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A invasão pacífica dos chineses

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Mensagem por Admin Seg Nov 14, 2016 6:24 pm

A disputar espaço aos comentários sobre a vitória de Donald Trump nas eleições para a presidência dos Estados Unidos apareceu, entre outras, uma notícia a revelar que os chineses foram, em 2015, os principais investidores no setor imobiliário dos EUA. Não é só em Portugal que os chineses mostram interesse em adquirir ativos seguros.

A notícia revela que, nos últimos cinco anos, o fluxo do investimento chinês em propriedade residencial e comercial norte-americana superou os cem mil milhões de dólares, prevendo-se que duplique nos próximos cinco anos, ou seja, que ultrapasse os 200 mil milhões de dólares, valor cuja dimensão é mais visível se for revelado de forma mista: 200 000 milhões de dólares.

Estes valores, constantes num estudo desenvolvido pela Asia Society, uma organização não governamental, e pela Rosen Consulting Group, uma consultora que opera no setor, sublinha que o investimento chinês é muito elevado, mas também se distribui praticamente por todos os segmentos do mercado imobiliário, residencial incluído – isto mesmo ignorando os investimentos chineses feitos por grandes empresas e por fundos de investimentos da própria China como, por exemplo, a Anbang, que há dois anos quis comprar o Novo Banco em Portugal e que comprou o Nova Iorque Waldorf Astoria, um dos mais conhecidos hotéis da cidade, por quase dois mil milhões de dólares.

Na China como em Portugal, segundo revelações do estudo que tenho vindo a citar, por referências de terceiros, nomeadamente da imprensa, a vontade de canalizar poupanças para o imobiliário é dominante até entre o pequeno investidor chinês, relativamente falando, que aposta no imobiliário residencial e numa segunda residência e autorização de residência no estrangeiro.

Por tudo isto, só posso sublinhar que a capacidade de investimento dos chineses é tão grande que poderá manter o nível de investimentos no setor em Portugal a médio e a longo prazo, mesmo que outras nacionalidades venham a retrair-se nesta procura dos nossos ativos mais seguros.

Cidades como Guimarães, Viseu, Aveiro, Beja, Évora, Coimbra, para citar algumas cidades portuguesas, que não Lisboa e Porto, que possuem ativos históricos de grande interesse, também podem vir a beneficiar do interesse chinês em investir no imobiliário.

Claro que isto só ocorrerá se se resolver o problema dos atrasos nos processos de concessão e renovação dos vistos gold associados ao investimento imobiliário, atrasos burocráticos que afugentam investidores de países de fora da União Europeia e sujam a nossa própria reputação de país aberto ao investidor externo.

Num quadro também marcado pela desvalorização da moeda chinesa, o yuan, face ao dólar norte-americano, esta vontade de comprar ativos no estrangeiro é ainda mais forte. Nós sabemo-lo como poucos, pois quase 90% (em rigor, 87%) dos estrangeiros que pedem autorização de residência em Portugal por via do investimento imobiliário são chineses.

Presidente da APEMIP

14/11/2016
Luís Lima 
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