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Crónicas Mexicanas: Hola México! Agora nós
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Crónicas Mexicanas: Hola México! Agora nós
Embarcou para o México com orçamento apertado. A ideia é ir sempre a subir, até ao Panamá
"Estás doida? Mas isso é só traficantes! Vais ser raptada tantas vezes que nem vais precisar de gastar dinheiro em hotéis."
Ora seja, de qualquer maneira, eu nunca fico a dormir em hotéis. Está decidido. Vou para o México e acabou-se a novela. E com sorte não fico por lá, vou por aí abaixo, com um pé em cada país, até saber como se diz Olá no Panamá. E se também for com "H", tanto melhor.
Mas recuemos ao início, algures em 1500, onde também o jovem Vasco da Gama ouvia os queixumes da mãe: "Ó Vasquinho, tu não vás. Olha que aqueles mares são só monstros! Porque é que não ficas mas é quietinho aqui por Sines, arranjas uma moçoila e um T0 e vais trabalhar para a doca para sustentar o Estado e os piquenos?"
"Puxa! Venham os monstros.", pensou o Vasquinho, já a imaginar o suado salário dividido pelo infinito. "Eu quero é ter um centro comercial com o meu nome. Aventura, aqui me tens!" E lá foi ele descobrir o caril, e assim vou eu descobrir o chili. E se o tempero nos separa, o que nos une é a fome de novos mundos, cheiros, cores, pessoas, sabores. Essa vontade que come monstros, traficantes e um ou outro mariachi mal intencionado.
O plano foi esboçado em ligeireza de guarnadapo vegetal: fugir do Inverno lisboeta e ir passar 6 meses num lugar ao sol. O México e seus vizinhos latinos pareceram-me sítios jeitosos para encontrar o meu Shangri-lá, já que o meu Shangri-cá português não anda nada fácil de economias. E como já dizia D. Sebastião: crise por crise, ao menos que seja eu a fazer a minha.
O orçamento é a parte divertida da odisseia. É que, para honrar o cambio de 1500, não devo passar dos 400 euro mensais. Levei um ano a juntar biscates e migalhas para me pôr a milhas.
Levo, porém, no estômago, a certeza de que o preço do arroz geralmente não está no grão mas no prato em que é servido e que por isso, bem ou mal, fome não hei-de passar. Ou não levasse já eu cinco anos de loucas aventuras pelo planeta, onde provei que a guelra portuguesa não desilude quando se trata de sobreviver em grande estilo.
Tirando isso, nada mais sei. O plano é ir sem planos, ao sabor da quente ventania que sempre empurrou as naus para onde devia. Nem história, nem preconceitos, vou de passaporte em branco e tudo o que aprender nesta viagem só será verdade para mim. Mas prometo crónicas cómico-heroicas cheias de medos excitantes, episódios mirabolantes, noites inebriantes, mariachis bem falantes, comidas picantes e (espero eu) nada de traficantes!
Adeus Lisboa, agora só te vejo quando andares perfumada de sardinha para agradares ao Santo António. Hola México, agora nós!
Mami Pereira é jornalista e publica a partir de hoje, e todas as sextas-feiras, as suas Crónicas Mexicanas, no Dinheiro Vivo. As crónicas são resultado da viagem que começou na última semana de novembro, em Cancún, no México, e que deverá terminar em junho, no Panamá.
Por Mami Pereira
05/12/2014 | 08:51 | Dinheiro Vivo
Viajar do México ao Panamá, com Mami Pereira
Mami Pereira
"Estás doida? Mas isso é só traficantes! Vais ser raptada tantas vezes que nem vais precisar de gastar dinheiro em hotéis."
Ora seja, de qualquer maneira, eu nunca fico a dormir em hotéis. Está decidido. Vou para o México e acabou-se a novela. E com sorte não fico por lá, vou por aí abaixo, com um pé em cada país, até saber como se diz Olá no Panamá. E se também for com "H", tanto melhor.
Mas recuemos ao início, algures em 1500, onde também o jovem Vasco da Gama ouvia os queixumes da mãe: "Ó Vasquinho, tu não vás. Olha que aqueles mares são só monstros! Porque é que não ficas mas é quietinho aqui por Sines, arranjas uma moçoila e um T0 e vais trabalhar para a doca para sustentar o Estado e os piquenos?"
"Puxa! Venham os monstros.", pensou o Vasquinho, já a imaginar o suado salário dividido pelo infinito. "Eu quero é ter um centro comercial com o meu nome. Aventura, aqui me tens!" E lá foi ele descobrir o caril, e assim vou eu descobrir o chili. E se o tempero nos separa, o que nos une é a fome de novos mundos, cheiros, cores, pessoas, sabores. Essa vontade que come monstros, traficantes e um ou outro mariachi mal intencionado.
O plano foi esboçado em ligeireza de guarnadapo vegetal: fugir do Inverno lisboeta e ir passar 6 meses num lugar ao sol. O México e seus vizinhos latinos pareceram-me sítios jeitosos para encontrar o meu Shangri-lá, já que o meu Shangri-cá português não anda nada fácil de economias. E como já dizia D. Sebastião: crise por crise, ao menos que seja eu a fazer a minha.
O orçamento é a parte divertida da odisseia. É que, para honrar o cambio de 1500, não devo passar dos 400 euro mensais. Levei um ano a juntar biscates e migalhas para me pôr a milhas.
Levo, porém, no estômago, a certeza de que o preço do arroz geralmente não está no grão mas no prato em que é servido e que por isso, bem ou mal, fome não hei-de passar. Ou não levasse já eu cinco anos de loucas aventuras pelo planeta, onde provei que a guelra portuguesa não desilude quando se trata de sobreviver em grande estilo.
Tirando isso, nada mais sei. O plano é ir sem planos, ao sabor da quente ventania que sempre empurrou as naus para onde devia. Nem história, nem preconceitos, vou de passaporte em branco e tudo o que aprender nesta viagem só será verdade para mim. Mas prometo crónicas cómico-heroicas cheias de medos excitantes, episódios mirabolantes, noites inebriantes, mariachis bem falantes, comidas picantes e (espero eu) nada de traficantes!
Adeus Lisboa, agora só te vejo quando andares perfumada de sardinha para agradares ao Santo António. Hola México, agora nós!
Mami Pereira é jornalista e publica a partir de hoje, e todas as sextas-feiras, as suas Crónicas Mexicanas, no Dinheiro Vivo. As crónicas são resultado da viagem que começou na última semana de novembro, em Cancún, no México, e que deverá terminar em junho, no Panamá.
Por Mami Pereira
05/12/2014 | 08:51 | Dinheiro Vivo
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