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A invasão chinesa
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A invasão chinesa
Estamos perante uma estratégia que visa garantir e consolidar a influência global da China, apoiada no seu poderio económico e na visão de muito longo prazo dos seus investimentos.
Na presente semana, após a fusão dos títulos, o BCP começou a negociar, com cada investidor a ficar com uma acção por cada 75 detidas. Esta operação de fusão era uma das condições que a Fosun impunha para adquirir uma percentagem significativa do capital do BCP, estimando-se que venha a tornar-se o maior accionista deste grupo financeiro.
Note-se que a Fosun já está presente em Portugal, tendo investido em vários grupos e sectores de actividade, nomeadamente controlando o grupo segurador Fidelidade e a Luz Saúde, sendo, indirectamente, um dos principais accionistas da REN, que, curiosamente, também é controlada por um grupo chinês, a State Grid of China.
Pode-se, na verdade, generalizar que grupos empresariais controlados pelo Estado chinês ou por interesses privados chineses têm adquirido posições de controlo em várias grupos e sectores de actividade nos últimos anos. E não tem sido apenas em Portugal. De facto, de acordo com a Bloomberg, pela primeira vez as empresas chinesas estão a investir mais na aquisição de activos estrangeiros do que as empresas norte-americanas. Este dado parece-me da maior relevância.
Em 2006, o investimento total anual de empresas chinesas na aquisição de participações em empresas estrangeiras foi de cerca de 16 mil milhões de dólares. Em apenas três anos triplicou para 48 mil milhões de dólares. Durante 2010 e 2013 apresentou um valor estável a rondar os 55 mil milhões de dólares, tendo, em 2014, saltado para 69 mil milhões e, em 2015, ultrapassou pela primeira vez os 100 mil milhões de dólares, mais precisamente 104 mil milhões de dólares. Durante 2016 atingiu já uns impressionantes 207 mil milhões de dólares, praticamente o dobro do investimento realizado no ano anterior.
Este investimento tem sido efectuado na aquisição de participações em empresas dos mais diversos sectores de actividade ao longo dos últimos dez anos, sendo de destacar o sector das energias tradicionais (147 mil milhões de dólares), o financeiro (81 mil milhões de dólares) e o mineiro (75 mil milhões de dólares). No último ano, porém, as opções de investimento privilegiaram outros sectores, com destaque para os sectores químico, tecnológico, logístico e imobiliário.
Se esta tendência de forte crescimento do investimento das empresas chinesas na aquisição de participações em empresas estrangeiras continuar nos próximos anos, o que me parece ser um cenário realista, isso significa que, daqui a uma ou duas décadas, o capital chinês – controlado na maior parte dos casos pelo Estado chinês – não só controlará os principais recursos como terá uma influência directa nas decisões e na capacidade de gerar riqueza de alguns países ou mesmo de um conjunto de países. Controlando as principais empresas e sectores de um país, a China terá capacidade de influenciar o futuro do mesmo.
No meu entender, estamos perante uma estratégia que visa garantir e consolidar a influência global da China, apoiada no seu poderio económico e na visão de muito longo prazo dos seus investimentos. Os EUA fizeram o mesmo nas últimas décadas, com a grande diferença de que as suas empresas não são controladas pelo Governo. Pelo contrário, são os interesses privados que de alguma forma têm influenciado e patrocinado os governos americanos na definição das suas políticas.
O autor escreve segundo a antiga ortografia.
Tiago Moreira Salgado, Gestor
00:07
Jornal Económico
Na presente semana, após a fusão dos títulos, o BCP começou a negociar, com cada investidor a ficar com uma acção por cada 75 detidas. Esta operação de fusão era uma das condições que a Fosun impunha para adquirir uma percentagem significativa do capital do BCP, estimando-se que venha a tornar-se o maior accionista deste grupo financeiro.
Note-se que a Fosun já está presente em Portugal, tendo investido em vários grupos e sectores de actividade, nomeadamente controlando o grupo segurador Fidelidade e a Luz Saúde, sendo, indirectamente, um dos principais accionistas da REN, que, curiosamente, também é controlada por um grupo chinês, a State Grid of China.
Pode-se, na verdade, generalizar que grupos empresariais controlados pelo Estado chinês ou por interesses privados chineses têm adquirido posições de controlo em várias grupos e sectores de actividade nos últimos anos. E não tem sido apenas em Portugal. De facto, de acordo com a Bloomberg, pela primeira vez as empresas chinesas estão a investir mais na aquisição de activos estrangeiros do que as empresas norte-americanas. Este dado parece-me da maior relevância.
Em 2006, o investimento total anual de empresas chinesas na aquisição de participações em empresas estrangeiras foi de cerca de 16 mil milhões de dólares. Em apenas três anos triplicou para 48 mil milhões de dólares. Durante 2010 e 2013 apresentou um valor estável a rondar os 55 mil milhões de dólares, tendo, em 2014, saltado para 69 mil milhões e, em 2015, ultrapassou pela primeira vez os 100 mil milhões de dólares, mais precisamente 104 mil milhões de dólares. Durante 2016 atingiu já uns impressionantes 207 mil milhões de dólares, praticamente o dobro do investimento realizado no ano anterior.
Este investimento tem sido efectuado na aquisição de participações em empresas dos mais diversos sectores de actividade ao longo dos últimos dez anos, sendo de destacar o sector das energias tradicionais (147 mil milhões de dólares), o financeiro (81 mil milhões de dólares) e o mineiro (75 mil milhões de dólares). No último ano, porém, as opções de investimento privilegiaram outros sectores, com destaque para os sectores químico, tecnológico, logístico e imobiliário.
Se esta tendência de forte crescimento do investimento das empresas chinesas na aquisição de participações em empresas estrangeiras continuar nos próximos anos, o que me parece ser um cenário realista, isso significa que, daqui a uma ou duas décadas, o capital chinês – controlado na maior parte dos casos pelo Estado chinês – não só controlará os principais recursos como terá uma influência directa nas decisões e na capacidade de gerar riqueza de alguns países ou mesmo de um conjunto de países. Controlando as principais empresas e sectores de um país, a China terá capacidade de influenciar o futuro do mesmo.
No meu entender, estamos perante uma estratégia que visa garantir e consolidar a influência global da China, apoiada no seu poderio económico e na visão de muito longo prazo dos seus investimentos. Os EUA fizeram o mesmo nas últimas décadas, com a grande diferença de que as suas empresas não são controladas pelo Governo. Pelo contrário, são os interesses privados que de alguma forma têm influenciado e patrocinado os governos americanos na definição das suas políticas.
O autor escreve segundo a antiga ortografia.
Tiago Moreira Salgado, Gestor
00:07
Jornal Económico
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