Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 450 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 450 visitantes :: 1 motor de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
Pandora está de volta
Página 1 de 1
Pandora está de volta
O verdadeiro desafio para a economia europeia não é resistir à desaceleração da economia chinesa ou preparar-se para a subida das taxas de juro americanas.
É certo que estas são questões que podem deixar sequelas, mas que estarão ultrapassadas em alguns - idealmente, poucos - anos. O futuro da União Europeia como bloco regional autónomo joga-se hoje na crise dos refugiados e no ‘brexit'. Com efeito, são estes dois últimos que vão influenciar o desenho futuro da "nossa" União, pois "mexem" em peças da sua arquitectura que, ao questionarem elementos estruturais adquiridos, tornarão tudo diferente. Ora, eles "puxam" no sentido da desagregação e abrem uma caixa de Pandora, pondo tudo em causa.
Limitar o fecho das fronteiras da Hungria à passagem dos refugiados a uma mera decisão autoritária de um governo autoritário é ignorar o lado mais importante do problema: 66% dos alemães vêem a imigração como positiva, por reforçar o trabalho e o talento do país, enquanto apenas 29% a vêem como um fardo, enquanto na Itália a situação é oposta, com 19% a favor e 69% contra; se na Espanha e na França estamos perto dos 50%-50%, na Polónia já se está nos 24% a favor 52% contra e na Grécia chegamos aos 70% contra e apenas 19% a favor. Com uma divergência destas não se torna fácil definir uma acção comum, pois mais que uma mera questão conjuntural estamos face a uma diferença de atitude, que não desaparece de um dia para o outro, ou por directiva comunitária - uma decisão imposta sem a pedagogia da situação gera ressentimentos que irão perdurar. Há um trabalho de convergência de princípios e valores por fazer. Mostra igualmente a importância de ciclos económicos coordenados e de políticas sociais verdadeiramente comuns, desde a concepção à implementação, que reforcem a coesão. E torna também clara a importância da circulação de pessoas na Europa como forma de esbater diferenças culturais e conceber acções conjuntas - compreender é sempre melhor que impor.
O ‘brexit' é o segundo grande desafio que pode mudar as nossas vidas para pior. É o princípio de um caminho que pode terminar mal, e pôr fim a muito do que foi conseguido na e com a construção europeia. Pode revelar-se difícil de digerir até para o Reino Unido: os nacionalistas escoceses são partidários da permanência na União, o que quer dizer que o próprio Reino Unido pode estar em causa. Diz Nigel Lawson, presidente do Conservatives for Britain, que o verdadeiro risco para o Reino Unido é ficar numa união sem reformas, com a economia e as vidas deles, britânicos, nas mãos de uns burocratas em Bruxelas. Mas o problema transforma-se então no que é o conteúdo das reformas que satisfariam os ingleses. É que já diz o provérbio "pior a emenda que o soneto", e cada país terá ideias próprias sobre estas reformas. Uma alteração ao Tratado, nas circunstâncias actuais, é um processo que todos sabemos como começa, mas ninguém sabe como acaba.
O que quer que venha a acontecer na União nestas duas frentes é diferente de tudo o que vimos no passado. E desta vez dar um salto em frente não é opção. Saltos em frente são perigosos, sobretudo no escuro.
00:05 h
Fernando Pacheco
Económico
É certo que estas são questões que podem deixar sequelas, mas que estarão ultrapassadas em alguns - idealmente, poucos - anos. O futuro da União Europeia como bloco regional autónomo joga-se hoje na crise dos refugiados e no ‘brexit'. Com efeito, são estes dois últimos que vão influenciar o desenho futuro da "nossa" União, pois "mexem" em peças da sua arquitectura que, ao questionarem elementos estruturais adquiridos, tornarão tudo diferente. Ora, eles "puxam" no sentido da desagregação e abrem uma caixa de Pandora, pondo tudo em causa.
Limitar o fecho das fronteiras da Hungria à passagem dos refugiados a uma mera decisão autoritária de um governo autoritário é ignorar o lado mais importante do problema: 66% dos alemães vêem a imigração como positiva, por reforçar o trabalho e o talento do país, enquanto apenas 29% a vêem como um fardo, enquanto na Itália a situação é oposta, com 19% a favor e 69% contra; se na Espanha e na França estamos perto dos 50%-50%, na Polónia já se está nos 24% a favor 52% contra e na Grécia chegamos aos 70% contra e apenas 19% a favor. Com uma divergência destas não se torna fácil definir uma acção comum, pois mais que uma mera questão conjuntural estamos face a uma diferença de atitude, que não desaparece de um dia para o outro, ou por directiva comunitária - uma decisão imposta sem a pedagogia da situação gera ressentimentos que irão perdurar. Há um trabalho de convergência de princípios e valores por fazer. Mostra igualmente a importância de ciclos económicos coordenados e de políticas sociais verdadeiramente comuns, desde a concepção à implementação, que reforcem a coesão. E torna também clara a importância da circulação de pessoas na Europa como forma de esbater diferenças culturais e conceber acções conjuntas - compreender é sempre melhor que impor.
O ‘brexit' é o segundo grande desafio que pode mudar as nossas vidas para pior. É o princípio de um caminho que pode terminar mal, e pôr fim a muito do que foi conseguido na e com a construção europeia. Pode revelar-se difícil de digerir até para o Reino Unido: os nacionalistas escoceses são partidários da permanência na União, o que quer dizer que o próprio Reino Unido pode estar em causa. Diz Nigel Lawson, presidente do Conservatives for Britain, que o verdadeiro risco para o Reino Unido é ficar numa união sem reformas, com a economia e as vidas deles, britânicos, nas mãos de uns burocratas em Bruxelas. Mas o problema transforma-se então no que é o conteúdo das reformas que satisfariam os ingleses. É que já diz o provérbio "pior a emenda que o soneto", e cada país terá ideias próprias sobre estas reformas. Uma alteração ao Tratado, nas circunstâncias actuais, é um processo que todos sabemos como começa, mas ninguém sabe como acaba.
O que quer que venha a acontecer na União nestas duas frentes é diferente de tudo o que vimos no passado. E desta vez dar um salto em frente não é opção. Saltos em frente são perigosos, sobretudo no escuro.
00:05 h
Fernando Pacheco
Económico
Tópicos semelhantes
» Marx está de volta
» A Europa Atlântica está de volta
» O carisma está de volta - e isso não é uma boa notícia
» A Europa Atlântica está de volta
» O carisma está de volta - e isso não é uma boa notícia
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin