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Crónicas de um exilado fiscal

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Mensagem por Admin Sáb maio 23, 2015 12:02 pm

Crónicas de um exilado fiscal Card_livro_tiago_salazar_150515


Trocou Portugal pela Holanda com a mulher, a fadista Cristina Branco, para escaparem ao martírio fiscal. Um exílio de onde lança agora um novo livro, de crónicas e desabafos.

Tiago Salazar dá a voz à crítica, as palavras ao manifesto e a sua própria cara à capa do livro onde reúne uma série de crónicas e desabafos escritos a partir de Amesterdão. A cidade holandesa foi o destino que escolheu para viver há cerca de dois anos com a mulher, a fadista Cristina Branco, e os três filhos. Motivo: viver num país onde não se sentissem atropelados pela carga fiscal tributada sobre dois trabalhadores independentes.

‘Quo Vadis, Salazar?' é assim um livro assumido pelo autor como uma espécie de escritos de um exílio fiscal. Um exílio que traduz como "abandono do seu próprio país voluntariamente, por inconformismo político, uma ausência auto-imposta", mas também um "afastamento ou ausência de um meio, em virtude de alguma decepção causada por ele". Mas é sobretudo por revolta contra um regime fiscal que sente ser desigual. Sobre a Holanda, que Tiago Salazar já visitava regularmente há mais de dez anos, está convicto de que "é um país para velhos, crianças e adultos infantis".

Nascido em Lisboa há 43 anos, Tiago Salazar formou-se em Relações Internacionais e trabalha como jornalista desde 1991, actualmente como ‘free lancer'. As viagens são o principal alvo das suas crónicas e reportagens, razão pela qual passa boa parte dos dias entre aeroportos e destinos remotos, como aconteceu recentemente na Patagónia. Já publicou cinco livros de viagens, outros de ficção e um diário íntimo. O último, ‘Quo Vadis, Salazar?', conta com prefácio de Onésimo Teotónio Almeida e é apresentado amanhã, dia 16, em Lisboa, no restaurante-bar Povo, às 18h30, e no domingo em Aveiro. Abaixo pode descobrir três pequenos excertos desses escritos de Salazar, Tiago Salazar, no exílio.

No gueto feliz 

É ou não é relevante dizer-vos das razões de um exílio, do meu exílio, num dia de enterrar mortos inocentes em Nairobi ou na hora de lembrar o adeus recente de um amigo que partiu cedo demais, vítima de um cancro fulminante? É ou não é relevante confessar o ‘efeitus causae' e o ‘taedium vitae' de ser-se vítima de terrorismo fiscal, como apenas um entre pares de estropiados e suas famílias que cometeram a ousadia de ter filhos e fundar um lar para os ter a saque por conta da mais pusilânime injustiça? Nado e criado em campos de batalha onde o direito a ser criança cedo me foi roubado, habituei-me a olhar a vida como uma dádiva a partir da janela de um quarto com vista sobre o telhado de uma igreja, e assim que soube dar pulos e galgar telhados mais baixos, instalei-me no meio da rua para a receber mais de perto, à vida, no corpo, na pele, onde mais gosto.

A rua era o meu território da felicidade, e nela tenho feito as minhas universidades da vida. Agora mesmo estou na rua e sinto o privilégio de cheirar a cannabis e de haver uma nesga de sol a fazer as vezes dos trópicos. Os meus filhos estão numa escola a aprender línguas com destreza eslava e não tarda irei buscá-los para a minha lição vespertina de neerlandês. Na cabeça deles não sei ao certo o que vai além de repentes famintos de IPads, "Dêesses" e toda a traquitana que se salvou das goelas cetáceas do fisco.

(...) A sociedade está doente de uma tristeza que presumo de tempos de guerra que nunca vivi. As pessoas choram mesmo quando parecem rir. Vejo as gentes encolhidas, amedrontadas, numa ténue esperança de aqui ou ali estar uma possibilidade de alegria. Abrem-se fossos cada dia maiores entre pessoas, entre mundos, entre corpos, nesta corrida impiedosa pela sobrevivência, que é viver sobre e não viver. Aqui, nem aí, nem onde for, tenho olhares fascinados de aqui é que é bom ou antes é que era ou de que o melhor está para vir, empurrados por mãos serenas, sorrisos e olhos potáveis num corpo a corpo com as cintilações dos canais. E vejo como estar atento a esse instante me dá um pequeno nada de felicidade e que a felicidade talvez não passe desse clique. Uma alegria fácil e isenta de taxas, ainda possível de partilhar.

Alegria

Em Portugal o choro (de angústia) supera o riso (infanto-juvenil). O indicador não é do INE, o Instituto Nacional de Estatística, mas do INA, o Instituto Nacional da Alegria, recém fundado por um comité de chonés, tantãs, lelés da cuca e homens-meninos, sediado na Vila Nova da Felicidade. "Quero alegria, a melancolia me mata aos poucos", dizia Clarice quando o ADN russo-siberiano-soturno a consumia e levava vantagem num corpo a corpo com o sol carioca. Alegria foi nome de disco, e nasceu deste grito "clariceano", eco de todas as almas a penar. É uma alegria triste a do Alegria, a de alguém descontente com o rumo das coisas, as da cultura e as dos indivíduos, da parte para o todo.
Do choro, o choro da dor cavada, saltam lágrimas de órgãos dilacerados, a braços, pernas, mãos, olhos e toda a constelação orgânica com a hipótese de penúria ou morte por inanição, tortura ou terrorismo. Choro bom é o do chorinho da alegria remoçada, do reencontro, do encontro, do voltei de viagem ou até do filho choroso de uma birrinha que logo passa com um abraço. Há uma alegria sádica mais funda que a sadia. E anda à solta, revelada, por exemplo, no festejo de celebrar o Sócrates encanado, humilhado, julgado à revelia por turbas tristes que nele vêem o bode sacrificial quando tudo arde por sua culpa, tão grande culpa. Há a alegria do próximo, do íntimo, que sabe da dor (de corno, de bolso, de dívidas, de desfalques, de vida perdida, de doença instalada) e se põe a espalhar a mensagem com regozijo como se celebrasse a final da taça. Ontem à noite, antes de deitar os cornos na palha (salvo seja), escrevi isto no meu contributo pessoal para o tema do dia.

Vantagens do exílio

Faço humor da palavra exílio, um autodenominado exílio fiscal. Enquanto os senhores do capital flutuante, para quem a pátria é uma conta bancária, podem dar-se ao luxo de abrir um escritoriozeco na província de um país fiscalmente mais apetecível, e empregar dois ou três gatos pingados para lavar dinheiro legalmente, a um particular arreliado com os esbulhos dos filhos da puta pátria resta-lhe pegar na trouxa, embalá-la e zarpar. O exílio é mais do que uma forma de expressão. É uma forma de dizer: basta. Claro que há exílios e exílios, e até gaiolas douradas. Dois anos mais tarde de emigração forçada, e já entranhado nas formosuras da cidade por que me enamorara há anos pela sua aliança entre a estética, a ética e a libertinagem, posso enumerar uma lista frondosa de predicados para dizer de Amesterdão ser um dos lugares mais inspiradores do meu mundo conhecido. Por exemplo, o privilégio de morar a 5 minutos de dar ao pedal do remanso onde habitam as obras-primas de Rembrandt, a par de Miguel Ângelo e Leonardo Da Vinci, um dos maiores pintores das nuances da alma humana através de um simples rosto. Um dia disseram-me "traz-me a luz de Vermeer e serei tua para sempre". Trouxeste-me até às luzes (faróis) do amor possível em todos os cantos e sou teu para sempre.

00:05 h
Helena Cristina Coelho
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