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Mensagem por Admin Seg Dez 12, 2016 11:39 am

Não participei, desta vez, no Congresso do PCP que se realizou no passado fim de semana em Almada. Mas acompanhei os trabalhos preparatórios e fui seguindo, consoante a disponibilidade, as sessões pelas televisões, onde se dava mais tempo aos comentadores do que aos que iam passando pela tribuna.

E, bem sei que sou suspeito, a imagem com que ficámos é a de um partido unido, embora consciente da complexidade do momento político que se vive. Complexidade tal, que fez, e ainda bem, saltar para cima da mesa, com uma acuidade maior do que em anteriores congressos, o debate das questões ideológicas sobre aquilo que se espera dos comunistas portugueses numa fase, como os próprios afirmam, extremamente complexa.

Hoje, não há dúvidas de que a solução governativa que temos se deve ao PCP e ao "golpe de asa" que este partido teve na própria noite das eleições, quando, pela voz de Jerónimo de Sousa, disse que o PS só não seria Governo se não o quisesse.

Ao fazê-lo, o PCP estava consciente de que era necessário interromper um ciclo que considera catastrófico para o país: não apenas do ponto de vista da perda de independência e de arruinamento da economia, como também de retrocesso social, com a brutal perda de direitos das classes mais desfavorecidas (diminuição de salários e pensões, aumento das cargas horárias, destruição das funções sociais do Estado e da contratação coletiva). Pelo que se tornava fundamental criar um "período para respirar", reganhando aquilo que se perdeu durante os anos negros da troika e que, sabe-se hoje, o PSD e o CDS, ao contrário do que diziam na campanha eleitoral, queriam que fosse irreversível. Na linguagem militar, depois de recuos sistemáticos de trincheira em trincheira, um momento de recuperação, reocupando trincheiras mais avançadas.

Com esta atitude, da mesma maneira que alguns só passados 40 anos de democracia descobriram que, afinal, as eleições legislativas elegem deputados e não primeiros-ministros, outros (incluindo os mesmos...) descobriram que o PCP não é, apenas, um partido de protesto, sendo, também, um partido de proposta. Com a vantagem de ser um partido adulto, que não se submete a agendas mediáticas, antes procura a solidez dos resultados em vez do mediatismo do espetáculo inconsistente.

Mantendo a pressão da rua, com menor expressão dado que os tempos são de (re)conquista social e não de perda. Mas sabendo-se que a rua não será abandonada ao mínimo sinal de hesitação governamental...

Se isso dá votos, não sabemos. Mas a situação em que nos encontrávamos exigia que, antes de se pensar nos votos próprios, se pensasse nas pessoas e no próprio país. O que só está ao alcance de quem tem visão. E é (con)fiável...

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Rui Sá
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