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Os Bustos da Res Pública
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Os Bustos da Res Pública
1.Há dias em que, com franqueza, compreendo bem a inquietação de alguns cidadãos a propósito do real valor de alguns debates que se travam na casa da democracia. Quarta-feira foi um desses dias. Com efeito, debater em Plenário de 230 deputados uma exposição a inaugurar nos corredores do Parlamento denominada "100 anos de presidência" e que integra - pasme-se - os bustos de todos os presidentes dos 100 anos da República Portuguesa é, para dizer o mínimo, caricato. Tudo porque a história, por muito que não se goste, nos deu presidentes como Craveiro Lopes ou Américo Thomaz, e - imagine-se - entendeu o autor inclui-los no acervo histórico da exposição. Foi um sarilho. O plenário debateu o assunto. A Comissão de Educação reuniu de emergência. No próprio dia e no dia seguinte. Juro, juro mesmo que tenho dificuldade em justificar a mera existência - para mais reiterada - de debates como este. No mais, dizer como disse o deputado António Filipe do PCP, que se trata de um "enxovalho da democracia" ou, como afirmou João Oliveira do mesmo partido, que se está a "contribuir para o branqueamento do fascismo", ou mesmo como disse Pedro Filipe Soares do BE, que aludiu a "uma lavagem da imagem do país" é, perdoem-me a sinceridade, a prova acabada de que a esquerda convive mal com a história que, de resto, ocasionalmente ambiciona reescrever.
2. Lembro-me bem - salientei-o aliás à data - de uma exposição que esteve igualmente patente nos corredores do Parlamento por altura do 25 de Abril deste ano. Tratava-se de uma mostra de cartazes essencialmente do período revolucionário. Recordo com especial detalhe um cartaz do MRPP onde podia ler-se: "Contra a repressão fascista e social-fascista que visa calar a voz da classe operária-MRPP! Desmantelamento imediato da GNR e PSP e PDC! Julgamento popular e execução pública dos fascistas, pides e responsáveis pelo golpe!". Acredito que nenhum partido representado na AR, nem mesmo os mais à esquerda, defenderão hoje - pelo contrário! - o desmantelamento da GNR e da PSP e muito menos a execução pública de quem quer que seja. Não consta, todavia, que por altura da dita exposição alguém tenha levantado a voz para reclamar a retirada desse e de outros cartazes da mesma índole. Por mim - devo dizê-lo - foi um dos mais interessantes da exposição. Porque contribuiu para retratar a história tal como ela aconteceu e não como gostaríamos que tivesse acontecido. Contrariamente ao que proclama a esquerda, "branquear a história" seria, isso sim, eliminar os presidentes do Estado Novo da exposição alusiva aos Cem anos da República. "Enxovalhar a democracia" seria retirar os cartazes da exposição de Abril que nos mostraram o quão periclitante foi, a dado momento, conquistá-la. "Branquear o fascismo" a que alude o PCP seria, justamente, eliminar os bustos de Craveiro Lopes ou de Américo Tomás e fingir que ele simplesmente não existiu, ou inclui-los sem a referência - que lá está, bem visível, - ao Estado Novo e aos anos da ditadura. Conviver mal com a história é não aprender nada com ela.
3. O problema não é, porém, é exclusivo da esquerda. É verdade que por toda a Europa a esquerda teima em passar ao largo dos seus episódios menos felizes. Mas por cá o Partido Socialista só agora parece ter desenterrado, ainda que a medo, os anos do socratismo. No PSD nunca ninguém recorda o governo de bloco central de Mota Pinto entre 83 e 85. E até o CDS quis apagar Freitas do Amaral da história da sua fundação quando reencaminhou o seu retrato para o Largo do Rato. Cai sempre no ridículo quem tenta reescrever a história, mesmo que seja a sua.
Francisca Almeida |
8:00 Domingo, 5 de outubro de 2014
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