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Sou paranóica ou recear um atentado em Lisboa faz sentido?
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Sou paranóica ou recear um atentado em Lisboa faz sentido?
Naquele dia senti medo. E pus-me a pensar que o terrorismo também é isto: a sombra da ameaça que se vai instalando e se apodera de nós silenciosamente.
Estava à espera do metro na estação do Oriente quando o vi a descer a escada em direção à plataforma. Roupas largueironas, ar esgazeado e um pano cor de laranja a tapar a mão direita. O que trazia lá por baixo não sei, nem nunca saberei, mas senti-me automaticamente desconfortável.
Ainda que inconscientemente, dei por mim a caminhar mais para a frente. Reparei que outras pessoas olhavam desconfiadamente para aquele homem que escondia por baixo de um pano qualquer coisa em linha reta. Percebia-se a forma, não se percebia o conteúdo. De costas direitas e olhar fixo na multidão, ele encostou-se a uma parede e por ali ficou.
Tentei não ser paranóica, mas vi as muitas notícias sobre atentados em locais públicos a passarem pela minha cabeça num flash. Por momentos imaginei como seria um tiroteio no metro de Lisboa. E, também por momentos, a ideia de uma bomba a explodir dentro do túnel por onde aquele metro me iria levar pareceu-me real. Inocentes mortos por uma qualquer causa que nunca seria suficiente para fazer sentido. Afastei-me um pouco mais e fiz questão de entrar numa carruagem que não fosse a dele.
Ser Charlie também é isto
Os meus pensamentos sombrios foram interrompidos por uma senhora que com um largo sorriso me ofereceu um lenço de papel para me assoar. Sem dar por isso devia estar a fungar repetidamente, no rescaldo da gripe. Sorri-lhe de volta e pensei que não valia a pena amedrontar-me com pensamentos tão idiotas. Haverá sempre mais gente boa do que má no mundo e aquele gesto só podia ser interpretado como exemplo disso.
Vale a pena recear uma ameaça que não tem um rosto fixo ou motivo concreto para acontecer aqui tão perto? Talvez não. Mas, por outro lado, é cada vez mais óbvio que realmente somos todos 'Charlies'. Potenciais vítimas num jogo de ódios em que não passamos de peões. E o que é certo é que naquele dia senti medo. E pus-me mesmo a pensar que o terrorismo também é isto: a sombra da ameaça que se vai instalando e se apodera do nós silenciosamente.
Paula Cosme Pinto |
8:00 Terça feira, 10 de fevereiro de 2015
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