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Destinos (conto)
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Destinos (conto)
um bom Colega, um óptimo companheiro. E falou-lhe da coincidência dos nomes de ambos em relação aos Avós de cada um.
“Avó, porque me chamo Ana Maria?”
“Olha foi o teu Avô que escolheu esse nome, embora, curiosamente, não houvesse quem o tivesse na família.
Ninguém contestou essa escolha e Ana Maria ficaste!”
No início das aulas na Faculdade de Direito de Lisboa, ao ocuparem os seus lugares, olharam-se, olhos nos olhos, como já se conhecessem há muito tempo.
“Olá, eu sou o Abílio Jorge. E tu?”
“Eu sou a Ana Maria.”
Acabada a aula plenária, que seguiram atentamente, ambos foram para o bar beber um café.
“Ana Maria, onde moras?”
“Eu moro em Oeiras em casa da minha Avó materna. E tu?”
“Eu moro no Montijo, em casa dos meus pais.”
“Como vens para a Faculdade?”
“Venho no meu carro, um Peugeot 108, oferta dos meus pais nos meus vinte anos.”
“Eu venho no comboio, ainda não tenho carta de condução, nem devo, tão cedo, ter direito a automóvel próprio.”
“É engraçado, chamas-te Ana Maria, o mesmo nome da minha Avó paterna!”
“E tu, Abílio Jorge, que era o nome do meu Avô materno! Há cada coincidência!”
E, a partir deste primeiro encontro, começaram a andar e a estudar juntos, uma vez por outra a lanchar no bar da Faculdade e, por vezes, a almoçar num restaurante das imediações do Colégio Moderno.
Nas férias do Natal Ana Maria contou à Avó o interesse que tinha em andar com o Abílio Jorge que considerava, além de um bom Colega, um óptimo companheiro. E falou-lhe da coincidência dos nomes de ambos em relação aos Avós de cada um.
“Avó, porque me chamo Ana Maria?”
“Olha foi o teu Avô que escolheu esse nome, embora, curiosamente, não houvesse quem o tivesse na família.
Ninguém contestou essa escolha e Ana Maria ficaste!”
Aconteceu que Abílio Jorge, de visita a sua Avó paterna, viúva e residente em Palmela, também lhe falou na simpatia que sentia pela sua Colega Ana Maria. E da tal coincidência de nomes.
“Avó, quem escolheu o meu nome?
Reparou que a Avó, deixando de parte a malha que estava a fazer,corou um pouco antes de responder: “Fui eu que escolhi esse nome. Não me digas que, ao fim de tantos anos, não gostas dele?”
“Gosto, gosto muito Avó, e sabendo que foi escolha tua ainda passo a gostar mais!”
No recomeço das aulas ambos relataram as conversas tidas com as respectivas Avós.
E Abílio Jorge mostrou a Ana Maria uma foto da Avó que trazia na carteira. Ana Maria olhou, olhou e disse: “É curioso, a cara da tua Avó não me parece estranha. É uma senhora ainda muito bonita!”
“Pois é. E, quando mais nova, pelas fotos que tenho visto, era de uma grande beleza!”
“Empresta-me a foto para eu mostrar à minha Avó.”
“Aqui a tens. E do teu Avô não tens nenhuma fotografia?”
“Por acaso até tenho. Vê!”
“O teu Avô era um homem muito bem parecido. O que fazia ele?”
“Era licenciado em Direito e chefiava os Recursos Humanos de uma grande empresa de Lisboa.”
“A minha Avó era médica dirigindo os Serviços de Medicina também de uma grande empresa lisboeta.”
E ambos disseram os nomes dessas empresas, que, imagine-se eram só uma, ou seja, a mesma.
“Ana Maria, posso levar a fotografia do teu Avô para a minha Avó ver? Se calhar até se conheceram, ainda que essa empresa tivesse milhares de colaboradores.”
No final dessa semana mostraram as fotografias às suas Avós.
“Meu Deus, Ana Maria! Nem posso imaginar que esse Abílio Jorge seja neto de quem é! Acho melhor deixares de andar com ele!”
“Porquê Avó, porquê?”
“Mais tarde te explico. Agora não, fiquei perturbada! Deixa-me pensar melhor!”
A Avó de Abílio Jorge, ao ver a fotografia, empalideceu e quase desfaleceu.
“Abílio Jorge, vai ali à minha secretária, na gaveta do meio, e trás-me uma caixa de folha que está lá.”
Abílio Jorge assim o fez. Ana Maria abriu a caixa e dela retirou um maço de cartas atadas com uma fita vermelha e uma fotografia, nem mais nem menos do que a do Avô de Ana Maria.
Enquanto as lágrimas lhe escorriam pelas faces, pediu ao neto para manter em segredo o que lhe ia revelar.
“Está descansada Avó, a minha boca nunca se abrirá!”
“Meu neto, muitos anos antes de teres nascido, eu e o Abílio Jorge tivemos um romance de amor, muito grande, mesmo muito grande. Amor impossível e fracassado, ambos éramos casados, eu com o teu falecido Avô e ele com a Avó da Ana Maria. Cada um seguiu a sua vida, eu saí da empresa e nunca mais nos encontrámos. Gostas muito da Ana Maria?”
“Avó, gosto muito. Mas, como pediste para guardar segredo, não lhe poderei falar no assunto:”
“Abílio Jorge, se ela falar no caso mostrando também saber, pela Avó, o que se passou, fica ao teu critério revelares o que te disse.”
“Avó, já me podes dizer porque não posso andar com o Abílio Jorge?”
“Já, é bom que o saibas. Lembras-te quando foi o velório do teu Avô de ter ali aparecido uma senhora de óculos escuros e de véu negro na cabeça? E que saiu de lágrimas nos olhos?”
“Sim, lembro-me muito bem e até te perguntei quem era. A tua resposta foi de que deveria ser de uma antiga Colega de Faculdade do Avô. Mas bem sabias quem era, por isso ao ver a sua foto, me pareceu que a sua cara não me era estranha! E agora Avó, achas que não devo voltar a andar com ele?”
“Ana Maria, gostas desse rapaz?”
“Gosto muito. E se achas que não devo andar com ele só me resta ir estudar para Coimbra!”
“Não, Ana Maria! Quando recomeçarem as aulas deves ter uma conversa a sério com ele e ambos, se os sentimentos forem mútuos, irão resolver o assunto a contento!”
E assim se passou. Durante muito tempo Ana Maria e Abílio Jorge, no bar da Faculdade, não esconderam as suas emoções e resolveram continuar a sua Amizade, agora reforçada.
Ao descerem a Alameda já vinham de mãos dadas e, de repente, se beijaram pela primeira vez.
“Ana Maria, ao contrário dos nossos Avós, não temos qualquer impedimento que nos impeça de sermos felizes!”
“É verdade Abílio Jorge! Foi o destino que nos proporcionou esta espécie de reencontro! E vamos mesmo ser felizes!”
Jorge Fagundes
Barreiro
22.12.2016 - 15:29
Rostos
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