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Riscos sísmicos e políticos
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Riscos sísmicos e políticos
Os factores de risco estão sempre presentes. Uns controlamos, os outros não, e acontecem qualquer que seja a nossa vontade
Vivemos em sociedades de riscos, mas temos alguma dificuldade em incorporar o risco nas nossas vidas e damo-nos ao desplante de potenciar as existências. Na semana em que a protecção civil voltou a alertar para o risco sísmico voltámos a ter problemas de inundações nas nossas cidades. Territórios urbanos em que a política de solos e de ordenamento do território plantou nas linhas de água bloqueios ao curso natural das coisas e impermeabilizou grande parte dos solos. É a falta de valorização do risco que faz com que insistamos em ignorar todo o potencial das forças da natureza, da expressão de fenómenos meteorológicos extremos ao risco sísmico, com manifestações trágicas em 1755. Apesar disso, o esforço social para essa eventualidade ou a correcção de situações detectadas é manifestamente insuficiente.
A Região de Lisboa é um território de risco sísmico. Em situação de emergência, as comunicações e as rotinas são elementos fundamentais. No entanto, o Regimento de Sapadores de Lisboa não se articula com a estrutura distrital, mas sim com a Autoridade Nacional de Protecção Civil. Isto é, não existem rotinas de trabalho e de preparação para eventuais ocorrências com as corporações de bombeiros dos concelhos limítrofes que podem socorrer a população de Lisboa e quem estiver na capital. Um alegado prestígio ou o mediatismo das ocorrências em Lisboa sobrepõe-se à relevância prática de ter o dispositivo devidamente oleado para ocorrer às situações de emergência. Nesta matéria como em tudo o que mexa com opções políticas, o enfoque central deve ser sempre posto no interesse das pessoas. Manifestamente não é esse o sentido desta opção de organização do dispositivo de protecção civil num território com risco sísmico. E também aqui é fundamental haver uma visão supramunicipal. Algo que o actual modelo de organização do Estado não consagra com a legitimidade, os meios e a eficácia necessárias. O modelo administrativo de organização está segmentado, compartimentado, mas a realidade não. É dinâmica e não tem fronteiras.
É por isso fundamental que nas sociedades modernas os cidadãos interiorizem os factores de risco, não para ficarem bloqueados pelo medo, mas para terem todas as ferramentas para agir perante as ocorrências naturais ou humanas. E depois é não perpetuar os erros da ocupação abusiva e incorrecta dos solos, não ter comportamentos individuais ou colectivos que potenciam os riscos naturais e ter a clara noção de que a tudo que fazemos corresponde sempre, pelo menos, uma consequência. É assim com os riscos na protecção civil, na segurança e na segurança rodoviária como nos riscos políticos.
Quando politicamente se avança com um objectivo de uma maioria absoluta não se pode na semana seguinte começar a baixar as expectativas, teorizando sobre as dificuldades na sua obtenção. No momento da enunciação da meta os factores de risco estavam já presentes, não houve nenhuma realidade superveniente que se impusesse. É que, também na política, o risco não está devidamente ponderado e incorporado nas opções dos protagonistas políticos. E não o está porque há dezenas de anos de uma certa impunidade na forma como os impulsos e as opções políticas são tomadas: descentradas dos interesses das pessoas, do respeito pela diferença, da desvalorização das regras, do património das ideias e dos valores e sem cuidar da sustentabilidade das soluções encontradas. É essa voragem de desrespeito pelos factores de risco que pode correr mal. Por exemplo, se queremos afirmar o respeito pela diferença de opiniões não somos nós a dizer quem são os representantes dessas opiniões diferentes, pois corremos o risco de ser acusado de instrumentalização e de desrespeito pelo pluralismo. Nestas matérias como nas que têm a ver com a nossa participação no projecto europeu, se queremos atingir determinadas metas ou mudar de paradigma, antes de o enunciarmos devemos fazer o trabalho de casa e dar sinais reais de compromisso com a mudança no respeito pela diferença. É que os factores de risco estão sempre presentes. A uns controlamos, aos outros temos de estar preparados para reagir, mas acontecerão independentemente da nossa vontade. Político (PS)
Por António Galamba
publicado em 16 Out 2014 - 05:00
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