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Liberdade, igualdade, fraternidade... na mobilidade!
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Liberdade, igualdade, fraternidade... na mobilidade!
Quando os serviços públicos coletivos de mobilidade apareceram não se imaginava ainda sequer o que seriam as tecnologias de informação e comunicação. Por isso, a solução encontrada para a cobrança foi obrigar o cliente a comprar o seu direito de viajar, conferido por um título de transporte, antes de usufruir do serviço. Muitas vezes, a boa intenção de proporcionar uma gama de opções mais adaptada às necessidades dos vários segmentos de clientes, tornou a oferta comercial tortuosamente complicada. Imaginação não faltou, mas tudo ficou ainda mais intrincado: validades espaciais por zonas nomeadas ou por vizinhança, organizadas em coroas, favos ou setores; validades temporais por viagem, períodos de calendário ou deslizantes; tarifas quilométricas e de bordo, porta-moedas e unidades de transporte, perfis e descontos, passes e assinaturas, títulos combinados e intermodais, ligações e transbordos, etc.
Outras pistas têm sido perseguidas para simplificar a vida dos passageiros, como é o caso das tarifas planas. Sem dúvida que um preço único simplifica, mas com que efeitos "colaterais"? Pegando em situações concretas da nossa realidade, a introdução de uma tarifa plana ao preço da tarifa mais baixa hoje praticada poderia traduzir-se numa redução superior a 20 por cento na receita do operador para essas tarifas. Para algo menos "ousado", como a média entre a tarifa mais baixa e a imediatamente a seguir, a redução da receita poderia ser ainda assim superior a dez por cento, para além do "pequeno detalhe" de que tipicamente cerca de 50 por cento desses passageiros poderia sentir um aumento de preço na ordem dos dez por cento. Resumindo: parece que o cliente dos serviços públicos de mobilidade está condenado a "doutorar-se" em sistemas complexos, se os quiser usar. Algo que, quem não tem alternativa, seguramente fará, mas que não deixa de ser um sério entrave à tão ambicionada generalização da utilização daqueles serviços.
Mas tentemos abordar o tema noutro ângulo: como poderia ser a solução, se fosse inventada HOJE, com a realidade e as tendências do momento? Quando se fala em soluções de mobilidade, vem-nos logo à mente a utilização do telemóvel. E algo tem sido feito nesse sentido. Mostrar informação no visor, como um código de barras ou um código QR, é hoje muito comum em viagens de longo curso, tanto aéreas como terrestres, e funciona particularmente bem quando o serviço é nominal e com lugar marcado. Por outro lado, o NFC tem tentado colocar os (relativamente poucos) telemóveis com essa tecnologia a "falar" com os sistemas de bilhética já existentes e que foram pensados para trabalhar com cartões contactless. Mas será que o futuro se resume a transformar um telemóvel, essa máquina tão poderosa, num simples papel impresso ou cartão contactless? Não é que o telemóvel proteste, porque já está habituado a ser usado como despertador e lanterna, mas não parece ser a ideia mais ambiciosa...
Imaginemos então algo de mais NATURAL: o passageiro, que ao fim ao cabo o que quer é deslocar-se de um ponto para outro, descobre através do seu telemóvel quais as alternativas disponíveis em função do percurso, tempo, preço e (porque não?) qualidade do serviço. Note-se que o preço pode ser calculado com base nas regras que as autoridades e/ou os operadores envolvidos bem entenderem. O que realmente importa é que libertámos o passageiro das complicações inerentes a essas regras. Na realidade, nem tem de as conhecer, embora naturalmente nada o impeça de tirar o "doutoramento" anteriormente referido. Ele só precisou dizer o realmente sabe e quer: ir de um ponto para outro. No fundo, está a diluir-se o conceito de título de transporte, algo que as gerações vindouras não farão sequer ideia que alguma vez tivesse existido!
Depois, o cliente apenas tem de dizer "quero fazer esta viagem", sendo-lhe cobrado, por meios eletrónicos, o valor correspondente. A partir daí está apto a viajar. As variantes de viagens passo-a-passo, em que o passageiro vai sinalizando o seu trajeto, ou a execução de uma rota anteriormente registada como favorita, serão certamente do agrado dos passageiros ocasionais mais conhecedores ou frequentes. Mas nem tudo são facilidades: smartphones e baterias, dados e GPS, abertura de "gates" e fiscalização colocam novos desafios, para os quais existem soluções convincentes com tecnologia já banalizada. E com a vantagem de, neste preciso momento, estarem muitos milhares de pessoas e muitos milhões de dólares envolvidos na sua evolução. É possível começar o futuro hoje, num processo necessariamente interativo e gradual.
Conclusão? A mudança que interessa não é aquela que "moderniza" os processos que complicam a vida das pessoas. Reinventar conceitos e processos, indo de encontro ao que as pessoas realmente precisam, é a chave do sucesso: dar liberdade através de uma oferta FLEXÍVEL, com uma igualdade de acesso resultante de processos SIMPLES e com a fraternidade própria de uma relação de CONFIANÇA que garante sempre o preço justo. Ou seja, permitir a qualquer passageiro descobrir e escolher a melhor opção, viajar como o maior especialista, nas melhores condições que este conseguiria. Flexibilidade, Simplicidade e Confiabilidade serão o equivalente da Liberdade, Igualdade e Fraternidade na revolução da Mobilidade!
por: Manuel Relvas
16-06-2016
Transportes em Revista
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