Como criar uma economia pouco competitiva

por **Admin** Ter Fev 25, 2014 12:34 am

Quem olha para nós a partir do exterior deve julgar que somos doidos. Não temos dinheiro para a despesa corrente do Estado (apesar de estarmos no fim do programa de ajustamento). O Estado tem uma dívida elevadíssima. As famílias e as empresas devem mais dinheiro do que em qualquer outro momento da nossa História.

Numa situação destas devíamos estar a refazer o plano de despesa do país. Mas como esse plano não depende apenas de um partido, nem de dois, mandava a prudência que houvesse alguma partilha de processos e objectivos para lá chegar. Ontem, ao falar desse assunto, o PS foi taxativo: "Não contem connosco para mais austeridade". Se a isto juntarmos quem, na maioria, diz que é possível pôr ordem nas contas públicas sem o PS, ficamos com o ramalhete composto…

Não vale a pena exagerar, dizendo que sem esse acordo o país fica um caos: a supervisão da União há-de produzir efeitos e, mais tarde ou mais cedo, teremos indicadores suficientemente "simpáticos" para os investidores nos emprestarem dinheiro. O problema é que sem um entendimento mínimo quanto às medidas que podem trazer a despesa para níveis sustentáveis, as taxas de juro cobradas à República serão mais elevadas do que as dos nossos parceiros (Espanha inclusive). E juros mais elevados significam, a prazo, impostos mais elevados. Para além de "garantir" que as nossas empresas ficam ainda menos competitivas, por causa do custo do dinheiro.

É isto que a esmagadora maioria da classe política portuguesa se recusa a perceber: estamos a criar uma economia pouco competitiva, mercê da desconfiança que políticas financeiras pouco sensatas geram nos investidores externos.

24 Fevereiro 2014, 23:53 por Camilo Lourenço | camilolourenco@gmail.com

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