Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 147 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 147 visitantes :: 2 motores de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
Posso emprestar a minha declaração de património
Página 1 de 1
Posso emprestar a minha declaração de património
Não houve negócio privado ou público relevante em Portugal nos últimos 25 anos que não tenha tido a mão visível, ou invisível, de um ou mais bancos.
Confesso a minha perplexidade quanto à polémica sobre a obrigatoriedade de entrega de uma declaração de património por parte dos novos administradores da CGD. António Domingues colocou a condição, Centeno aceitou-a, Costa mudou a lei, Marcelo decidiu promulgá-la. Estas cedências foram impensadas e pouco previdentes. Mas a necessidade de assegurar a colaboração de uma equipa preparada e competente falou sempre mais alto.
O que mais me choca em tudo isto é a exigência colocada pelos novos administradores. Qual será o problema de cumprir esta obrigação no exato momento em que se assumem funções numa entidade pública? Não seria normal que o quisessem fazer mesmo que a tal não fossem obrigados?
Perante o ruído público e a sucessão de iniciativas legislativas apresentadas por todos os partidos, com exceção óbvia de um incomodado PS, António Domingues mantém-se em silêncio e faz correr uma informação em que fundamenta a posição num parecer jurídico do próprio banco e na necessidade de executar o programa de recapitalização num ambiente concorrencial. Os “opinion makers”, dependentes do sistema, afirmam que há assuntos mais sérios para tratar. Aí percebemos a verdadeira importância da Caixa. Tudo muito estranho. O problema, quanto a mim, está na forma como esta “casta” de gestores olha para si própria.
A abertura da banca à iniciativa privada em 1984 fez emergir um conjunto de quadros bem preparados que vieram revolucionar a forma de fazer banca em Portugal. Uma década bastou para verificar que os dirigentes bancários passaram a beneficiar de remunerações muito elevadas para o que era normal no nosso país, e mesmo no quadro dos seus congéneres europeus. A generosa distribuição de resultados aos acionistas e a proteção dada aos respetivos investidores, mesmo àqueles que apresentavam sérias dificuldades financeiras, garantiu a não oposição a estas práticas.
De bancários dependentes do capital disponibilizado pelos acionistas, os administradores da banca passaram a controlar completamente a vida das instituições que geriam. De bancários passaram a banqueiros. A partir daí, a sua capacidade de intervenção na vida económica, social e política passou a ser constante. Não houve negócio privado ou público relevante realizado em Portugal nos últimos 25 anos que não tenha tido a mão visível, ou invisível, de um ou mais bancos. Usando uma expressão muito em voga, tornaram-se os “donos disto tudo”.
Quem se habituou a definir as “regras do jogo” não consegue entender que lhe sejam impostas condições ou limitações à intervenção. Na cabeça de cada um destes homens nada disto faz sentido. Emprestaria de bom grado a minha declaração de património caso ela fosse compatível com os níveis de remuneração dos administradores da CGD. Como não é posso apenas deixar um conselho: tenham bom senso e percebam que sem contribuintes o único banco público que a todos pertence já não existiria.
António Moita, Jurista
00:09
Jornal Económico
Confesso a minha perplexidade quanto à polémica sobre a obrigatoriedade de entrega de uma declaração de património por parte dos novos administradores da CGD. António Domingues colocou a condição, Centeno aceitou-a, Costa mudou a lei, Marcelo decidiu promulgá-la. Estas cedências foram impensadas e pouco previdentes. Mas a necessidade de assegurar a colaboração de uma equipa preparada e competente falou sempre mais alto.
O que mais me choca em tudo isto é a exigência colocada pelos novos administradores. Qual será o problema de cumprir esta obrigação no exato momento em que se assumem funções numa entidade pública? Não seria normal que o quisessem fazer mesmo que a tal não fossem obrigados?
Perante o ruído público e a sucessão de iniciativas legislativas apresentadas por todos os partidos, com exceção óbvia de um incomodado PS, António Domingues mantém-se em silêncio e faz correr uma informação em que fundamenta a posição num parecer jurídico do próprio banco e na necessidade de executar o programa de recapitalização num ambiente concorrencial. Os “opinion makers”, dependentes do sistema, afirmam que há assuntos mais sérios para tratar. Aí percebemos a verdadeira importância da Caixa. Tudo muito estranho. O problema, quanto a mim, está na forma como esta “casta” de gestores olha para si própria.
A abertura da banca à iniciativa privada em 1984 fez emergir um conjunto de quadros bem preparados que vieram revolucionar a forma de fazer banca em Portugal. Uma década bastou para verificar que os dirigentes bancários passaram a beneficiar de remunerações muito elevadas para o que era normal no nosso país, e mesmo no quadro dos seus congéneres europeus. A generosa distribuição de resultados aos acionistas e a proteção dada aos respetivos investidores, mesmo àqueles que apresentavam sérias dificuldades financeiras, garantiu a não oposição a estas práticas.
De bancários dependentes do capital disponibilizado pelos acionistas, os administradores da banca passaram a controlar completamente a vida das instituições que geriam. De bancários passaram a banqueiros. A partir daí, a sua capacidade de intervenção na vida económica, social e política passou a ser constante. Não houve negócio privado ou público relevante realizado em Portugal nos últimos 25 anos que não tenha tido a mão visível, ou invisível, de um ou mais bancos. Usando uma expressão muito em voga, tornaram-se os “donos disto tudo”.
Quem se habituou a definir as “regras do jogo” não consegue entender que lhe sejam impostas condições ou limitações à intervenção. Na cabeça de cada um destes homens nada disto faz sentido. Emprestaria de bom grado a minha declaração de património caso ela fosse compatível com os níveis de remuneração dos administradores da CGD. Como não é posso apenas deixar um conselho: tenham bom senso e percebam que sem contribuintes o único banco público que a todos pertence já não existiria.
António Moita, Jurista
00:09
Jornal Económico
Tópicos semelhantes
» Pagar para emprestar
» A Alemanha do quero, posso e faço / 25 anos depois
» Portos portugueses já cumprem Directiva sobre as formalidades de declaração
» A Alemanha do quero, posso e faço / 25 anos depois
» Portos portugueses já cumprem Directiva sobre as formalidades de declaração
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin