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Liberdade, expressão e informação
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Liberdade, expressão e informação
Os cidadãos têm de ser activos na procura de informação, compreender e identificar novos mecanismos de censura invisível
"Em política, a linguagem é concebida para que as mentiras pareçam verdadeiras, para que o crime pareça respeitável e para dar a aparência de solidez ao que é puro vento."
George Orwell, da Linguagem em Política
É a liberdade que torna a expressão subversiva. Sem liberdade a expressão é obediente, é um sussurro de sacristia, uma agonia, rendinha de bilros para pinguim, um mande arquivar.
A expressão procura na liberdade a voz dos condenados ao desassossego, dos "é agora" por oposição aos do "esperem aí".
Então fundidas sem imaginarem existências separadas, liberdade mais expressão tornam-se uma só, tesas, rasgando a escuridão. Liberdade de expressão.
Porém, o que amamenta a sagrada liberdade de expressão? Ela tem o mesmo valor exercida pelo fascista e o fundamentalista que advogam a eliminação de seres humanos para impor a sua verdade, como a do Papa Francisco ou a do trabalhador que marcha por pão para os seus filhos?
Ela é de tal forma inata à natureza humana que ao nascermos o nosso primeiro berro já é a manifestação evidente de que a transportamos connosco, como o pâncreas, e tão integrante como as células ou os neurónios?
Se assim é, e a liberdade de expressão não tem espessura, peso ou balizas e paira entre o sagrado e o intangível. Se a questão não é sobre a qualidade substantiva com que se edifica a liberdade de expressão de cada um dos cidadãos, então do que estamos a falar quando contra ela ou em seu nome se cometem crimes é do limite aceitável do horror.
Deste ponto de vista, antes de qualquer genocídio, antes de qualquer vida destruída, existe um desempenho individual de liberdade de expressão que do ponto de vista do perpetrador está para além do bem e do mal, é um direito inalienável.
Esta medíocre visão da liberdade de expressão é uma caricatura, um formalismo, que os hipócritas, os grupos financeiros e as elites instaladas no poder manipulam para nos fazer crer que como dizemos o que pensamos de uma forma e num quadro tolerável somos iguais a viver numa democracia em que temos direitos intocáveis e estruturantes do nosso sistema de valores civilizacional.
Uma responsável liberdade de expressão implica e tem como base uma informação exigente.
Não existe uma liberdade de expressão oficial. Existem liberdades de expressão e as fronteiras para o exercício desse direito só dependem de nós, da nossa cultura, da nossa reflexão, do nosso desejo de conhecimento e da nossa capacidade de obter informação.
É o direito e o acesso sem censura a uma informação plural, de conteúdos de qualidade, com verificação das fontes e o exercício do contraditório que realmente permitirá construir de forma sólida e consciente a nossa verdadeira e própria liberdade de expressão.
Nisso o cidadão tem uma enorme responsabilidade. Informar-se exige esforço e a democracia tem um preço. Implica mudar de imprensa, diversificar a procura, pôr de lado esta ou aquela fonte pouco viável. Os cidadãos têm de ser activos na procura de informação, tentar compreender e identificar os novos mecanismos de censura invisível que funciona por excesso acabando com que não nos apercebamos da informação que falta.
Em Portugal, onde mais de 90% dos comentadores que ocupam o espaço televisivo de opinião política são do PS e do PSD e onde todas as alternativas são silenciadas, falar de liberdade de expressão é uma trapaça.
O que se deseja é manipular a informação, controlar o pensamento e condicionar a expressão imaginada livre pelo cidadão.
Para eles interessa a ideia de que a liberdade de expressão não tem limites, porque é no questionar dessa avaliação que o cidadão pode descobrir que no limite da sua expressão estará a sua mais absoluta liberdade de pensamento.
Consultor de comunicação
Escreve à quinta-feira
Por Artur Pereira
publicado em 22 Jan 2015 - 08:00
Jornal i
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