natural. Reconhecida a extensão da Plataforma Continental pela ONU, Portugal passará a ter o controlo marítimo de uma área com a dimensão da Índia. Como a exploração do gás de xisto pelos Estados Unidos prova, estamos muito longe de conhecer o potencial dos nossos recursos. E por falar em gás de xisto, Portugal tem todas as condições para ser a porta de entrada da energia americana na rede europeia, cortando assim a dependência (económica e política) do gás russo. Portugal está no centro da Europa.
Segunda Iniciativa: a Parceria Transatlântica para o Comércio e Investimento (TTIP). Com um impacto anual estimado de 120 mil milhões de euros, 1,2 mil milhões na economia portuguesa, esta NATO comercial promete abrir a maior zona de comércio livre do mundo. E nós somos a portagem atlântica do lado de cá desta extraordinária auto-estrada comercial. Portugal está no centro do Atlântico.
Terceira, e última, iniciativa: a afirmação crescente da "Economia Azul". Como a recente convenção do Biomarine em Cascais sublinhou, a exploração dos recursos marinhos (tecnologia, energia, nutrição, cosmética e farmacêutica) tem um potencial de 150 mil milhões de euros. Tanto pela afinidade identitária com o mar, como pelos recursos infindáveis ao seu dispor, Portugal tem de estar na linha da frente na criação desta "nova economia" sustentável. E numa Europa desgastada pelas dívidas e défices, talvez devêssemos levar o debate sobre a "Economia Azul" mais longe: porque não partir a dívida europeia em dois, a 'boa' e a 'má', cabendo aos Estados a gestão da divida boa (digamos, até aos 60% do PIB), enquanto o pagamento da 'divida má' seria feito em função dos ganhos potenciais da economia do mar? É só mais uma forma de falar de crescimento que deve ser debatida.
Qualquer uma destas iniciativas, particularmente as duas primeiras, forçam a Europa recentrar-se no sul. É plausível, neste cenário, antecipar-se um realinhamento estratégico, onde a formação de novas alianças será ditada menos pelas ideologias e muito mais pela geografia. Entre nós, saúda-se a energia que o Governo tem depositado nestes três projectos. É uma manifestação de visão estratégica e de sentido de nação que, uma vez mais, contrasta com o vazio da liderança da oposição. Portugal precisa menos de demagogia ou de fuga aos assuntos, e mais de políticas boas, consistentes, que nos permitam crescer e afirmar o nosso lugar no mundo.
A Europa está de volta ao Atlântico. E isso quer dizer que Portugal volta a estar firme e a ter relevância geoestratégica na Europa.
Presidente da Câmara Municipal de Cascais. Escreve à quarta-feira
Por Carlos Carreiras
publicado em 5 Nov 2014 - 05:00
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