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Ano novo, vida velha?
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Ano novo, vida velha?
O ex-ministro Álvaro Santos Pereira escrevia em 2011: "Nos próximos tempos, o crescimento da produtividade tem mesmo de se tornar num dos imperativos nacionais.
Porquê? Porque a médio prazo a competitividade das nossas exportações vai depender essencialmente da evolução da produtividade. E, como é evidente, o crescimento da produtividade vai ser um dos principais determinantes dos nossos níveis de vida (...)". Sábias palavras estas, que convocam um conceito que me é tão caro e do qual tantas vezes tenho usado e abusado nesta página: produtividade. Ainda assim, estou sinceramente convencido de que esta é uma ideia que merece pouca atenção e à qual não é conferido o relevo e o estatuto que merece no capítulo do pensamento das políticas públicas.
Como várias vezes tem sido assinalado, a produtividade significa várias coisas, não se resumindo àquilo que cada trabalhador efectivamente produz numa dada unidade de tempo, mas abarcando também o conjunto de instrumentos e de condições que é dado a cada pessoa como contexto para realizar o seu trabalho - que organização existe, que espírito de cooperação é fomentado, que grau de autonomia se implementa, que grau de risco é permitido. E talvez não seja alheia a estas considerações a circunstância de, segundo dados do Eurostat, a produtividade em Espanha ser praticamente o dobro da portuguesa (31,5 euros/hora vs. 17 euros/hora).
É claro que para isso contribui decisivamente a herança genética de algumas empresas que se habituaram a viver imersas numa cultura de impunidade e sobranceria; espero é que quem de direito saiba ver as diferenças entre essas e as outras empresas, que merecem ser estimuladas e encorajadas, para que tenham condições para investir, para inovar, para melhorar ainda mais - penso, por ex., numa alocação racional e reprodutiva de fundos comunitários.
Acresce a isso que, num momento em que a dívida pública é ainda muito avultada, em que as metas do défice não estão garantidas, em que a retoma da procura tem de ser protegida e em que o crescimento do desemprego voltou a dar um sinal inverso ao que todos pretendíamos, a produtividade tem ser inscrita na pedra como crivo inafastável de todas as medidas que qualquer governo tome com reflexos sobre as empresas e sobre a competitividade destas.
Feito este excurso ao sabor do pensamento, quero expressar aqui três desejos claros para 2015: que o Governo perceba que aumentar remunerações deve depender, sempre, da demonstração de aumentos de produtividade, sob pena de erro crasso e aumento de impostos a seguir; que os líderes sindicais exijam condições remuneratórias compatíveis com os índices de produtividade; e que os empresários invistam em formação e inovação para que esses índices cresçam. E, já agora, que Passos Coelho e António Costa digam uma palavra sobre o que eles próprios desejam para este ano.
Luís Reis
00.05 h
Económico
Porquê? Porque a médio prazo a competitividade das nossas exportações vai depender essencialmente da evolução da produtividade. E, como é evidente, o crescimento da produtividade vai ser um dos principais determinantes dos nossos níveis de vida (...)". Sábias palavras estas, que convocam um conceito que me é tão caro e do qual tantas vezes tenho usado e abusado nesta página: produtividade. Ainda assim, estou sinceramente convencido de que esta é uma ideia que merece pouca atenção e à qual não é conferido o relevo e o estatuto que merece no capítulo do pensamento das políticas públicas.
Como várias vezes tem sido assinalado, a produtividade significa várias coisas, não se resumindo àquilo que cada trabalhador efectivamente produz numa dada unidade de tempo, mas abarcando também o conjunto de instrumentos e de condições que é dado a cada pessoa como contexto para realizar o seu trabalho - que organização existe, que espírito de cooperação é fomentado, que grau de autonomia se implementa, que grau de risco é permitido. E talvez não seja alheia a estas considerações a circunstância de, segundo dados do Eurostat, a produtividade em Espanha ser praticamente o dobro da portuguesa (31,5 euros/hora vs. 17 euros/hora).
É claro que para isso contribui decisivamente a herança genética de algumas empresas que se habituaram a viver imersas numa cultura de impunidade e sobranceria; espero é que quem de direito saiba ver as diferenças entre essas e as outras empresas, que merecem ser estimuladas e encorajadas, para que tenham condições para investir, para inovar, para melhorar ainda mais - penso, por ex., numa alocação racional e reprodutiva de fundos comunitários.
Acresce a isso que, num momento em que a dívida pública é ainda muito avultada, em que as metas do défice não estão garantidas, em que a retoma da procura tem de ser protegida e em que o crescimento do desemprego voltou a dar um sinal inverso ao que todos pretendíamos, a produtividade tem ser inscrita na pedra como crivo inafastável de todas as medidas que qualquer governo tome com reflexos sobre as empresas e sobre a competitividade destas.
Feito este excurso ao sabor do pensamento, quero expressar aqui três desejos claros para 2015: que o Governo perceba que aumentar remunerações deve depender, sempre, da demonstração de aumentos de produtividade, sob pena de erro crasso e aumento de impostos a seguir; que os líderes sindicais exijam condições remuneratórias compatíveis com os índices de produtividade; e que os empresários invistam em formação e inovação para que esses índices cresçam. E, já agora, que Passos Coelho e António Costa digam uma palavra sobre o que eles próprios desejam para este ano.
Luís Reis
00.05 h
Económico
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