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A liberdade de expressão acabou?
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A liberdade de expressão acabou?
Desde 2015 louvar o terrorismo em Portugal dá até três anos de cadeia ou uma multa até 360 dias. Se eu aqui opinar favoravelmente acerca da luta armada de uma população contra um ditador ou alvitrar compreender as razões de um atentado contra uma fábrica altamente poluente arrisco-me a ter de me ir explicar em tribunal e a ser condenado a passar uns tempos fechado, numa cela, para refletir em silêncio sobre a minha impertinente língua que não se cala.
Um grupo de estudantes universitários esquerdistas achou-se no direito de pedir o cancelamento de uma conferência organizada por um grupo nacionalista um bocado parolo e acabou por transformá-los em neomártires da liberdade de expressão, com direito a tomada de posição solidária para com o palestrante silenciado, Jaime Nogueira Pinto, por parte da Associação 25 de Abril (que merece, aliás, um bravo!). Que estupidez...
O recente Congresso dos Jornalistas e a atual direção do Sindicato dos Jornalistas defendem um agravamento de sanções na profissão "sobre trabalhos que não sendo jornalismo são apresentados como tal ou com ele possam ser confundidos", o que implica, por um lado, decretar que só há uma forma correta de fazer jornalismo (não, não é democrático) e, por outro lado, resultará na punição dos elos mais fracos das redações: os jornalistas em situação profissional mais débil ou em início de formação e que, por isso, cedem mais facilmente à pressão para executarem trabalhos eticamente discutíveis.
Já perdi a conta às vezes em que vi na internet pessoas que respeito e admiro por, no passado, terem lutado bravamente pela liberdade de expressão em Portugal - algumas passando mesmo pelas cadeias da PIDE - vociferarem agora, num ruído interminável, indiscriminado, pelo silenciamento de colunistas de ideologia oposta (aqui neste jornal até já vimos ser criada uma página no Facebook intitulada "correr com o César das Neves do DN"), pela censura prévia aos comentários dos leitores nos sites de jornais, pelo fecho de jornais "sensacionalistas", pelo extermínio do "jornalismo de sarjeta" ou, até, pelo encurtamento dos noticiários de hora e meia na TV. E processos por delito de opinião em tribunal? Não, não faltam por aí...
Na União Europeia ameaçam multar o Facebook e a Google por não apagarem notícias falsas (e assim passarão a ser essas empresas a decidir o que é verdade ou mentira neste mundo, uma decisão louca e extraordinária!) e o Tribunal de Justiça Europeu declara que uma empresa pode impedir o uso de símbolos religiosos: seja o de uma muçulmana descair um lenço por cima da cabeça ou o de um cristão pendurar ao pescoço um fio com um crucifixo.
Nessa mesma União Europeia fecham os olhos ao encerramento mal explicado de jornais opositores ao primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, ou à expulsão do Parlamento polaco de jornalistas críticos do governo; mas indignam-se quando, do outro lado do Atlântico, a Casa Branca impede a entrada de jornalistas incómodos numa conferência de imprensa. Para limparem a consciência multam um eurodeputado idiota que acha que as mulheres devem ter salários inferiores aos dos homens.
Toda a gente nas chamadas democracias "liberais", em todo o lado - poderosos e fracos, Estados e privados, ricos e pobres, burros e espertos, moderados e radicais, esquerda e direita - parece enlouquecida a tentar calar, condicionar ou limitar a liberdade de expressão dos outros... É uma epidemia.
Antes então que me calem queria, por favor, se me dão licença, dizer apenas uma coisita: não, não estou de acordo.
21 DE MARÇO DE 2017
00:00
Pedro Tadeu
Diário de Notícias
Um grupo de estudantes universitários esquerdistas achou-se no direito de pedir o cancelamento de uma conferência organizada por um grupo nacionalista um bocado parolo e acabou por transformá-los em neomártires da liberdade de expressão, com direito a tomada de posição solidária para com o palestrante silenciado, Jaime Nogueira Pinto, por parte da Associação 25 de Abril (que merece, aliás, um bravo!). Que estupidez...
O recente Congresso dos Jornalistas e a atual direção do Sindicato dos Jornalistas defendem um agravamento de sanções na profissão "sobre trabalhos que não sendo jornalismo são apresentados como tal ou com ele possam ser confundidos", o que implica, por um lado, decretar que só há uma forma correta de fazer jornalismo (não, não é democrático) e, por outro lado, resultará na punição dos elos mais fracos das redações: os jornalistas em situação profissional mais débil ou em início de formação e que, por isso, cedem mais facilmente à pressão para executarem trabalhos eticamente discutíveis.
Já perdi a conta às vezes em que vi na internet pessoas que respeito e admiro por, no passado, terem lutado bravamente pela liberdade de expressão em Portugal - algumas passando mesmo pelas cadeias da PIDE - vociferarem agora, num ruído interminável, indiscriminado, pelo silenciamento de colunistas de ideologia oposta (aqui neste jornal até já vimos ser criada uma página no Facebook intitulada "correr com o César das Neves do DN"), pela censura prévia aos comentários dos leitores nos sites de jornais, pelo fecho de jornais "sensacionalistas", pelo extermínio do "jornalismo de sarjeta" ou, até, pelo encurtamento dos noticiários de hora e meia na TV. E processos por delito de opinião em tribunal? Não, não faltam por aí...
Na União Europeia ameaçam multar o Facebook e a Google por não apagarem notícias falsas (e assim passarão a ser essas empresas a decidir o que é verdade ou mentira neste mundo, uma decisão louca e extraordinária!) e o Tribunal de Justiça Europeu declara que uma empresa pode impedir o uso de símbolos religiosos: seja o de uma muçulmana descair um lenço por cima da cabeça ou o de um cristão pendurar ao pescoço um fio com um crucifixo.
Nessa mesma União Europeia fecham os olhos ao encerramento mal explicado de jornais opositores ao primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, ou à expulsão do Parlamento polaco de jornalistas críticos do governo; mas indignam-se quando, do outro lado do Atlântico, a Casa Branca impede a entrada de jornalistas incómodos numa conferência de imprensa. Para limparem a consciência multam um eurodeputado idiota que acha que as mulheres devem ter salários inferiores aos dos homens.
Toda a gente nas chamadas democracias "liberais", em todo o lado - poderosos e fracos, Estados e privados, ricos e pobres, burros e espertos, moderados e radicais, esquerda e direita - parece enlouquecida a tentar calar, condicionar ou limitar a liberdade de expressão dos outros... É uma epidemia.
Antes então que me calem queria, por favor, se me dão licença, dizer apenas uma coisita: não, não estou de acordo.
21 DE MARÇO DE 2017
00:00
Pedro Tadeu
Diário de Notícias
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