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O sector financeiro em recuo

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Mensagem por Admin Qua maio 06, 2015 10:31 am

O sector financeiro em recuo 457349
D.R.

Há uma semana o Deutsche Bank foi condenado a pagar uma multa de 2,5 mil milhões de dólares; e foi forçado a demitir sete gestores. Motivo: o papel deste banco na manipulação da taxa de juro de referência Libor.

Depois da crise financeira global desencadeada em 2008, grandes bancos britânicos, suíços, americanos, etc., têm sido condenados a enormes multas. Provavelmente porque, devido à crise, se intensificou a vigilância sobre os bancos, muitos dos quais até aí manifestaram irresponsabilidade na concessão de crédito e na venda, em pacotes, de títulos desses créditos.  

A crise global levou a um aperto das regras do sector bancário, como exigências de maior capitalização. O que, naturalmente, afecta os lucros dos bancos. Por outro lado, os bancos têm perdido operações para outros agentes financeiros. Sobretudo nos EUA e no Reino Unido, multiplicou-se o financiamento de empresas e Estados através da emissão de obrigações, não do crédito bancário. E hoje o próprio comércio empresta dinheiro aos seus consumidores emitindo cartões de crédito. O crédito bancário sofre também a concorrência dos fundos de investimento, das empresas gestoras de activos (caso da Black Rock, a maior de todas, que detém quase 5% da EDP) e de outras entidades que actuam na área financeira. E aí existe o risco de uma deficiente supervisão. Risco que começa a ser encarado na prática.

Foi para fugir à supervisão bancária que muitas empresas industriais de grande dimensão criaram departamentos financeiros, que não são juridicamente considerados bancos, mas agem como financiadores de retalho, além de se envolverem noutras operações. Por exemplo, os fabricantes de automóveis dedicam-se a operações financeiras, mesmo para além do crédito aos compradores: nos EUA os cinco maiores fabricantes movimentam 600 mil milhões de activos. Segundo o semanário The Economist as empresas não financeiras detém no mundo 9 biliões de produtos derivados (contratos a prazo com referência à evolução do preço de um activo subjacente).

Mas parece que nem sempre resulta essa incursão no até há pouco tão atractivo sector financeiro. É que, escreve aquele semanário «os gestores industriais são ainda piores a gerir o risco financeiro do que os bancos». A General Electric (GE) desde há trinta anos desenvolvia um departamento financeiro. Nas vésperas de 2008 esse departamento era o maior financiador privado de dívida a curto prazo nos EUA. Mas a crise obrigou-o a ser resgatado de emergência pelo Estado americano. E agora as regras e a supervisão do sector financeiro não bancário estão também a tornar-se mais exigentes. A GE tenciona encerrar aquele departamento até 2018.

O sector financeiro cresceu em flecha nos vinte anos anteriores a 2008. Hoje a tendência começa a inverter-se, o que parece saudável, face ao que se passou nos últimos sete anos. O Deutsche Bank decidiu reduzir as suas actividades como banco de investimento.

Por cá, a banca já não é o sector próspero e seguro que foi. Basta lembrar os casos do BPN e do BPP, a tomada do BCP por gente próxima do poder político (e vinda da CGD, um banco do Estado...) e sobretudo o colapso estrondoso do BES-GES. E sabe-se que bancos como o BPI (cujo futuro continua incerto) não ganham dinheiro com a sua operação em Portugal. O mundo é feito de mudança. 

Francisco Sarsfield Cabral | 05/05/2015 22:36:32
SOL
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