Barreiro será mais caro que Setúbal sete euros/tonelada

Movimentar contentores no futuro terminal do Barreiro será mais caro do que em Setúbal, sustenta José Augusto Felício, num estudo comparativo que será apresentado na próxima quinta-feira, na conferência da Comunidade Portuária de Setúbal.
 
O professor do ISEG conclui que o custo das dragagens para manter os fundos no canal de acesso ao futuro terminal do Barreiro (cada vez mais, a localização mais provável) agravará os custos de operação portuária em sete euros/tonelada face à opção Setúbal.
 
O novo terminal de contentor do Barreiro deverá ter capacidade para operar navios de 8 000 TEU e calados de 14,5 metros, resultado dos fundos de -16 metros no canal de acesso e de -17 metros na bacia de rotação, segundo afirmações recentes da presidente do porto de Lisboa, Marina Ferreira.
 
No caso de Setúbal, em 2016 (para quando se prevê o arranque da construção no Barreiro), estarão concluídos os trabalhos de aprofundamento da barra para -14 metros.
 
Na sua “Análise comparativa de serviços de contentores do Porto de Setúbal com o Porto de Lisboa”, Augusto Felício conclui ainda que o transporte da carga portuária para a Margem Norte (onde se concentra a maior fatia do mercado) é mais rápido a partir de Setúbal, do que a partir do Barreiro ou da Trafaria. Porque a distância é mais curta.
 
A apresentação do estudo realizado pelo também presidente do Centro de Estudos de Gestão do ISEG será o ponto alto da conferência da Comunidade Portuária de Setúbal, sugestivamente subordinada ao tema “Porto de Setúbal – A resposta imediata – uma estratégia portuária coerente”.
 
Os promotores sustentam que o porto sadino está pronto para ajudar a cumprir o desafio do Governo de aumentar o movimento de contentores até aos 6,5 milhões de TEU em 2020 (o terminal do Barreiro só estará operacional em 2021), dispondo de um terminal de 20 hectares a operar a 25% da capacidade.
 
O estudo de Augusto Felício, mas não só, estará em debate na mesa redonda com José Eduardo Martins (ex-secretário de Estado do Ambiente), Pedro Reia (ex-presidente da AICEP) e Tiago Pitta e Cunha (assessor da Presidência da República para os Assuntos do Mar).
 
O secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Silva Monteiro, intervirá na sessão de abertura. Não assistirá, portanto, à apresentação do estudo, mas ainda é possível que se pronuncie sobre as conclusões agora antecipadas.
 
A conferência decorrerá no Forum Luísa Todi, entre as 9h30 e as 13 horas. A participação é livre mas sujeita a inscrição.

02/12/2014