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Os políticos têm de oferecer esperança aos portugueses
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Os políticos têm de oferecer esperança aos portugueses
Tentou-se mexer em tudo, menos no sistema partidário, que tem uma influência tremenda nas grandes decisões que moldam a nossa economia.
A Câmara de Lisboa recebeu ontem as tradicionais comemorações do 5 de Outubro. Desta vez, a notícia não foi o facto de a bandeira nacional ser hasteada ao contrário, mas o importante alerta que o Presidente da República deixou, perante uma audiência que incluía o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho e o novo líder socialista António Costa.
Cavaco Silva afirmou que, "mantendo-se a tendência das forças partidárias para rejeitarem uma cultura de compromisso, não é de excluir, sem qualquer dose de alarmismo, um aumento dos níveis de abstenção para limiares incomportáveis ou a implosão do sistema partidário português tal como o conhecemos".
O Presidente tem razão. O sistema partidário português está encurralado num beco sem saída, com um descrédito generalizado da classe política. Pura e simplesmente, muitos portugueses - senão mesmo a maioria - deixaram de acreditar no que os políticos dizem. Toleram-nos e, na melhor das hipóteses, vêem-nos como um mal menor, mas já não confiam neles. A figura do Zé Povinho, com o seu "ora toma!" para os poderes da terra, permanece mais actual do que nunca.
E isto não acontece por acaso. Longas décadas de propaganda, despesismo, ‘jobs for the boys', promiscuidade com interesses financeiros, PPP ruinosas, demagogia, austeridade cega e aumentos brutais de impostos conduziram o País a um estado de bancarrota financeira, mas sobretudo de ruína moral. E tal como em 1910, 1926 e 1974, pouquíssimos portugueses estarão dispostos a arriscar a vida em defesa do regime. O que o segura é a União Europeia. Como disse Miguel Cadilhe numa entrevista ao Diário Económico, só não houve um golpe de Estado em Portugal nos últimos anos porque aqueles que teriam vontade e meios para o fazer sabem bem que a Europa não o toleraria.
Mas nenhum sistema sobreviverá se assentar no medo de sair do euro e sem que seja oferecida esperança aos cidadãos. Muitos portugueses já acreditam que se o que nos espera é a austeridade permanente, durante 30 ou 40 anos, então será preferível sair do euro. O número dos que pensam desta forma tenderá a aumentar nos próximos anos, a menos que haja mudanças. E Cavaco está certo: o sistema político poderá implodir. Pelo que, de facto, será essencial um acordo de regime, para atingir dois grandes objectivos, que tragam esperança aos portugueses.
O primeiro será a democratização do sistema partidário, de modo a transformar os partidos políticos em forças mais representativas da sociedade. É costume dizer-se que a qualidade dos políticos é representativa da qualidade do povo, mas em Portugal há muito que isso não acontece. As máquinas partidárias funcionam em circuito fechado, fomentando o carreirismo, o caciquismo e promovendo a mediocridade. As directas do PS, apesar de todos os seus defeitos, foram um passo no bom sentido. Mas é necessário ir mais longe. Sobretudo, precisamos de mais profissionais na política, mas de menos políticos profissionais. É esta, afinal, a principal reforma que ficou por fazer nos anos de ajustamento. Tentou-se mexer em tudo, menos no sistema partidário, que tem uma influência tremenda nas grandes decisões que moldam o rumo da nossa economia.
O segundo objectivo será desbloquear as reformas que o País necessita para voltar a crescer. E encontrar uma solução para a dívida pública. De modo a que possamos continuar no euro e na UE.
O próximo governo, seja liderado por Passos Coelho ou por António Costa, terá de conseguir estabelecer este consenso com a oposição. Tem de devolver a esperançaaos portugueses. A boa notícia é que, pelo andar da carruagem, não será de descurar a probabilidade de termos um governo de bloco central, obrigando ao compromisso de que fala Cavaco Silva.
Filipe Alves
00.05 h
Económico
A Câmara de Lisboa recebeu ontem as tradicionais comemorações do 5 de Outubro. Desta vez, a notícia não foi o facto de a bandeira nacional ser hasteada ao contrário, mas o importante alerta que o Presidente da República deixou, perante uma audiência que incluía o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho e o novo líder socialista António Costa.
Cavaco Silva afirmou que, "mantendo-se a tendência das forças partidárias para rejeitarem uma cultura de compromisso, não é de excluir, sem qualquer dose de alarmismo, um aumento dos níveis de abstenção para limiares incomportáveis ou a implosão do sistema partidário português tal como o conhecemos".
O Presidente tem razão. O sistema partidário português está encurralado num beco sem saída, com um descrédito generalizado da classe política. Pura e simplesmente, muitos portugueses - senão mesmo a maioria - deixaram de acreditar no que os políticos dizem. Toleram-nos e, na melhor das hipóteses, vêem-nos como um mal menor, mas já não confiam neles. A figura do Zé Povinho, com o seu "ora toma!" para os poderes da terra, permanece mais actual do que nunca.
E isto não acontece por acaso. Longas décadas de propaganda, despesismo, ‘jobs for the boys', promiscuidade com interesses financeiros, PPP ruinosas, demagogia, austeridade cega e aumentos brutais de impostos conduziram o País a um estado de bancarrota financeira, mas sobretudo de ruína moral. E tal como em 1910, 1926 e 1974, pouquíssimos portugueses estarão dispostos a arriscar a vida em defesa do regime. O que o segura é a União Europeia. Como disse Miguel Cadilhe numa entrevista ao Diário Económico, só não houve um golpe de Estado em Portugal nos últimos anos porque aqueles que teriam vontade e meios para o fazer sabem bem que a Europa não o toleraria.
Mas nenhum sistema sobreviverá se assentar no medo de sair do euro e sem que seja oferecida esperança aos cidadãos. Muitos portugueses já acreditam que se o que nos espera é a austeridade permanente, durante 30 ou 40 anos, então será preferível sair do euro. O número dos que pensam desta forma tenderá a aumentar nos próximos anos, a menos que haja mudanças. E Cavaco está certo: o sistema político poderá implodir. Pelo que, de facto, será essencial um acordo de regime, para atingir dois grandes objectivos, que tragam esperança aos portugueses.
O primeiro será a democratização do sistema partidário, de modo a transformar os partidos políticos em forças mais representativas da sociedade. É costume dizer-se que a qualidade dos políticos é representativa da qualidade do povo, mas em Portugal há muito que isso não acontece. As máquinas partidárias funcionam em circuito fechado, fomentando o carreirismo, o caciquismo e promovendo a mediocridade. As directas do PS, apesar de todos os seus defeitos, foram um passo no bom sentido. Mas é necessário ir mais longe. Sobretudo, precisamos de mais profissionais na política, mas de menos políticos profissionais. É esta, afinal, a principal reforma que ficou por fazer nos anos de ajustamento. Tentou-se mexer em tudo, menos no sistema partidário, que tem uma influência tremenda nas grandes decisões que moldam o rumo da nossa economia.
O segundo objectivo será desbloquear as reformas que o País necessita para voltar a crescer. E encontrar uma solução para a dívida pública. De modo a que possamos continuar no euro e na UE.
O próximo governo, seja liderado por Passos Coelho ou por António Costa, terá de conseguir estabelecer este consenso com a oposição. Tem de devolver a esperançaaos portugueses. A boa notícia é que, pelo andar da carruagem, não será de descurar a probabilidade de termos um governo de bloco central, obrigando ao compromisso de que fala Cavaco Silva.
Filipe Alves
00.05 h
Económico
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