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O abuso está de volta
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O abuso está de volta
Sobre o Passado, Portugal não quer falar, apenas esquecer. Não se diz se o passado é o do confisco, da emigração forçada, da destruição da economia ou o passado que levou a intervenção da troika; mas adivinha-se
Ouvi uma campanha na rádio onde Portugal e o Futuro são protagonistas. Portugal, anémico e magrinho (a voz é a do actor Manuel Marques) fala com um Futuro decidido, de voz abaritonada e um pouco distante. O Futuro diz que há muito não fala com Portugal e pergunta pelo Passado. Sobre o Passado, Portugal não quer falar, apenas esquecer. Não se diz se o passado é o do confisco, da emigração forçada, da destruição da economia ou o passado que levou a intervenção da troika; mas adivinha-se. Em qualquer caso do passado não se fala, apenas se lembra que já passou.
Já noutro spot, o Futuro e o Passado falam. É um Passado triste e saudosista que avisa o Futuro de que Portugal o chama. Também há um filme, onde se mostram portugueses tensos e nervosos a viver num mundo negro e deprimente, e que acaba com a frase "o futuro está de volta"; mas é uma peça mais banal. Os spots de rádio, sim, estão bem escritos e bem ditos pelos actores. A agência e o copywriter fizeram um bom trabalho.
Já o briefing é miserável. Um verdadeiro abuso. Quem o fez, e encomendou a campanha, devia ter vergonha e pura e simplesmente tirá-la do ar: trata-se de propaganda política feita por uma instituição comercial que é pública, para benefício da coligação política que a tutela.
Quando a ouvi a primeira vez, estava a ser anunciada, com a pompa que habitualmente das iniciativas governamentais de carácter eleitoralista, a patética iniciativa do Secretário de Estado Pedro Lomba de atrair de volta a Portugal o estonteante número de 40 portugueses. Pensei que era esse o assunto, mas não era. Era a Caixa a oferecer... nada.
A campanha não tem produto nem serviço. É uma espécie de campanha de esperança, que nos afiança que vai ficar tudo bem. Uma típica campanha de papel, só que o papel que desempenha é o da coligação governamental. É um tempo de antena com a promessa eleitoral, nada velada, de um futuro risonho.
Podia ter produto. Podia anunciar crédito à economia; ou uma conta poupança destinada ao futuro de quem o subscrevesse; ou um serviço que ajudasse os clientes a planear o seu pecúlio. Mas nada. Apenas promete um futuro cor de rosa, convocando, não o nosso dinheiro, mas a nossa fé.
A Caixa actua, mais uma vez, como departamento de AGITPROP usando os recursos alocados ao marketing para fazer propaganda política. Já no início do programa de ajustamento a instituição foi célere a anunciar que "vamos dar a volta". Agora anuncia o fim da crise.
Acontece na mesma semana da patética iniciativa de Pedro Lomba e quando a Ministra das Finanças anuncia cofres cheios num país de bolsos vazios. Está tudo seguramente ligado. Afinal a Caixa está a fazer como muitos outros bancos fizeram: favores ao acionista. Só que o acionista somos nós, e eu preferia ver o meu dinheiro empregue a promover produtos e serviços competitivos e inovadores, que ajudassem os clientes e a economia, e não usado em propaganda governamental. Mas se calhar sou só eu, e este assunto não interessa a ninguém. Afinal, como diz Cavaco Silva, é só luta político-partidária.
Por Pedro Bidarra
19/03/2015 | 22:30 | Dinheiro Vivo
Ouvi uma campanha na rádio onde Portugal e o Futuro são protagonistas. Portugal, anémico e magrinho (a voz é a do actor Manuel Marques) fala com um Futuro decidido, de voz abaritonada e um pouco distante. O Futuro diz que há muito não fala com Portugal e pergunta pelo Passado. Sobre o Passado, Portugal não quer falar, apenas esquecer. Não se diz se o passado é o do confisco, da emigração forçada, da destruição da economia ou o passado que levou a intervenção da troika; mas adivinha-se. Em qualquer caso do passado não se fala, apenas se lembra que já passou.
Já noutro spot, o Futuro e o Passado falam. É um Passado triste e saudosista que avisa o Futuro de que Portugal o chama. Também há um filme, onde se mostram portugueses tensos e nervosos a viver num mundo negro e deprimente, e que acaba com a frase "o futuro está de volta"; mas é uma peça mais banal. Os spots de rádio, sim, estão bem escritos e bem ditos pelos actores. A agência e o copywriter fizeram um bom trabalho.
Já o briefing é miserável. Um verdadeiro abuso. Quem o fez, e encomendou a campanha, devia ter vergonha e pura e simplesmente tirá-la do ar: trata-se de propaganda política feita por uma instituição comercial que é pública, para benefício da coligação política que a tutela.
Quando a ouvi a primeira vez, estava a ser anunciada, com a pompa que habitualmente das iniciativas governamentais de carácter eleitoralista, a patética iniciativa do Secretário de Estado Pedro Lomba de atrair de volta a Portugal o estonteante número de 40 portugueses. Pensei que era esse o assunto, mas não era. Era a Caixa a oferecer... nada.
A campanha não tem produto nem serviço. É uma espécie de campanha de esperança, que nos afiança que vai ficar tudo bem. Uma típica campanha de papel, só que o papel que desempenha é o da coligação governamental. É um tempo de antena com a promessa eleitoral, nada velada, de um futuro risonho.
Podia ter produto. Podia anunciar crédito à economia; ou uma conta poupança destinada ao futuro de quem o subscrevesse; ou um serviço que ajudasse os clientes a planear o seu pecúlio. Mas nada. Apenas promete um futuro cor de rosa, convocando, não o nosso dinheiro, mas a nossa fé.
A Caixa actua, mais uma vez, como departamento de AGITPROP usando os recursos alocados ao marketing para fazer propaganda política. Já no início do programa de ajustamento a instituição foi célere a anunciar que "vamos dar a volta". Agora anuncia o fim da crise.
Acontece na mesma semana da patética iniciativa de Pedro Lomba e quando a Ministra das Finanças anuncia cofres cheios num país de bolsos vazios. Está tudo seguramente ligado. Afinal a Caixa está a fazer como muitos outros bancos fizeram: favores ao acionista. Só que o acionista somos nós, e eu preferia ver o meu dinheiro empregue a promover produtos e serviços competitivos e inovadores, que ajudassem os clientes e a economia, e não usado em propaganda governamental. Mas se calhar sou só eu, e este assunto não interessa a ninguém. Afinal, como diz Cavaco Silva, é só luta político-partidária.
Por Pedro Bidarra
19/03/2015 | 22:30 | Dinheiro Vivo
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