Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 54 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 54 visitantes :: 1 motor de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
Ir de comboio?
Página 1 de 1
Ir de comboio?
Há mais de duas décadas que, por razões de trabalho, faço com regularidade a ligação Braga-Lisboa de comboio. Nesse tempo, não tenho notado modificações que me surpreendam de forma positiva. Poder-se-á dizer que as viagens agora são mais rápidas. É normal. Mas faltam-lhes algum conforto e soluções que agilizem a vida de quem opta pelo transporte ferroviário.
"Comboios transportam hoje tantos clientes como em 1967", noticiava ontem o "Jornal de Notícias". A pormenorizada peça reportava elementos disponibilizados pela nova base de dados da Pordata dedicada aos transportes. Ao longo do texto, ficámos a saber que o melhor desempenho de sempre fixou-se em 1988, ano em que os comboios transportaram mais de 230 milhões de utentes. Em 2015, esse número baixou para 130 milhões, ou seja, menos oito milhões de pessoas do que em 1967. Não são precisos estudos aprofundados para saber que o Estado não tem investido na via-férrea. Pelo contrário. Ao longo das últimas décadas, foi atropelando-a de forma inadmissível. Desativou linhas, paralisou outras e tornou anacrónicos os comboios de passageiros.
Lembro-me bem das viagens de cinco horas para chegar de Braga a Lisboa, se tudo corresse bem. Estávamos no início dos anos 90. Na altura, o horário era apenas um pio indicador que, por regra, se infringia, sem nunca pedir desculpa a ninguém. Fazer a viagem de ida e regresso no mesmo dia exigia, em média, umas 12 horas de viagem. Inaceitável para aquelas distâncias. Aos poucos, o tempo foi encurtando. Hoje a mesma viagem consome-nos seis horas. Metade do tempo em relação a um passado recente, dirão os otimistas. Ainda umas longas horas, assegurarão os realistas. É, pois, necessário o Estado investir mais dinheiro para que os utentes gastem menos tempo. E prefiram, sem hesitação, o comboio ao seu automóvel.
Outro elemento a ter em conta é o horário dos comboios que fazem a extensão do Alfa ou do Intercidades a outros pontos geográficos. Algumas dessas ligações apresentam intervalos de 5 a 15 minutos, tempos curtos, quando os atrasos são frequentes. Basta um Alfa chegar a uma estação com 10 minutos de atraso e parar numa linha oposta àquela donde parte um comboio de ligação para que o mais acelerado dos utentes diga adeus à continuação da sua viagem.
Falemos agora do conforto das carruagens. Para quem, como eu, viaja quase sempre em Alfa Pendular optar por um comboio Intercidades e sentar-se numa carruagem de segunda classe equivale a entrar numa cápsula do tempo e recuar uns 50 anos. Há semanas, apanhei um desses comboios no Porto em direção a Lisboa. O banco correspondente ao meu bilhete estava sujo. Assinalei isso ao revisor que me disse para me sentar noutro, acrescentando que a escolha não me ditaria uma solução mais asseada. O chão também não estava em melhor estado e o cheiro que se propagava por aquele espaço seria, decerto, desaconselhável a pessoas impacientes para falhas a este nível. Não limpam as carruagens?, perguntei. O homem encolheu os ombros e sugeriu-me fazer uma queixa formal à CP.
É verdade que os comboios Alfa apresentam outra comodidade, principalmente para quem viaja em primeira classe. Todavia, aquilo que se promete nem sempre se cumpre. Por exemplo, é certamente um gesto simpático distribuir os jornais do dia pelos passageiros, mas a escolha apenas se revela uma opção para quem se sentar nos primeiros bancos da primeira carruagem. Com poucos exemplares disponíveis para cada título, a banca circulante esgota logo os mais apetecíveis. Também constitui motivo de satisfação o anúncio de um acesso gratuito à Internet, mas quem quiser trabalhar ligado à rede da CP fará sempre uma viagem atribulada. Porque a ligação é fraca e, na maior parte do percurso, inexistente. Uma desilusão, portanto. Também é difícil perceber porque não há reforço dos percursos mais requisitados. Quem viaja à segunda-feira de manhã do Norte para Lisboa e à sexta-feira faz o percurso inverso terá de garantir o bilhete com, pelo menos, 24 horas de antecedência.
Se algumas mudanças aqui enunciadas exigem algum investimento público, outras apenas reclamam mais atenção da CP. Os utentes agradeceriam.
*PROF. ASSOCIADA COM AGREGAÇÃO DA UMINHO
Felisbela Lopes*
Hoje às 00:05
Jornal de Notícias
"Comboios transportam hoje tantos clientes como em 1967", noticiava ontem o "Jornal de Notícias". A pormenorizada peça reportava elementos disponibilizados pela nova base de dados da Pordata dedicada aos transportes. Ao longo do texto, ficámos a saber que o melhor desempenho de sempre fixou-se em 1988, ano em que os comboios transportaram mais de 230 milhões de utentes. Em 2015, esse número baixou para 130 milhões, ou seja, menos oito milhões de pessoas do que em 1967. Não são precisos estudos aprofundados para saber que o Estado não tem investido na via-férrea. Pelo contrário. Ao longo das últimas décadas, foi atropelando-a de forma inadmissível. Desativou linhas, paralisou outras e tornou anacrónicos os comboios de passageiros.
Lembro-me bem das viagens de cinco horas para chegar de Braga a Lisboa, se tudo corresse bem. Estávamos no início dos anos 90. Na altura, o horário era apenas um pio indicador que, por regra, se infringia, sem nunca pedir desculpa a ninguém. Fazer a viagem de ida e regresso no mesmo dia exigia, em média, umas 12 horas de viagem. Inaceitável para aquelas distâncias. Aos poucos, o tempo foi encurtando. Hoje a mesma viagem consome-nos seis horas. Metade do tempo em relação a um passado recente, dirão os otimistas. Ainda umas longas horas, assegurarão os realistas. É, pois, necessário o Estado investir mais dinheiro para que os utentes gastem menos tempo. E prefiram, sem hesitação, o comboio ao seu automóvel.
Outro elemento a ter em conta é o horário dos comboios que fazem a extensão do Alfa ou do Intercidades a outros pontos geográficos. Algumas dessas ligações apresentam intervalos de 5 a 15 minutos, tempos curtos, quando os atrasos são frequentes. Basta um Alfa chegar a uma estação com 10 minutos de atraso e parar numa linha oposta àquela donde parte um comboio de ligação para que o mais acelerado dos utentes diga adeus à continuação da sua viagem.
Falemos agora do conforto das carruagens. Para quem, como eu, viaja quase sempre em Alfa Pendular optar por um comboio Intercidades e sentar-se numa carruagem de segunda classe equivale a entrar numa cápsula do tempo e recuar uns 50 anos. Há semanas, apanhei um desses comboios no Porto em direção a Lisboa. O banco correspondente ao meu bilhete estava sujo. Assinalei isso ao revisor que me disse para me sentar noutro, acrescentando que a escolha não me ditaria uma solução mais asseada. O chão também não estava em melhor estado e o cheiro que se propagava por aquele espaço seria, decerto, desaconselhável a pessoas impacientes para falhas a este nível. Não limpam as carruagens?, perguntei. O homem encolheu os ombros e sugeriu-me fazer uma queixa formal à CP.
É verdade que os comboios Alfa apresentam outra comodidade, principalmente para quem viaja em primeira classe. Todavia, aquilo que se promete nem sempre se cumpre. Por exemplo, é certamente um gesto simpático distribuir os jornais do dia pelos passageiros, mas a escolha apenas se revela uma opção para quem se sentar nos primeiros bancos da primeira carruagem. Com poucos exemplares disponíveis para cada título, a banca circulante esgota logo os mais apetecíveis. Também constitui motivo de satisfação o anúncio de um acesso gratuito à Internet, mas quem quiser trabalhar ligado à rede da CP fará sempre uma viagem atribulada. Porque a ligação é fraca e, na maior parte do percurso, inexistente. Uma desilusão, portanto. Também é difícil perceber porque não há reforço dos percursos mais requisitados. Quem viaja à segunda-feira de manhã do Norte para Lisboa e à sexta-feira faz o percurso inverso terá de garantir o bilhete com, pelo menos, 24 horas de antecedência.
Se algumas mudanças aqui enunciadas exigem algum investimento público, outras apenas reclamam mais atenção da CP. Os utentes agradeceriam.
*PROF. ASSOCIADA COM AGREGAÇÃO DA UMINHO
Felisbela Lopes*
Hoje às 00:05
Jornal de Notícias
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin