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Portugal no seu pior
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Portugal no seu pior
as nossas diligências para obter o apoio da Presidência da República não tiveram sucesso
A imagem das instalações recentemente construídas na Selvagem Grande desmoraliza qualquer português e reclama a intervenção imediata do Senhor Presidente da República. Com efeito, ela não dignifica a tradição de um país cuja engenharia militar ergueu, das costas do Atlântico às do Índico, algumas das suas mais esplêndidas construções. Pior: ela é expressão do desrespeito pelo ambiente e da incapacidade de compreender que um projecto para o Parque Natural das Selvagens é tarefa que requer um elevado grau de exigência.
Em Maio de 2016 escrevia eu que, ao reclamar como parte integrante do seu território estas duas ilhas, Portugal não poderia descurar o seu potencial ambiental e científico, nem a qualidade das instalações de que aí dispunha. Qualquer construção a levar a cabo nas Selvagens deveria, portanto, integrar-se harmoniosamente na paisagem, respondendo a rigorosos critérios de sustentabilidade energética e ambiental. Seguidamente, congratulava-me com os resultados do concurso levado a cabo pela Ordem dos Arquitectos (OA) com a parceria da Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais e do Parque Natural da Madeira – concurso que teve como objectivo seleccionar o melhor projecto para as futuras instalações dos vigilantes, investigadores e eventuais visitantes das ilhas. O projecto seleccionado era exemplar no que respeita à sua integração na paisagem, economia construtiva e eficácia funcional, como o pôde comprovar quem visitou a exposição que esteve patente na sede da OA no Funchal.
Convictos do sucesso que poderia vir a ter a iniciativa, procuramos obter o Alto Patrocínio da Presidência da República para o empreendimento – já que as Selvagens, como é do conhecimento público, por uma questão de afirmação da soberania nacional, foram objecto de especial atenção dos presidentes Mário Soares, Jorge Sampaio, Cavaco Silva e, mais recentemente, Marcelo Rebelo de Sousa. Em Junho de 2016, porém, o Secretário de Estado da Defesa anunciou que no final de Agosto o Governo iria abrir uma extensão permanente da Polícia Marítima da Madeira nas Ilhas Selvagens e o Presidente do Governo Regional falou, vagamente, em “turismo científico”...
Conclusão: as nossas diligências para obter o apoio da Presidência da República não tiveram sucesso e o resultado está à vista. Lá onde a Nação disputa com Espanha a sua fronteira Sul; onde o trabalho de investigadores madeirenses, como Paul Alexander Zino, tornou possível que em 1971 fosse criada a primeira Reserva Natural do país; onde deveríamos ter dado ao mundo o exemplo de que sabemos construir respeitando os valores naturais do meio; onde outrora os “varões fortes que iam nas armadas à Índia” navegaram, deixando em terra o testemunho perene da sua nobre arte de construir e guerrear, é onde hoje surge a imagem do que Portugal tem de pior: a do desprezo pelo que é projectado e pensado por quem o sabe fazer, a do dinheiro malbaratado, a das barracas desconexas e efémeras que a primeira levadia se encarregará de varrer da face da terra.
RUI CAMPOS MATOS , ARQUITECTO / 13 FEV 2017 / 02:00 H.
Diário de Notícias da Madeira
A imagem das instalações recentemente construídas na Selvagem Grande desmoraliza qualquer português e reclama a intervenção imediata do Senhor Presidente da República. Com efeito, ela não dignifica a tradição de um país cuja engenharia militar ergueu, das costas do Atlântico às do Índico, algumas das suas mais esplêndidas construções. Pior: ela é expressão do desrespeito pelo ambiente e da incapacidade de compreender que um projecto para o Parque Natural das Selvagens é tarefa que requer um elevado grau de exigência.
Em Maio de 2016 escrevia eu que, ao reclamar como parte integrante do seu território estas duas ilhas, Portugal não poderia descurar o seu potencial ambiental e científico, nem a qualidade das instalações de que aí dispunha. Qualquer construção a levar a cabo nas Selvagens deveria, portanto, integrar-se harmoniosamente na paisagem, respondendo a rigorosos critérios de sustentabilidade energética e ambiental. Seguidamente, congratulava-me com os resultados do concurso levado a cabo pela Ordem dos Arquitectos (OA) com a parceria da Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais e do Parque Natural da Madeira – concurso que teve como objectivo seleccionar o melhor projecto para as futuras instalações dos vigilantes, investigadores e eventuais visitantes das ilhas. O projecto seleccionado era exemplar no que respeita à sua integração na paisagem, economia construtiva e eficácia funcional, como o pôde comprovar quem visitou a exposição que esteve patente na sede da OA no Funchal.
Convictos do sucesso que poderia vir a ter a iniciativa, procuramos obter o Alto Patrocínio da Presidência da República para o empreendimento – já que as Selvagens, como é do conhecimento público, por uma questão de afirmação da soberania nacional, foram objecto de especial atenção dos presidentes Mário Soares, Jorge Sampaio, Cavaco Silva e, mais recentemente, Marcelo Rebelo de Sousa. Em Junho de 2016, porém, o Secretário de Estado da Defesa anunciou que no final de Agosto o Governo iria abrir uma extensão permanente da Polícia Marítima da Madeira nas Ilhas Selvagens e o Presidente do Governo Regional falou, vagamente, em “turismo científico”...
Conclusão: as nossas diligências para obter o apoio da Presidência da República não tiveram sucesso e o resultado está à vista. Lá onde a Nação disputa com Espanha a sua fronteira Sul; onde o trabalho de investigadores madeirenses, como Paul Alexander Zino, tornou possível que em 1971 fosse criada a primeira Reserva Natural do país; onde deveríamos ter dado ao mundo o exemplo de que sabemos construir respeitando os valores naturais do meio; onde outrora os “varões fortes que iam nas armadas à Índia” navegaram, deixando em terra o testemunho perene da sua nobre arte de construir e guerrear, é onde hoje surge a imagem do que Portugal tem de pior: a do desprezo pelo que é projectado e pensado por quem o sabe fazer, a do dinheiro malbaratado, a das barracas desconexas e efémeras que a primeira levadia se encarregará de varrer da face da terra.
RUI CAMPOS MATOS , ARQUITECTO / 13 FEV 2017 / 02:00 H.
Diário de Notícias da Madeira
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