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Uma Europa a duas velocidades
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Uma Europa a duas velocidades
Preferimos uma Europa a duas velocidades, em que os países mais fortes se unam e se protejam, ou uma Europa desunida e em conflito permanente?
Foi no fim do mandato, numa cimeira em Versalhes, que François Hollande decidiu ser presidente da França. No dia 6 deste mês, Hollande recebeu os líderes da Alemanha, Itália e Espanha e disse-lhes que, ou a Europa corre a duas velocidades ou explode. As simple as that. Aquele presidente socialista que, em nome dos fracos, ia fazer frente a Merkel, acabou por afirmar, ao lado da chanceler alemã, o que ela nunca ousou dizer.
E fez bem, há que o reconhecer. Tivesse Hollande sido nos últimos cinco anos o que foi naquela segunda-feira, em Versalhes, e as nossas vidas seriam diferentes para melhor. Como é que um português pode dizer uma coisa destas? Como é que um português pode aceitar uma Europa a duas velocidades sabendo que, à partida, Portugal não estará no pelotão da frente? A resposta é simples e passa por uma pergunta.
Preferimos uma Europa a duas velocidades, em que os países mais fortes se unam e se protejam, ou uma Europa desunida e em conflito permanente? Quem olhe para a História do nosso continente não terá dúvidas que a primeira opção é a preferível. E quem dê atenção ao que está a acontecer nos últimos anos na Europa reconhece que a união forçada dos diferentes países é uma das causas para a tensão permanente e para o conflito entre as nações europeias.
Em destaque está o euro. A união monetária, quando foi pensada, devia incluir os países europeus em condições de suportar uma moeda forte. Foi por isso que se estabeleceram limites ao endividamento público e aos défices orçamentais. Por muito que nos custe admitir, sabemos hoje que Portugal não devia ter aderido à moeda única europeia. Na altura, a classe política apresentou a adesão como um feito, mas é essa mesma classe política que hoje, porque o euro lhe tira margem para governar sem escrutínio, que em surdina o lamenta, culpando-se não a si por ter falhado, mas à Alemanha por ter sido exigente.
Sabemos que tanto a imigração como as questões da defesa e da segurança se resolvem, num mundo globalizado, com união e acordos entre os países. Ora, tal só é possível se as ainda potências europeias tiverem margem para o fazer. O que só terão se os países periféricos, e dependentes da solidariedade dos europeus, os deixarem deixando-se de lamentar e de travar qualquer passo mais que outros entendam como crucial.
Fala-se em reformar a UE e, em Portugal, ouvimos dizer que é preciso corrigir erros. Ora, um dos erros foi o excessivo alargamento do projecto europeu porque era politicamente incorrecto uma Europa a duas velocidades. Já não é. Já não pode ser. A Europa precisa de um rumo para enfrentar a Rússia, a Turquia, a China e o mundo árabe. Para tal, França e Alemanha, e outros, devem entender-se. Para nosso bem.
O autor escreve segundo a antiga ortografia.
André Abrantes Amaral, Advogado
00:10
Jornal Económico
Foi no fim do mandato, numa cimeira em Versalhes, que François Hollande decidiu ser presidente da França. No dia 6 deste mês, Hollande recebeu os líderes da Alemanha, Itália e Espanha e disse-lhes que, ou a Europa corre a duas velocidades ou explode. As simple as that. Aquele presidente socialista que, em nome dos fracos, ia fazer frente a Merkel, acabou por afirmar, ao lado da chanceler alemã, o que ela nunca ousou dizer.
E fez bem, há que o reconhecer. Tivesse Hollande sido nos últimos cinco anos o que foi naquela segunda-feira, em Versalhes, e as nossas vidas seriam diferentes para melhor. Como é que um português pode dizer uma coisa destas? Como é que um português pode aceitar uma Europa a duas velocidades sabendo que, à partida, Portugal não estará no pelotão da frente? A resposta é simples e passa por uma pergunta.
Preferimos uma Europa a duas velocidades, em que os países mais fortes se unam e se protejam, ou uma Europa desunida e em conflito permanente? Quem olhe para a História do nosso continente não terá dúvidas que a primeira opção é a preferível. E quem dê atenção ao que está a acontecer nos últimos anos na Europa reconhece que a união forçada dos diferentes países é uma das causas para a tensão permanente e para o conflito entre as nações europeias.
Em destaque está o euro. A união monetária, quando foi pensada, devia incluir os países europeus em condições de suportar uma moeda forte. Foi por isso que se estabeleceram limites ao endividamento público e aos défices orçamentais. Por muito que nos custe admitir, sabemos hoje que Portugal não devia ter aderido à moeda única europeia. Na altura, a classe política apresentou a adesão como um feito, mas é essa mesma classe política que hoje, porque o euro lhe tira margem para governar sem escrutínio, que em surdina o lamenta, culpando-se não a si por ter falhado, mas à Alemanha por ter sido exigente.
Sabemos que tanto a imigração como as questões da defesa e da segurança se resolvem, num mundo globalizado, com união e acordos entre os países. Ora, tal só é possível se as ainda potências europeias tiverem margem para o fazer. O que só terão se os países periféricos, e dependentes da solidariedade dos europeus, os deixarem deixando-se de lamentar e de travar qualquer passo mais que outros entendam como crucial.
Fala-se em reformar a UE e, em Portugal, ouvimos dizer que é preciso corrigir erros. Ora, um dos erros foi o excessivo alargamento do projecto europeu porque era politicamente incorrecto uma Europa a duas velocidades. Já não é. Já não pode ser. A Europa precisa de um rumo para enfrentar a Rússia, a Turquia, a China e o mundo árabe. Para tal, França e Alemanha, e outros, devem entender-se. Para nosso bem.
O autor escreve segundo a antiga ortografia.
André Abrantes Amaral, Advogado
00:10
Jornal Económico
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