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“Zonas Altas”
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“Zonas Altas”
O termo “Zonas Altas” era utilizado no Plano Director Municipal do Funchal para designar os bairros habitacionais de génese ilegal que, a partir dos anos 80 do século passado se começaram a fixar nas cotas mais elevadas da cidade, alargando o seu perímetro a norte. Quase sempre desprovidos das infra-estruturas básicas que dão conforto à vida nos centros urbanos já consolidados - redes de água, esgotos e electricidade, bem como arruamentos capazes de suportar o tráfego automóvel e os transportes públicos - estes bairros começaram por albergar uma população que não tinha meios para adquirir casa mais próxima da baixa da cidade. Aí, a habitação escasseava, os preços praticados eram proibitivos e os bairros sociais incapazes de acolher o afluxo de gente que procurava a capital do arquipélago para trabalhar.
Hoje, a situação alterou-se e designar os bairros que nas freguesias de Santo António e São Roque se situam acima da Estrada Comandante Camacho de Freitas, ou os bairros integrados na freguesia do Monte e as franjas mais elevadas de Santa Maria Maior ou de São Gonçalo, como Zonas Altas não tem mais cabimento. Na realidade, serve apenas para estigmatizar as comunidades que os habitam - e cuja radiografia social está, aliás, por fazer (algo me diz que a classe média aí representa já um peso importante). Com o tempo, estes conjuntos habitacionais consolidaram-se, foram reivindicando as infra-estruturas básicas que lhes faltavam, e foram adquirindo uma identidade própria que hoje os distingue uns dos outros. É essa identidade que nos permite falar deles como bairros e não, abstractamente, como “Zonas Altas”.
Não obstante, existem inúmeros problemas por resolver neste perímetro da cidade do Funchal. A eliminação de habitação ou indústria em zonas de risco, a acessibilidade a viaturas de emergência, ou a disciplina a introduzir nas zonas florestadas com eucaliptos e outras infestantes próximas das habitações, são medidas consensuais e unânimes. A fixação das casas nas lombadas a ambos os lados de caminhos com pendentes bastante elevadas - forma de povoamento, aliás, muito comum na Madeira rural - torna difícil, mas não impossível, a criação de espaço público. Pequenas intervenções cirúrgicas de desenho urbano bastariam para criar, aqui e ali, um miradouro, um recesso de estar com alguns bancos frente ao café de bairro, uma vereda acessível a quem tem mais idade e dificuldade em subir a lombada.
Por outro lado, algumas medidas de fundo, como a transformação da Estrada Comandante Camacho de Freitas num eixo de equipamentos, comércio e serviços ao alcance das comunidades fixadas nas suas ramificações mais elevadas traria, certamente, mais conforto a todos os habitantes do perímetro urbano de Santo António e São Roque. O que não pode vir a repetir-se são desastres urbanísticos como a cota 500, uma via elevada e descosida de toda a malha de caminhos e veredas que estrutura estes bairros. Nas margens estéreis dos seus tabuleiros nada pegará: nem comércio, nem ruas, nem passeios, nem flores. Ficará, para memória futura, como testemunho de dinheiro mal gasto.
RUI CAMPOS MATOS , ARQUITECTO / 12 DEZ 2016 / 02:00 H.
Diário de Notícias da Madeira
Hoje, a situação alterou-se e designar os bairros que nas freguesias de Santo António e São Roque se situam acima da Estrada Comandante Camacho de Freitas, ou os bairros integrados na freguesia do Monte e as franjas mais elevadas de Santa Maria Maior ou de São Gonçalo, como Zonas Altas não tem mais cabimento. Na realidade, serve apenas para estigmatizar as comunidades que os habitam - e cuja radiografia social está, aliás, por fazer (algo me diz que a classe média aí representa já um peso importante). Com o tempo, estes conjuntos habitacionais consolidaram-se, foram reivindicando as infra-estruturas básicas que lhes faltavam, e foram adquirindo uma identidade própria que hoje os distingue uns dos outros. É essa identidade que nos permite falar deles como bairros e não, abstractamente, como “Zonas Altas”.
Não obstante, existem inúmeros problemas por resolver neste perímetro da cidade do Funchal. A eliminação de habitação ou indústria em zonas de risco, a acessibilidade a viaturas de emergência, ou a disciplina a introduzir nas zonas florestadas com eucaliptos e outras infestantes próximas das habitações, são medidas consensuais e unânimes. A fixação das casas nas lombadas a ambos os lados de caminhos com pendentes bastante elevadas - forma de povoamento, aliás, muito comum na Madeira rural - torna difícil, mas não impossível, a criação de espaço público. Pequenas intervenções cirúrgicas de desenho urbano bastariam para criar, aqui e ali, um miradouro, um recesso de estar com alguns bancos frente ao café de bairro, uma vereda acessível a quem tem mais idade e dificuldade em subir a lombada.
Por outro lado, algumas medidas de fundo, como a transformação da Estrada Comandante Camacho de Freitas num eixo de equipamentos, comércio e serviços ao alcance das comunidades fixadas nas suas ramificações mais elevadas traria, certamente, mais conforto a todos os habitantes do perímetro urbano de Santo António e São Roque. O que não pode vir a repetir-se são desastres urbanísticos como a cota 500, uma via elevada e descosida de toda a malha de caminhos e veredas que estrutura estes bairros. Nas margens estéreis dos seus tabuleiros nada pegará: nem comércio, nem ruas, nem passeios, nem flores. Ficará, para memória futura, como testemunho de dinheiro mal gasto.
RUI CAMPOS MATOS , ARQUITECTO / 12 DEZ 2016 / 02:00 H.
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