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FUNÇÃO PÚBLICA: A mais recente vítima do marxismo
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FUNÇÃO PÚBLICA: A mais recente vítima do marxismo
Depois da reintrodução do horário de 35 horas para os funcionários públicos, o que provocou danos nos serviços prestados pelo SNS, Catarina agora vem afirmar que é necessária mais gente para... o SNS
O marxismo é uma ideologia consistente, ninguém pode afirmar o contrário: ao fim de quase cem anos de revolução russa, continua a provocar vítimas. A destes dias foi um restaurante vegan e de comida crua, que fechou na cidade de Grand Rapids, no estado americano do Michigan. E não, não pensem que o dito restaurante fechou porque os seus bárbaros clientes preferiam uns suculentos bifes grelhados com molho barbecue. A razão foi bastante mais divertida.
O Bartertown Diner era um restaurante marxista. Nas suas paredes exibia garbosamente imagens de Che Guevara e Mao Zedong. No seu facebook, em vez de se promoverem as novas iguarias, escreviam-se tiradas doutrinárias marxistas. Apesar de existir um proprietário, não havia essa mania capitalista dos chefes no restaurante, todos mandavam o mesmo e as decisões eram tomadas coletivamente. Toda a gente ganhava igualmente e implementou-se uma política de não aceitação de gorjetas. Os empregados tinham de pertencer a um sindicato. O que poderia correr mal?
Vejamos. Os clientes não podiam gratificar por um bom serviço, pelo que as refeições eram dispendiosas para compensar a perda das gorjetas. Como não havia incentivo para o tal bom serviço que poderia merecer a gorjeta, uma sandwich demorava quarenta minutos a entregar. Os horários eram decididos pelo coletivo, de acordo com a conveniência da força proletária; em resultado desta política orientada para o prestador de serviços, o restaurante abria só quando era conveniente a quem lá trabalhava, em vez de quando os potenciais clientes necessitavam de alimentação. No Reddit alguém aventou a possibilidade de ser indigesto partilhar um repasto com os assassinos em série representados nas paredes.
Como última estocada, o diner ofendeu até os que ainda conseguia alimentar com a sua produção ideológica. No verão, o restaurante enviou uma refeição gratuita para os polícias de Grand Rapids, para lhes agradecer a manutenção da segurança da zona. Este pequeno truque de tendências reacionárias foi descoberto quando a polícia agradeceu na sua página do facebook. Como se sabe, a polícia faz parte da classe exploradora e o restaurante marxista foi vilipendiado por se associar a uma organização ‘quase exclusivamente branca’ numa ‘época de violência policial’. O karma marxista abateu-se sobre os coletivistas vegan e puniu esta traição ao espírito marxista revolucionário com uma escassez definitiva de dinheiro poucos meses depois.
Claro que poderia permanecer por aqui notando o pouco esclarecimento ideológico dos clientes do diner, que não sabem que nem só de pão (ou de legumes crus) vive o homem, mas também da palavra de Marx. Ou os arreigados hábitos burgueses dos ditos clientes, que consideravam mais importante serem alimentados em tempo razoável, ou às horas normais de refeição, do que o respeito pelos ritmos subjetivos e individuais dos membros do coletivo do restaurante.
Mas escolho deixar os clientes do diner em paz, atravessar o charco e celebrar termos no país as almas gémeas dos coletivistas de Grand Rapids. Por exemplo, Catarina Martins. Que esta semana pareceu a qualquer cidadão desprevenido ter descido em alguns momentos à loucura, não soubesse o cidadão experiente que esse é o estado normal de qualquer militante do BE.
Ora bem: depois de reintroduzirem, com a geringonça, o horário de 35 horas semanais para os funcionários públicos – o que inevitavelmente causou atrasos e danos nos serviços prestados aos utentes, especialmente sentidos nas escolas e no SNS – Catarina agora vem afirmar que é necessária mais gente para trabalhar no SNS. Estando nós já com uma carga fiscal ao nível da cleptomania descarada, mantendo-se constrangimentos orçamentais sérios (que lá por não se estudarem nas escolas de teatro não deixam de ser reais), estando os juros da dívida pública a subir novamente (o que torna mais cara a continuação do endividamento), o crescimento anémico de mais para sustentar devaneios surrealistas – questiono-me: como quer pagar Catarina Martins mais pessoal no SNS? E se é necessário mais pessoal, porque se reduziu o horário a quem já estava? Para criar a necessidade de mais funcionários públicos, futuros votantes da geringonça?
Porém Catarina não se interessa como se paga um SNS mais caro, porque esse fenómeno que é o dinheiro é-lhe desconhecido. Ainda sobre o SNS, Catarina afirmou que ‘não podemos continuar a alimentar o setor privado da saúde com dinheiros públicos’. Deixemos por agora de lado o ridículo do BE a fingir que quer atacar a ADSE dos funcionários públicos. Vamos aos ‘dinheiros públicos’. Uma vez que os dinheiros que o Estado utiliza são dinheiros dos privados que cobrou como impostos, os dinheiros do Estado são sempre dinheiros privados. Mas Catarina não percebe.
Ou, em alternativa, considera os contribuintes escravos do estado, que é o proprietário de toda a riqueza que nós, privados, geramos mas, por ser tão benevolente, nos permite ficar com uma porção do rendimento que é nosso – uma espécie de semanada, mas cada vez menor. Como dantes as senhoras casadas que trabalhavam fora de casa entregavam o ordenado aos maridos, que de seguida lhes devolviam generosamente uma pequena parcela para governarem a casa. Façamos vénias profundas de agradecimento a Catarina Martins por nos permitir ficar com uns pós do que produzimos.
É possível, que no BE não têm grande apreço pela liberdade alheia e veem os contribuintes como a nova classe a explorar. São mais sinistros que os marxistas do diner, em todo o caso. Porque apostam numa falência muito mais estrondosa do que a de uma tasca vegan.
Maria João Marques
14/12/2016, 7:56
Observador
O marxismo é uma ideologia consistente, ninguém pode afirmar o contrário: ao fim de quase cem anos de revolução russa, continua a provocar vítimas. A destes dias foi um restaurante vegan e de comida crua, que fechou na cidade de Grand Rapids, no estado americano do Michigan. E não, não pensem que o dito restaurante fechou porque os seus bárbaros clientes preferiam uns suculentos bifes grelhados com molho barbecue. A razão foi bastante mais divertida.
O Bartertown Diner era um restaurante marxista. Nas suas paredes exibia garbosamente imagens de Che Guevara e Mao Zedong. No seu facebook, em vez de se promoverem as novas iguarias, escreviam-se tiradas doutrinárias marxistas. Apesar de existir um proprietário, não havia essa mania capitalista dos chefes no restaurante, todos mandavam o mesmo e as decisões eram tomadas coletivamente. Toda a gente ganhava igualmente e implementou-se uma política de não aceitação de gorjetas. Os empregados tinham de pertencer a um sindicato. O que poderia correr mal?
Vejamos. Os clientes não podiam gratificar por um bom serviço, pelo que as refeições eram dispendiosas para compensar a perda das gorjetas. Como não havia incentivo para o tal bom serviço que poderia merecer a gorjeta, uma sandwich demorava quarenta minutos a entregar. Os horários eram decididos pelo coletivo, de acordo com a conveniência da força proletária; em resultado desta política orientada para o prestador de serviços, o restaurante abria só quando era conveniente a quem lá trabalhava, em vez de quando os potenciais clientes necessitavam de alimentação. No Reddit alguém aventou a possibilidade de ser indigesto partilhar um repasto com os assassinos em série representados nas paredes.
Como última estocada, o diner ofendeu até os que ainda conseguia alimentar com a sua produção ideológica. No verão, o restaurante enviou uma refeição gratuita para os polícias de Grand Rapids, para lhes agradecer a manutenção da segurança da zona. Este pequeno truque de tendências reacionárias foi descoberto quando a polícia agradeceu na sua página do facebook. Como se sabe, a polícia faz parte da classe exploradora e o restaurante marxista foi vilipendiado por se associar a uma organização ‘quase exclusivamente branca’ numa ‘época de violência policial’. O karma marxista abateu-se sobre os coletivistas vegan e puniu esta traição ao espírito marxista revolucionário com uma escassez definitiva de dinheiro poucos meses depois.
Claro que poderia permanecer por aqui notando o pouco esclarecimento ideológico dos clientes do diner, que não sabem que nem só de pão (ou de legumes crus) vive o homem, mas também da palavra de Marx. Ou os arreigados hábitos burgueses dos ditos clientes, que consideravam mais importante serem alimentados em tempo razoável, ou às horas normais de refeição, do que o respeito pelos ritmos subjetivos e individuais dos membros do coletivo do restaurante.
Mas escolho deixar os clientes do diner em paz, atravessar o charco e celebrar termos no país as almas gémeas dos coletivistas de Grand Rapids. Por exemplo, Catarina Martins. Que esta semana pareceu a qualquer cidadão desprevenido ter descido em alguns momentos à loucura, não soubesse o cidadão experiente que esse é o estado normal de qualquer militante do BE.
Ora bem: depois de reintroduzirem, com a geringonça, o horário de 35 horas semanais para os funcionários públicos – o que inevitavelmente causou atrasos e danos nos serviços prestados aos utentes, especialmente sentidos nas escolas e no SNS – Catarina agora vem afirmar que é necessária mais gente para trabalhar no SNS. Estando nós já com uma carga fiscal ao nível da cleptomania descarada, mantendo-se constrangimentos orçamentais sérios (que lá por não se estudarem nas escolas de teatro não deixam de ser reais), estando os juros da dívida pública a subir novamente (o que torna mais cara a continuação do endividamento), o crescimento anémico de mais para sustentar devaneios surrealistas – questiono-me: como quer pagar Catarina Martins mais pessoal no SNS? E se é necessário mais pessoal, porque se reduziu o horário a quem já estava? Para criar a necessidade de mais funcionários públicos, futuros votantes da geringonça?
Porém Catarina não se interessa como se paga um SNS mais caro, porque esse fenómeno que é o dinheiro é-lhe desconhecido. Ainda sobre o SNS, Catarina afirmou que ‘não podemos continuar a alimentar o setor privado da saúde com dinheiros públicos’. Deixemos por agora de lado o ridículo do BE a fingir que quer atacar a ADSE dos funcionários públicos. Vamos aos ‘dinheiros públicos’. Uma vez que os dinheiros que o Estado utiliza são dinheiros dos privados que cobrou como impostos, os dinheiros do Estado são sempre dinheiros privados. Mas Catarina não percebe.
Ou, em alternativa, considera os contribuintes escravos do estado, que é o proprietário de toda a riqueza que nós, privados, geramos mas, por ser tão benevolente, nos permite ficar com uma porção do rendimento que é nosso – uma espécie de semanada, mas cada vez menor. Como dantes as senhoras casadas que trabalhavam fora de casa entregavam o ordenado aos maridos, que de seguida lhes devolviam generosamente uma pequena parcela para governarem a casa. Façamos vénias profundas de agradecimento a Catarina Martins por nos permitir ficar com uns pós do que produzimos.
É possível, que no BE não têm grande apreço pela liberdade alheia e veem os contribuintes como a nova classe a explorar. São mais sinistros que os marxistas do diner, em todo o caso. Porque apostam numa falência muito mais estrondosa do que a de uma tasca vegan.
Maria João Marques
14/12/2016, 7:56
Observador
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