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Inovação é mais que uma onda
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Inovação é mais que uma onda
A espuma mediática já passou. Muitos foram os comentários, quer de regozijo, quer de crítica.
Mas poucos ousaram dizer o que estava na cara. Portugal teve direito, durante os últimos dez anos, ao lugar de topo na Comissão Europeia. Qualquer leitura do lugar atribuído a Carlos Moedas, na Comissão Juncker, deve referir este passado recente.
Há duas questões a levantar, de relevância diferente, uma é quais os benefícios, para Portugal, de ter Durão Barroso como Presidente da Comissão Europeia? A outra questão é sobre a importância deste novo lugar atribuído a Portugal.
Se existe um espírito europeu, devemos entendê-lo e respeitá-lo. Ora, tendo nós, Portugal, assumido a "liderança" europeia, no que ao Executivo comunitário concerne, não poderíamos esperar agora, dez anos depois, um lugar igual. É uma regra simples de rotatividade.
Com os factos que temos, a preocupação nacional deve ser como retirar o máximo de dividendos de Carlos Moedas na nova pasta e não andar em lamúrias que pouco nos servem.
E que tal começarmos por falar de Inovação? Mas de forma séria e não apenas por ser uma buzzword.
Já foi sustentabilidade, já foi cooperação, empreendedorismo, agora a inovação surge em tudo o que é discursos, visões e missões de empresas e entidades.
Mas como anda o nosso País em matéria de inovação? Em primeiro lugar, importa voltar às origens do conceito. O que é inovação? Podemos ir até Adam Smith ou Joseph Schumpeter para encontrar conceitos ou relações económicas provenientes do fenómeno de inovação. Por agora, ficamos com o conceito do Manual de Oslo, que nos diz que inovação é um produto ou serviço novo ou significativamente melhorado.
Como se depreende é uma nova fórmula ou uma melhoria num determinado serviço ou produto que produzimos e queremos vender.
Bem sei que no conceito mais popular inovação é aquela ideia genial que ninguém viu, mas aque alguém inovador chegou. Também é. Mas a inovação também pode e, arrisco-me a reforçar, deve ser trabalhada, isto é incremental, de processo.
Numa economia global e tão competitiva, em que a cópia ou o produto semelhante são cada vez mais evidentes e canibalizados importa inovar.
Portugal tem feito o seu papel nesta luta. Como país pequeno, com um mercado curto, 10 milhões de pessoas não chega para ganhar escala, devemos ter a noção que hoje em dia uma empresa em Torres Vedras, Massamá ou Odemira concorre também com outras empresas em Alicante, Nantes, Edimburgo ou Guangdong. Esta quebra de barreiras e de negócio tradicional faz com que a aposta séria na inovação permita ganhar terreno à concorrência no mercado.
Portugal tem hoje um processo interessante que merece ser revisto pelas empresas portuguesas. A certificação em gestão de inovação, já com um número considerável de empresas certificadas pode ser um bom começo para muitas empresas. Esta necessidade de criar valor com novas ofertas pode ser a resposta para as margens curtas em que muito do nosso tecido empresarial vive.
Esta aposta não vive apenas da inspiração de um gestor, de um empresário, ou seja, do famoso visionário. A cultura de inovação carece do envolvimento de toda a estrutura da empresa. De alto a baixo. Do topo ao atendimento ao cliente, passando por uma relação atenta com todos os stakeholders.
Olhar para a inovação não pode ser apenas uma moda. Pode e deve ser a cultura diária de cada organização. A inovação está no produto que vende, no serviço que oferece, mas também está no modelo de organização e planeamento, na produção, no marketing e em muitos outros processos de cada organização.
Isto da inovação não é exclusivo das empresas. É transversal. Na sociedade, nas organizações, nas empresas, mas também no Estado. E o nosso Estado deve estar mais atento e procurar promover a sua própria inovação. Não pode apenas servir para embelezar discursos.
Em matéria de inovação o País encontra-se ainda num estado embrionário. Os dados que vamos conhecendo como o ranking Innovation Union Scoreboard 2014 , divulgado este ano, pela Comissão Europeia, Portugal desceu 1 lugar no ranking do desempenho dos Estados-Membros no domínio da inovação, passando do 17º para o 18º lugar. Somos classificados como "inovadores moderados".
Se tivermos em linha de conta outro ranking, o Barómetro de Inovação, Portugal é considerado um País de cigarras em matéria de inovação, ocupando a 29ª posição, abaixo da média europeia.
Ora, o que estes indicadores nos dizem é que há muito trabalho pela frente. A ser feito pelas empresas, pela sociedade, mas também pelo Estado excluindo obviamente as Universidades na sua vertente de investigação e os laboratórios públicos, que ainda os há e de excelência.
Se por um lado, as nossas empresas devem olhar para este cargo na Comissão Europeia ocupado por Carlos Moedas como um impulso, por outro o Estado deve olhar para estes rankings e procurar perceber o que nos está a puxar para baixo. É que se formos analisar os maus resultados de Portugal apercebemo-nos das pedras que temos no caminho da inovação.
Não basta apenas ter o telefone e ligação directa a Carlos Moedas. As empresas devem começar, de imediato, a perceber que existe um pacote de 80 mil milhões que será gerido pelo nosso Comissário e que devem estar atentas aos fundos disponíveis, mas sem deixar de apostar dentro de casa, com um olho no mercado, o famoso benchmarking, e criar uma verdadeira cadeia de valor assente na inovação. Sem desperdiçar conhecimento interno e sem perder de vista os resultados.
Já o Estado deve retirar as barreiras existentes à inovação, nos seus processos burocráticos, na falta de resposta atempada e perceber que a inovação é para ser uma bandeira a sério. Não esqueçamos que este Governo já leva três Secretários de Estado nesta área. E deve fazer de tudo para levar o Programa +E+I a bom porto. E definir o que vai fazer com a Agência de Inovação e com o IAPMEI. São instituições que merecem estar no centro da acção para o fomento da inovação.
E não posso deixar de relembrar que no Governo de Sócrates a aposta na inovação foi um desígnio bem trabalhado.
É pois, tempo de atalhar caminho e passar dos workshops, radiografias, relatórios, rankings e teses para a acção. Sabemos que precisamos de criar condições e disponibilizar recursos, para agilizar processos e obter resultados.
7:00 Segunda feira, 22 de setembro de 2014
Expresso
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