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Mensagem por Admin Ter Fev 24, 2015 11:56 am

Reflexão e continuidade Imagem_imagem_pedro_cabrita_reis_ruisoares00_2041240

É gratificante verificar que bolseiros e artistas representados na colecção de arte da FLAD fazem parte do panorama global da arte contemporânea e expõem nos EUA


Há precisamente 15 anos, no início deste século, no ano 2000, a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) celebrava os seus 15 anos de actividade com um programa de eventos e publicações que espelhavam as diversas áreas da sua intervenção em Portugal e, na sua vocação transatlântica, com os Estados Unidos da América (EUA). Este momento de celebração, numa perspectiva aberta à comunidade, foi uma oportunidade para organizar e promover o encontro de diversas personalidades cujos contributos permitiram abrir o debate e reflectir sobre temas e questões de interesse público, como as ciências sociais, a biotecnologia, as ciências médicas, o direito, a cultura, a história e a filosofia, que foram largamente debatidas na conferência dedicada à “Condição Humana”, posteriormente publicada em livro por esta fundação.

Nesse âmbito, a FLAD convidou o curador e historiador de arte Nuno Faria para realizar um estudo focado sobre a intervenção da fundação no campo das artes plásticas (uma das vertentes da área da Cultura), na sua ligação ao contexto e ao tecido institucional com o qual desenvolveu diversos programas de apoio à criação artística, tendo em vista a internacionalização dos artistas portugueses com especial incidência nos EUA. A exposição “Drawing Towards a Distant Shore: Selections from Portugal” realizada no Drawing Centre, em Nova Iorque, em 1994, é um exemplo do interesse em dar a conhecer os artistas portugueses contemporâneos nos EUA.   

Nesse estudo, intitulado “A Fundação Luso-Americana e a Arte Contemporânea”, Nuno Faria traça um mapa das acções da FLAD concertadas com a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG): Bolsas de Longa Duração; a sua participação no Acordo Tripartido (com o Ministério da Cultura/Instituto de Arte Contemporânea e a FCG); a Bolsa Ernesto de Sousa em parceria com a FCG e a Experimental Intermedia Foundation, sediada em Nova Iorque. Os apoios directos a projectos artísticos e a bolsas de curta duração são também elencados na acção da fundação, que no entender do autor, “teve assim um papel de força motriz na demarcação de áreas, no desenvolvimento e, por vezes, na implantação de programas onde era notória a ineficácia do Estado, ou que o Estado não cobria. Ao olhar, em primeira instância, para a situação da formação específica e do conhecimento orientado na arte contemporânea, num domínio em que se torna importante, por vezes decisivo, ver e sentir de perto o pulsar dos grandes centros artísticos (museus, galerias, ateliers, bibliotecas entre outros), a fundação soube aproveitar a natural relação com os Estados Unidos para criar um programa de bolsas de curta duração com o elementar objectivo de proporcionar a jovens artistas, críticos e historiadores de arte, um primeiro contacto com o fervilhante e cosmopolita panorama artístico norte-americano”.

Passados quinze anos sobre a estratégia descrita neste estudo, é gratificante verificar que artistas representados na colecção de arte contemporânea da FLAD, como Pedro Cabrita Reis, João Onofre, Jorge Queiroz ou Julião Sarmento – bem como muitos outros que não pertencendo à colecção foram bolseiros nestes programas de apoio – fazem parte do panorama global da arte contemporânea e expõem regularmente nos Estados Unidos da América. Esta realidade representa um longo caminho percorrido, em que o trabalho e a qualidade da sua obra se tornou relevante, aliada à diversificação global de sinergias entre instituições, coleccionadores, galerias e curadores.

No ano em que Fundação Luso-Americana comemora trinta anos de actividade, o contexto cultural e económico é, como bem sabemos, substancialmente diferente do início deste século. Contudo, o estudo anteriormente referido é um documento presente que corresponde à necessária actualização das linhas gerais dessa estratégia, e à continuidade da divulgação da colecção de arte contemporânea.


Curador da Colecção de Arte Contemporânea da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento

Por João Silvério
publicado em 24 Fev 2015 - 08:00
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