Atentado no comboio alemão: uma Europa morta!

Há 20 anos, falou-se muito duma poção mágica para a segurança citadina: a teoria da janela partida. Um vidro partido num edifício abandonado, se não for logo reparado, leva a edifício vandalizado, a que se segue o bairro degradado... O mayor de Nova Iorque Rudolph Giuliani aplicou a ideia com sucesso. Mas, infelizmente, a teoria da janela partida só foi entendida como arma contra a pequena bandidagem. Giuliani acabou os seus dois mandatos em 2001, ano crucial em que a espetacularidade com que os vidros das Torres Gémeas caíram fez crer que os tempos novos exigiam medidas supernovas. Saltou-se dali para a invasão do Iraque, com os péssimos resultados que se conhecem. Ora, a teoria da janela partida encerra em si uma ideia - combater o mal pela raiz - que podia ser útil no combate (de segurança, mas também político e cultural) contra a vandalização da Europa. Como aquela teoria pede, olhe-se para um exemplo pequeno: desta vez não uma janela, mas muitas, do que vai ser um comboio entre Leipzig e Chemnitz na Alemanha. Várias carruagens serão só de mulheres, para as proteger dos imigrantes de origem islâmica... Em Nova Iorque, nos anos 1980 e 1990, a janela partida era um alerta para que essa fraqueza fosse apagada. Hoje, na Europa, é a própria sociedade que suscita e expõe a sua fraqueza, incitando os vândalos (em que se reconhece força para eles mudarem uma tradição de igualdade) a ocupar o edifício, o bairro, enfim, a Europa.

31 DE MARÇO DE 2016
00:05
Ferreira Fernandes
Diário de Notícias