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Dinheiro fácil
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Dinheiro fácil
Nunca a Alemanha esteve numa condição tão vantajosa. Prova disso é o índice de acções que bate máximos históricos numa base quase diária e já sobe 20% neste ano.
O BCE deu início a uma nova fase, mais agressiva, da sua política monetária - a compra de obrigações soberanas. A confirmação desta nova abordagem, em Janeiro de 2015, teve duas consequências imediatas. A primeira foi a descida das taxas de juro de forma abrupta, tendo a zona euro neste momento 1,9 triliões de euros de dívida a negociar com taxas de rentabilidade negativas, o que significa que os investidores estão dispostos a pagar mais do que vão receber.
A segunda tem a ver com a forte desvalorização do euro, que atingiu o nível mais baixo desde 2003, aproximando-se rapidamente da paridade face ao dólar americano. Os países com maior componente exportadora para fora da zona euro agradecem, nomeadamente a Alemanha.
As compras de 60 mil milhões de euros em dívida são a última arma do BCE para reanimar a economia privilegiando a valorização dos activos e a ampla liquidez no sistema financeiro. A esperança é que essa liquidez seja repassada ao sector privado e possa servir para financiar investimentos geradores de emprego, ao mesmo tempo que os Estados beneficiam de um "perdão" de juros no mercado, não pressionando o sistema financeiro a emprestar dinheiro ao sector público. Diz-se que tempo é dinheiro. Ora o BCE não tem tempo, mas tem dinheiro e acaba de comprar, por pouco mais de um bilião de euros, um ano e meio aos países da zona euro para implementação das reformas internas que Mário Draghi refere em todos os seus discursos. Esta política monetária pode comprar tempo aos Estados, mas não é necessariamente justa, já que os principais beneficiados são as grandes empresas, que se financiam a zero, podendo eliminar a concorrência. Não é igualmente justa para a população em geral já que no imediato apenas quem tem aplicações financeiras é quem beneficia. Que política monetária estranha esta?
Mas o país que mais ganha é sem dúvida a Alemanha. Com taxas de juro negativas até aos sete anos, e uma taxa de câmbio favorável aos seus exportadores, nunca a Alemanha esteve numa condição tão vantajosa. Prova disso é o índice de acções que bate máximos históricos numa base quase diária, já sobe 20% neste ano, ao mesmo tempo que o euro contra o dólar desvaloriza 13% no mesmo período. Esta é uma boa altura para a Alemanha traçar um plano de investimento interno, sem custo de financiamento já que as taxas de juro a 30 anos estão abaixo dos 0,3%, mostrar que está disposta a diminuir o seu excedente da balança de transacções correntes, e impulsionar a retoma europeia.
Todos os países estão abrangidos por este programa de compra de dívida com a excepção da Grécia, que tentou arrastar Portugal e Espanha para o seu contágio de dívida. Portugal, salvo pela agência de rating DBRS e pela saída do programa de ajustamento, beneficia agora de condições ímpares no financiamento do défice e refinanciamento da dívida, o que a tornará mais sustentável. A tentação de gastar esta poupança em juros vai ser muito grande, mas a cautela e bom senso aconselham a aproveitar este "perdão" de juros, e o dinheiro fácil, para prevenir o futuro.
Pedro Limo
00.05 h
Económico
O BCE deu início a uma nova fase, mais agressiva, da sua política monetária - a compra de obrigações soberanas. A confirmação desta nova abordagem, em Janeiro de 2015, teve duas consequências imediatas. A primeira foi a descida das taxas de juro de forma abrupta, tendo a zona euro neste momento 1,9 triliões de euros de dívida a negociar com taxas de rentabilidade negativas, o que significa que os investidores estão dispostos a pagar mais do que vão receber.
A segunda tem a ver com a forte desvalorização do euro, que atingiu o nível mais baixo desde 2003, aproximando-se rapidamente da paridade face ao dólar americano. Os países com maior componente exportadora para fora da zona euro agradecem, nomeadamente a Alemanha.
As compras de 60 mil milhões de euros em dívida são a última arma do BCE para reanimar a economia privilegiando a valorização dos activos e a ampla liquidez no sistema financeiro. A esperança é que essa liquidez seja repassada ao sector privado e possa servir para financiar investimentos geradores de emprego, ao mesmo tempo que os Estados beneficiam de um "perdão" de juros no mercado, não pressionando o sistema financeiro a emprestar dinheiro ao sector público. Diz-se que tempo é dinheiro. Ora o BCE não tem tempo, mas tem dinheiro e acaba de comprar, por pouco mais de um bilião de euros, um ano e meio aos países da zona euro para implementação das reformas internas que Mário Draghi refere em todos os seus discursos. Esta política monetária pode comprar tempo aos Estados, mas não é necessariamente justa, já que os principais beneficiados são as grandes empresas, que se financiam a zero, podendo eliminar a concorrência. Não é igualmente justa para a população em geral já que no imediato apenas quem tem aplicações financeiras é quem beneficia. Que política monetária estranha esta?
Mas o país que mais ganha é sem dúvida a Alemanha. Com taxas de juro negativas até aos sete anos, e uma taxa de câmbio favorável aos seus exportadores, nunca a Alemanha esteve numa condição tão vantajosa. Prova disso é o índice de acções que bate máximos históricos numa base quase diária, já sobe 20% neste ano, ao mesmo tempo que o euro contra o dólar desvaloriza 13% no mesmo período. Esta é uma boa altura para a Alemanha traçar um plano de investimento interno, sem custo de financiamento já que as taxas de juro a 30 anos estão abaixo dos 0,3%, mostrar que está disposta a diminuir o seu excedente da balança de transacções correntes, e impulsionar a retoma europeia.
Todos os países estão abrangidos por este programa de compra de dívida com a excepção da Grécia, que tentou arrastar Portugal e Espanha para o seu contágio de dívida. Portugal, salvo pela agência de rating DBRS e pela saída do programa de ajustamento, beneficia agora de condições ímpares no financiamento do défice e refinanciamento da dívida, o que a tornará mais sustentável. A tentação de gastar esta poupança em juros vai ser muito grande, mas a cautela e bom senso aconselham a aproveitar este "perdão" de juros, e o dinheiro fácil, para prevenir o futuro.
Pedro Limo
00.05 h
Económico
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