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Discurso
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Discurso
Num dos fóruns telefónicos das manhãs da rádio, por estes dias, um ouvinte insurgia-se contra os comentadores políticos que comentam até os comentários de outros comentadores políticos da mesma forma que as personagens convocadas para aqueles calvários televisivos nocturnos a propósito de jogos de futebol se vêem obrigados a encher de muitas palavras o silêncio, a propósito de um penálti ou de um insulto mais afoito. O suplício é, num caso e noutro, provavelmente dos próprios e, necessariamente, de quem ouve. Que dizer quando nada há de substancial para dizer?
Curiosamente, a forma literária “comentário”, para os tratadistas medievais, assumia-se como uma evolução a partir de um texto que acabava por qualificá-lo especialmente. Olhando a literatura, desde logo a jurídica, do final da Idade Média e mesmo posterior, os “comentadores” foram verdadeiros construtores de novidades substantivas, figuras capazes de inventar novas regras e novos argumentos com base na autoridade dos antigos, que substituíram pela sua própria autoridade. O comentário revelava-se, muitas vezes, mais importante do que a regra comentada, sendo capaz de a substituir e superar.
Claro que é forçada a comparação entre tempos e modos. Mas há algo nela de tentador. O ponto parece-me que pode ser o de a eventual fraqueza dos comentários nascer também da eventual fraqueza do que é comentado. Quando o discurso público inicial é pobre, superficial, rápido, simplificado, sem sentido que não o de um consumo mediático imediato, o que podem ser os comentários construídos sobre ele? Quando a palavra política é um produto no mercado do consumo e do ócio, a apreciação sobre a palavra política merece a mesma consideração que a jogada do futebolista ou a refeição do restaurante nesta semana na moda. O comentador da actualidade política é, afinal, um refém, e dessa servidão poucos se libertam.
Professor da Faculdade de Direito
da Universidade de Lisboa
Escreve à terça-feira
Por Miguel Romão
publicado em 10 Mar 2015 - 09:04
Jornal i
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