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Ideias preconcebidas ao investir
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Ideias preconcebidas ao investir
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O que é que escolheria: 50% de possibilidade de ganhar 100 dólares ou a certeza de ganhar 45 dólares? Logicamente, escolheríamos 50% de possibilidade de ganhar 100%, porque essa opção tem um "valor esperado" de 50 dólares. Mas, na realidade, quase toda a gente optará pelos 45 dólares garantidos.
Se queremos tornar-nos melhores investidores, estou convencido de que precisamos primeiro de compreender quais são as ideias preconcebidas que nos afetam como investidores; em segundo lugar, temos de ser capazes de identificá-las em nós; e em terceiro lugar (e o mais importante), tomar medidas para evitarmos cair nas armadilhas que o nosso cérebro nos montou.
O que é o "regresso à média"?
O primeiro fenómeno para o qual gostaria de chamar a atenção é o regresso à média. Regresso à média significa que após um resultado particularmente extremado, é provável que o resultado subsequente se aproxime mais da média. Quanto mais extremado for o resultado, maior é a probabilidade de o próximo resultado ser mais aproximado da média. Isto aplica-se a tudo desde à altura das crianças, aos desportos, e, claro, ao investimento. No caso das crianças, é provável que o filho de pais muito altos seja mais baixo que os pais; o filho de pais muito baixos será provavelmente mais alto. Por outras palavras, a altura do filho regressa à média.
No caso dos desportos, um golfista de topo terá, por definição, um enorme talento. Mas para obter uma classificação excecional precisará também de ter alguma sorte nesse dia - um ressalto feliz aqui, uma boa colocação no bunker ali, uma rajada favorável de vento, ou um aguaceiro para travar a bola no green. Se ele conseguir um resultado de 67 no primeiro dia de um torneio, é provável que a sua classificação no dia seguinte seja pior. O seu talento será o mesmo, mas terá menos sorte. A sua classificação terá regressado à média.
No investimento, o regresso à média está sempre a acontecer. Na minha atividade, a gestão de fundo imobiliários, os gestores de fundos são exatamente como os golfistas. Obviamente têm competência e talento, como os golfistas profissionais. Mas também estão sujeitos aos "caprichos da sorte", parafraseando Shakespeare. A sorte desempenha um papel nos seus resultados. Se um determinado fundo tem um ano excecionalmente bom, é razoável apostar em que o ano seguinte não seja igualmente bom. Apesar deste facto, consultores financeiros altamente remunerados ainda recomendam fundos ao público investidor com base no desempenho anual mais recente. Os fundos mais vendidos este ano tendem a ser os fundos com melhor desempenho no ano passado. Esta é uma péssima forma de escolher um investimento - não caiam nesta armadilha.
A melhor forma de escolher um fundo (ou um gestor de fundos) é verificar se estes demonstraram mais do que uma capacidade ocasional para bater o mercado durante um período prolongado. De facto, é preciso observar mais de cinco a dez anos de track record para poder começar a fazer este julgamento. Mas pelo menos ao fazê-lo, escolherá um gestor que lhe dará a possibilidade de bater o mercado no futuro. Melhor ainda se o ano anterior não lhe correu bem, porque o seu desempenho poderá inverter-se no próximo ano, e há bastantes possibilidades de que ele registe um desempenho extraordinariamente forte!
Detesta ainda mais perder dinheiro do que gosta de ganhá-lo?
Uma segunda ideia pré-concebida a que deve estar atento ao investir é a "aversão às perdas". Basicamente, nós, os humanos, detestamos ainda mais perder dinheiro do que gostamos de ganhá-lo. Damos, pois, uma importância desproporcionada ao risco de perda comparado com as probabilidades de ganho. Considere a seguinte pergunta. O que é que escolheria: 50% de possibilidade de ganhar 100 dólares ou a certeza de ganhar 45 dólares? Logicamente, escolheríamos 50% de possibilidade de ganhar 100%, porque essa opção tem um "valor esperado" de 50 dólares. Mas, na realidade, quase toda a gente optará pelos 45 dólares garantidos. No entanto, se eu der a volta à pergunta e lhe oferecer a escolha entre a garantia de perder 45 dólares ou 50% de probabilidade de perder 100 dólares, será mais fácil para si aceitar o jogo - porque pode acabar por não perder absolutamente nada.
No mundo do investimento, enfrentamos todo o tempo perspetivas de perdas. Uma das muitas formas, como a aversão às perdas, expressa no investimento é através da relutância em vender um título que caiu para um valor inferior ao nosso preço de compra. A nossa tendência é dizermos a nós mesmos "não podemos vender agora porque já caiu tanto.
Se eu vender agora, o título poderá recuperar (especialmente agora que sabemos do regresso à média!), e então vou sentir-me ainda mais idiota. É melhor aguentar e esperar que as ações recuperem." Por outro lado, não temos os mesmos problemas em realizar mais-valias em algo que tenha subido. De facto, mal podemos esperar para cristalizar o ganho, não vá o preço cair e perdermos tudo. Como resultado, tendemos a deter posições perdedoras por demasiado tempo e a não deter as vencedoras por um período suficiente. O ímpeto é poderoso: os títulos vencedores tendem a subir durante um período mais longo do que pensamos tal como os perdedores tendem a cair durante mais tempo do que pensamos. Devemos, pois, fazer o oposto daquilo que a nossa natureza nos manda: vender agressivamente os perdedores enquanto permitimos que os vencedores se valorizem nas nossas carteiras.
Pensa então que tomou a decisão certa acerca desta transação?
Por outro lado, tendemos a efetuar demasiadas transações. Esta terceira ideia pré-concebida baseia-se naquilo que o vencedor do prémio Nobel, Daniel Kahneman, denomina "a ilusão da validade" no seu livro "Pensar, Depressa e Devagar".
Uma pesquisa efetuada por Terry Odean, antigo estudante de Kaneman, examinou mais de 10000 contas de corretagem de acionistas individuais durante um período de sete anos. Terry Odean olhou para todas as decisões de vender um título com vista a comprar outro. Demonstrou que, durante o ano seguinte, os títulos vendidos superavam em 3,2 pontos percentuais o desempenho daqueles pelos quais eram trocados. A decisão de vender e trocar era, pois, em média, uma decisão muito errada. O custo deste engano é ainda muito mais elevado quando são considerados os custos de transação, tais como as comissões e os impostos. Num estudo posterior denominado "Transacionar é perigoso para o seu património", Odean e Brad Barber mostraram que os traders mais ativos tinham os piores resultados. Mostraram igualmente que os traders mais ativos tendiam a ser homens, e que as mulheres tendiam a obter melhores resultados do investimento. Ao que parece, a testosterona também é perigosa para a sua riqueza.
Identificar estas ideias preconcebidas ajuda-o a tornar-se melhor investidor
Quando avaliar fundos para comprar, lembre-se do "regresso à média": o melhor fundo do ano passado pode ser o pior do próximo ano. Quando gerir a sua carteira, lembre-se de que sofre de "aversão às perdas", por isso seja corajoso: fique com os vencedores e elimine os perdedores, e não ao contrário. E por último, lembre-se da "ilusão da validade" e controle o seu instinto de efetuar transações. As probabilidades são de não ser muito bom nisso. Para citar um dos investidores mais bem-sucedidos de sempre, Warren Buffet, ao referir-se à sua estratégia na Berkshire Hathaway: "O nosso período de detenção favorito é para sempre".
Este artigo foi redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico.
29 Setembro 2014, 09:49 por Mathew Sutherland
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